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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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História e lazer jogados no lixo na Beira-Linha

Entre meados de 2013 e início de 2014, a equipe do setor de Parques e Jardins, um dos braços da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, concentrou esforços para recuperar um dos trechos da Beira-Linha e transformar o espaço em uma bonita área de lazer, sem esquecer a referência a uma parte da história do município. Em frente à antiga saída do túnel da Estrada de Ferro Therezopolis foi construída uma quadra e instalados brinquedos, além da criação de uma academia da terceira idade. Meses depois foi feita uma pintura remetendo ao antigo meio de transporte que tanto contribuiu para o desenvolvimento do município. Hoje, porém, a constatação é que os melhoramentos ficaram tão no passado quanto às lembranças da linha férrea

Marcello Medeiros

Entre meados de 2013 e início de 2014, a equipe do setor de Parques e Jardins, um dos braços da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, concentrou esforços para recuperar um dos trechos da Beira-Linha e transformar o espaço em uma bonita área de lazer, sem esquecer a referência a uma parte da história do município. Em frente à antiga saída do túnel da Estrada de Ferro Therezopolis foi construída uma quadra e instalados brinquedos, além da criação de uma academia da terceira idade. Meses depois foi feita uma pintura remetendo ao antigo meio de transporte que tanto contribuiu para o desenvolvimento do município.

Hoje, porém, a constatação é que os melhoramentos ficaram tão no passado quanto às lembranças da linha férrea. Entulho, restos de móveis, lixo doméstico e pichações, somados a outros tipos de vandalismo e o abandono do governo municipal transformaram a Praça Francisco Graciliano da Silva em um lugar medonho. “Nós hoje não temos mais nada aqui e a pracinha está desse jeito vergonhoso. É esgoto, é lixo. A gente fica triste porque viu o grande trabalho que fizeram aqui. Estava lindo, mas depois vieram esses marmanjos quebrando tudo, além dessa nojeira toda”, relata a aposentada Janira Gonçalves, que há 34 anos mora na comunidade. “Aqui antes da obra era tudo barro, mato, lixo. Aí veio a equipe do Tião pegou e arrumou tudo aqui, mas hoje está isso aí. Estamos abandonados, com lixo, dando rato e outros problemas. Estamos à mercê de quem poderia cuidar e não está cuidando. Tenho um filho de seis anos que para brincar tem que passar no meio lixo e caco vidro para usar a quadra nesse estado deplorável”, completa outro vizinho ao espaço, Wallace Passy.

  A reforma e remodelação foram conduzidas pelo subsecretário de Obras e Serviços Públicos à época, Tião Correa, que nesta quinta-feira voltou ao local com a equipe de reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV. “É uma frustação ver isso aqui dessa maneira. Não é dor de cotovelo por não estar na prefeitura trabalhando. Passou, tudo tem seu tempo. Mas é triste gastar suor, ficar pendurado nesse barranco, tirar 78 caminhões de lixo, 400 pneus pendurados no morro, que tinha possibilidade de ser interditado e agora está assim de novo. Foram seis meses de suor aqui com a equipe de parques e jardins. Hélio, Jair, Francisco, hoje no sindicato, essa turma toda cobrindo isso com massa na pá, pendurado, amarrado, e fizemos, calçamos, pintamos o trecho e ainda vem esses vagabundos pichadores e fazem isso. Outro detalhe é quem está no meu lugar hoje sempre foi doido para isso, mas hoje está e não faz nada. Nota zero para ele”, enfatiza Tião.

Além dos servidores públicos e investimento do município, foram necessárias doações de empresários para a transformação do local em uma grande área de lazer. Hoje, as cercas, as proteções do muro, os brinquedos e os equipamentos da academia ao ar livre estão danificados. No muro de contenção, já cresceu vegetação que pode causar problema futuramente para as residências vizinhas. “Tivemos muita ajuda aqui da Rústica, do Dr. Jaime, que doou 280 sacos de cimento para concretar barrancos e tantos outras ajudas. Sem a força dos empresários a cidade não vai em frente”, atenta Correa.

Além da total ausência do poder público, parte da comunidade tem contribuindo para a depredação do espaço. Muitos tijolinhos foram retirados do piso, os refletores foram apedrejados e no meio do que sobrou da academia há muito lixo, resíduos domésticos e até restos de móveis que não deveriam ter sido despejados ali.

 Importância histórica

Além da área de lazer esquecida e vandalizada, importante destacar a necessidade de valorização do túnel da Beira Linha, originalmente chamado “Túnel dos Órgãos”, como um dos sítios históricos mais importantes da Estrada de Ferro Therezopolis. Tal espaço poderia ser melhor aproveitado de maneira que resgatasse a memória do trem e fosse transformado também em um novo atrativo turístico no município. “O túnel da Beira-Linha é um bem tombado pela Câmara Municipal e confirmada pela prefeitura e tem importância histórica fantástica para cidade. É um túnel de 100 anos, foi construído entre 15 e 20, para o trem chegar a Várzea, e é um dos resquícios da Estrada de Ferro Therezopolis que foi tão importante para o desenvolvimento da cidade. Usar aquele espaço tão interessante como pracinha faz utilidade para a comunidade é relevante, mas cabe ali sim um atrativo turístico voltado para a estrada de ferro buscando o desenvolvimento daquela região e comunidade próxima inclusive. Esse foi um bairro construído à beira da linha do trem e por isso é também um bairro tombado pelo município. Toda característica histórica e turística já está impregnada no bem, embora tenha sido recuperada de forma atrapalhada e equivocada na época, com vereador fazendo trabalho de secretário em uma promiscuidade sem tamanho, ainda assim vinha tendo utilidade. Mas já que virou, praça vamos conservar essa praça para dar um melhor aproveitamento no futuro”, pontua o Historiador e Jornalista Wanderley Peres.

 

 

 


No lugar do bonito calçamento e a quadra novinha, muito mato e uma poça formada pela retirada do piso

 

 

 

 

 

 

Com o crescimento de vegetação, muro de contenção está prejudicado e pode ceder futuramente, lembra Tião

 

 

 

 

 

 

Das antigas gangorras, sobrou apenas a estrutura de ferro. No chão també está parte de uma equipamento da academia

 

 

 

 

 

 

 

Desleixo é tão grande que nem a capina dos espaços públicos a prefeitura tem feito. "Ele queria meu lugar. Está lá e nada faz", destaca Tião sobre seu sucessor

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Edição 24/04/2024
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