Luiz Bandeira
No último sábado, 18, tivemos mais um “round” do embate entre ativistas pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ e o vereador Amós Laurindo (DEM). O político almoçava em um restaurante com a família quando, após um encontro que não teria sido programado, acabou sendo cobrado por três mulheres por não ter se retratado por sua fala em sessão da Câmara no dia 31 de agosto, quando disse que pastores “faziam um serviço à sociedade ao resgatar pessoas do homossexualismo”. Uma das manifestantes era Carol Quintana, professora e presidente do Coletivo LGBTerê, que falou para o parlamentar que esperava uma retratação dele. Porém, os ânimos se acirraram no restaurante quando um rapaz que acompanhava o vereador tentou se por entre o edil e as manifestantes, que estavam muito próximas a ele, segurando no braço de uma delas. Segundo mostra um vídeo divulgado pelo próprio Amós em redes sociais, imediatamente as manifestantes se sentiram ameaçadas e protagonizaram um bate-boca enveredando para uma manifestação mais enérgica que culminou em ofensas ao vereador. A confusão generalizada, inclusive com ameaças ao mandato do vereador, também foi registrada em vídeo pelos manifestantes.
Segundo divulgado também nas redes sociais, Amós almoçava com a família, inclusive com a presença de uma criança, logo depois de participar do sepultamento de seu avô. É possível ouvir nas filmagens que após tocar na manifestante que coversa com vereador, o rapaz é alertado por Carol Quintana que diz “se você tocar nela eu te…” e um estrondo é ouvido na sequência, quando o manifestante que gravava o vídeo bate forte em alguma coisa e grita “Vamos parar, não toca nela, não toca nela”. Depois disso uma das manifestantes, que parecia estar mais calma, puxa a companheira e todos saem do restaurante. Funcionários e outros clientes ficaram estarrecidos sem reação diante da confusão.
Posicionamento do vereador
Em sua página no Fecebook, o vereador se manifestou gravando um vídeo onde conta sua versão dos fatos. Amós mostra o boletim de ocorrência que registrou contra as manifestantes. O vereador alega que, já do lado de fora do restaurante, foi hostilizado pelos manifestantes. O edil cita ainda o grupo é de uma linha esquerdista e tem grande representação no PSOL de Teresópolis. “Não foi argumentar, não foi buscar sua democracia, mas sim afrontar, mas sim denegrir, mas sim de forma muito grosseira, de forma muito estúpida ofendendo não só a mim, mas a minha família”, acusa o vereador. Amós continua dizendo que “os manifestantes não respeitaram seu luto, não respeitaram a memória da família dele e do seu avô”.
A outra versão da história
Nesta segunda-feira, 20, no Programa Hélio Carracena, na Diário TV, Carol Quintana foi recebida para falar sobre a luta contra a intolerância LGBTQIA+ e teve a oportunidade de dar sua versão sobre o ocorrido no sábado, 18. Carol disse que estava almoçando com amigos, que não sabia que o vereador iria para o restaurante e também não tinha conhecimento que ele havia saído do sepultamento do avô. A professora disse ainda que lamenta que o vereador tenha usado os registros feitos da confusão pelas pessoas que o acompanhavam, para se promover politicamente e que, em contrapartida, ela e seus amigos registraram o encontro em vídeo, mas com o intuito de se resguardar e que não havia publicado até então a filmagem dos amigos, quando foi alertada dos registros postado por apoiadores do vereador.
Carol contou que foi por acaso que encontrou o vereador. “A gente estava almoçando quando alguém disse ‘o Amós chegou’. Ele ainda sentou atrás da gente, a gente já estava no restaurante, estávamos quase indo embora. Então essa mãe, que se sentiu muito ofendida com a fala do Amós, pois ela é mãe de uma mulher lésbica, disse, eu vou lá, eu vou cobrar. Ela foi falar com ele e voltou pra nossa mesa, a gente quando estava indo embora passamos pela mesa dele”. Carol Quintana acusou ainda um homem que seria primo do vereador de ter começado a confusão de forma agressiva e truculenta pegando no braço da sua amiga Laura, o quê ela alega já ser uma agressão contra a mulher. “O Amós precisa contar a verdade, o que tá colocado é que a gente sofreu uma quase tentativa de agressão contra a mulher, eu ontem, 19, registrei um boletim de ocorrência online, relatando o quê de fato aconteceu. Então já que o Amós fez a ocorrência dele eu também fiz a minha.”