Marcello Medeiros
Abandonada pela prefeitura há nove anos, completados no último dia 30 de setembro, a Escola Municipal Aluizio de Souza Silva, localizada no quilômetro 62 da estrada Rio-Bahia, em Providência, cada dia fica em situação mais difícil. Esquecida por todos os prefeitos que estiveram à frente do Palácio Teresa Cristina desde 2008, o prédio construído com o dinheiro do contribuinte e que nunca foi ocupado por estudantes tem sido alvo constante de vândalos e ladrões. Os últimos, denunciados por moradores e presos no último fim de semana quando tentavam furtar fios e até janelas do que era para ser um estabelecimento de ensino modelo.
Quatro pessoas, entre elas uma mulher grávida, foram flagradas por moradores da vizinhança retirando tais objetos. Os primeiros a chegar ao local para apurar a denúncia foram os agentes da Guarda Municipal Lomba, Cassia e Machado, que encontraram o veículo dos suspeitos com vários fios retirados do prédio de propriedade do município. Um dos autores do furto tentado conseguiu fugir, sendo os outros conduzidos para a 110ª Delegacia de Polícia com auxílio de guarnição do 30º Batalhão de Polícia Militar.
Uma triste história
A inauguração desse hoje “elefante branco” aconteceu em 30 de setembro de 2008. A promessa era que atenderia cerca de 600 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental a partir do mês seguinte. Porém, no dia da inauguração os representantes do poder público já sabiam que provavelmente a promessa não seria cumprida: Desde o ano anterior, quando no local apenas existia uma placa de publicidade da futura a obra, a CRT, concessionária que administra a rodovia, já alertava para a falta de projetos para construções as margens das rodovias federais. E, apesar da inexistência de uma área de acesso ao prédio com segurança – visto que a escola fica entre duas curvas em trechos de alta velocidade – a prefeitura insistiu com a obra, entregue um mês antes de eleições municipais. E com promessas acumuladas de vários prefeitos e abandono cada vez maior, hoje a situação é extremamente crítica. Um ano atrás a reportagem do jornal O Diário e Diário TV retornou ao local e se deparou com um quadro assustador. “Diversas portas foram arrombadas, quase tudo que havia de valor foi furtado e a impressão que se tem é um cenário de guerra”, alertou o jornal.
Promessas e mais promessas
Em fevereiro de 2015, o Governo Municipal apresentou à CRT uma proposta de parceria para a construção de via de acesso a fim de garantir o tão esperado funcionamento do estabelecimento de ensino. “A ideia é que Prefeitura e Concessionária avaliem legalmente a viabilidade de a empresa realizar a obra, numa forma de antecipar ao Município o valor relativo ao repasse de ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza”, informou a Assessoria de Comunicação da PMT. A proposta foi apresentada em reunião entre representantes da prefeitura e da concessionária. Porém, nada saiu do papel até hoje – como constatado nesta sexta-feira. E, de promessas, a história da escola é recheada. Desde 2008, vários prefeitos garantiram que a reabririam.
Um projeto para construção de um acesso seguro foi feito e chegou a ser iniciado. Porém, na catástrofe de 2011 o rio tomou proporções absurdas e a força da água danificou as margens. Com isso, dois novos projetos tiveram que ser feitos. Um, com custo bem menor, foi vetado pelo Instituto Estadual do Ambiente. O terceiro, que implicaria na modificação do traçado da rodovia, foi apresentado ao governo municipal em 2013. Porém, os custos para tal obra são bastante elevados e, segundo a CRT, não competem à concessionária porque é um serviço que não está previsto em contrato.
Em setembro de 2016, já no Governo Tricano, a Assessoria de Comunicação da Concessionária Rio-Teresópolis informou que “foi feita uma solicitação pela Prefeitura Municipal de Teresópolis para que a CRT participe na realização da referida obra. O assunto está sendo analisado pela Diretoria da Concessionária e tão logo tenhamos um posicionamento formal da empresa, o mesmo será comunicado”.