Um presente de Natal para o município. Assim foi considerada a formalização, nesta quarta-feira (19), do Termo de Cooperação Técnica entre o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), a Secretaria de Estado de Segurança Pública/Polícia Civil e o Município de Teresópolis/Secretaria Municipal de Saúde para o atendimento a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. O documento oficializa a rede integrada de assistência em funcionamento desde 2014 em Teresópolis através do Programa “Bem Me Quer Terê”. “Hoje legitimamos esse trabalho existente há quatro anos e criamos um legado para a cidade, independentemente de governo. O programa é referência no Estado do Rio de Janeiro, com quase 600 casos atendidos desde sua implantação. É uma grande força tarefa para que os casos de abuso sexual tenham o tratamento adequado e com o devido respeito às vítimas”, pontuou o Prefeito Vinicius Claussen.
Em 2017, o programa foi listado em publicação da instituição ChildHood Brasil com uma das seis experiências brasileiras consideradas como referência no atendimento integrado a crianças e adolescentes vítimas de violências. Além de Teresópolis (RJ), faziam parte da lista, na época, Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Belém (PA), Vitória da Conquista (BA) e Brasília (DF). “Participo de reuniões periódicas dos secretários de saúde de 16 municípios da região e o programa é muito comentado. Muitos secretários pretendem vir a Teresópolis conhecer o ‘Bem Me Quer’ e implantar serviço semelhante em suas cidades”, relatou Antonio Henrique Vasconcellos, Secretário Municipal de Saúde.
O êxito do trabalho realizado pela equipe do programa “Bem Me Quer Terê” foi enaltecido pelo Promotor de Justiça Rodrigo Medina. “Estamos no momento de implementação de uma lei federal que prevê um sistema de proteção à criança e ao adolescente vítima e testemunha. E o “Bem Me Quer Terê” permite o atendimento especializado através de parcerias. São muitos resultados positivos, desde a recepção das vítimas até a responsabilização dos abusadores”, assinalou Rodrigo Medina, Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude do MPRJ.
“Precisávamos dessa formalização. É uma garantia de que o programa não vai acabar, que crianças e adolescentes continuarão com atendimento diferenciado, acolhimento e tratamento. E que serão ouvidos em um local onde se sintam à vontade e por profissionais capacitados, e não em um ambiente hostil, como o de uma delegacia policial”, acrescentou a Promotoria de Justiça Carla Baptista Cruz, titular da 3ª Promotoria de Justiça Criminal de Teresópolis.
O Programa
Vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, o “Bem Me Quer Terê atua desde 2014. Funciona no Centro Materno Infantil, no prédio anexo do Centro Administrativo da Várzea (prédio do antigo Fórum), e conta com equipe formada por assistente social, psicólogo, médica e enfermeira, que faz o acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Esse público é ouvido em ambiente apropriado, com escuta qualificada. Quando necessário, os casos são encaminhados à rede de saúde e assistência social para tratamento e acompanhamento.
“Desde 2014 foram feito 585 atendimentos e em 2018 temos 110 casos novos em assistência. Muitos não têm boletim policial, por isso o número de registros na Delegacia é diferente do atendimento feito pelo programa. Acolhemos todos os casos, com acompanhamento desde o momento do suposto fato até a conclusão”, relatou a assistente social Sandra Erli Azevedo, coordenadora do “Bem Me Quer Terê”.
Diretora do Centro Materno Infantil, Adriana Nunes Chaves valorizou a dedicação da equipe multidisciplinar do programa e de todos os profissionais da rede integrada de atendimento. “Há uma real parceria estabelecida entre todos os órgãos envolvidos. Os profissionais da equipe são extremamente dedicados, competentes e perseverantes. É um grande desafio”, finalizou.