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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Calor aumenta “encontros” com animais peçonhentos em Teresópolis

Trilhas e áreas próximas a florestas exigem atenção redobrada para evitar picadas de serpentes, especialmente as Jararacas

Luiz Bandeira

O verão é o período em que se registram o maior número de acidentes envolvendo animais peçonhentos. Isso tem gerado preocupação, especialmente entre aqueles que buscam contato com a natureza, devido ao crescente número de flagras de cobras venenosas. Montanhistas e frequentadores de trilhas têm relatado avistamentos, inclusive de serpentes perigosas como a Jararaca (Bothrops jararaca), uma das mais comuns no sudeste do Brasil. Os relatos mencionam encontros recentes com cobras na pedra Cabeça de Peixe, na Estrada da Barragem, nas trilhas da parte baixa do PARNASO, na Serra dos Órgãos, e nas Torres de Bonsucesso, no Parque Estadual dos Três Picos, no Terceiro Distrito, entre outros pontos.
O Diário conversou com um representante do Corpo de Bombeiros, que destacou que, nos dias mais quentes, o número de ocorrências aumenta. “É uma época quente, com alta umidade e chuvas, o que faz com que os animais apareçam com mais frequência. Quando somos acionados por picadas de cobra, geralmente é em áreas rurais, com pessoas que lidam com a roça. No entanto, devido às mudanças climáticas e à destruição de matas, estamos observando uma migração desses animais para áreas urbanas. Já tivemos casos de captura de cobras dentro de residências, mas os registros são mais comuns em propriedades próximas a áreas de vegetação”, explicou o membro do CBMERJ.
Os Bombeiros informam que as picadas ocorrem quando os animais se sentem ameaçados. “O animal pode ser venenoso ou peçonhento, caso possua um mecanismo de inoculação de veneno, como as serpentes venenosas, que têm presas para esse fim. A maioria dos acidentes ocorre com as jararacas ou jararacuçus, que não conseguem dar um bote superior a um terço do seu comprimento. Ou seja, uma cobra de um metro tem um bote de no máximo 33 centímetros”, explicou um oficial do CBMERJ.

Registro de uma grande jararaca nas proximidades do mirante da Pedra do Elefante, na área do Parque Estadual dos Três Picos. Foto: Marcello Medeiros / O Diário

Vestimenta adequada
Muitos caminhantes e “trilheiros”, incluindo crianças, percorrem áreas de mata com calçados inadequados, como sandálias, chinelos ou até mesmo descalços. Esse comportamento é um risco, pois essas serpentes costumam se esconder, tornando-se difíceis de ser avistadas.

Complicações da picada
As Jararacas, responsáveis pela maioria dos acidentes com cobras no Brasil, são encontradas em diversos ambientes, como beiras de rios, áreas úmidas, agrícolas, periurbanas e abertas. A picada provoca dor, inchaço e, às vezes, manchas arroxeadas (edemas e equimoses), além de sangramento nos pontos da picada, gengivas, pele e até na urina. Complicações podem incluir hemorragias graves, infecções, necrose na área da picada e insuficiência renal. Em Teresópolis, o Hospital das Clínicas é a referência para o atendimento desses casos, dispondo dos soros do Instituto Vital Brazil. É importante frisar que tratamentos populares como o uso de fumo de rolo, açúcar, sal ou tentativas de sugar o veneno são ineficazes e perigosos. O único procedimento adequado é transportar a vítima rapidamente para o hospital.

Nesta época é comum ocorrerem acidentes envolvendo serpentes em diversos bairros de Teresópolis, com frequência bem maior em locais com maior vegetação no entorno. Isso acontece devido ao calor, umidade e período de reprodução destes animais. Foto: Victor Vieira / Centro Excursionista Teresopolitano

Peçonhentos vs. venenosos
Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno (peçonha) e têm mecanismos naturais para injetá-lo em suas presas ou predadores. Isso ocorre por meio de dentes modificados, aguilhões, ferrões, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos, entre outros. No Brasil, os animais peçonhentos que mais causam acidentes são algumas espécies de serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas, vespas, besouros, lacraias, peixes, águas-vivas e caravelas. Esses animais possuem mecanismos, como presas, ferrões ou cerdas, capazes de envenenar suas vítimas.

Nenhuma cobra quer atacar um ser humano, mas se você invadir certo raio que a ameace, ela vai armar o bote. Foto: Centro Excursionista Teresopolitano

Acidentes e estatísticas
Os acidentes com animais peçonhentos, especialmente os ofídicos (por serpentes), foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas. Essas doenças afetam, principalmente, populações vulneráveis em áreas rurais. Devido ao alto número de notificações, os acidentes com animais peçonhentos foram incluídos na Lista de Notificação Compulsória no Brasil, o que exige que todos os casos sejam imediatamente notificados ao Governo Federal. Isso ajuda na criação de estratégias e ações para prevenir tais acidentes.

Não maltrate o animal
É essencial lembrar que, apesar da percepção popular de “demonizar” as cobras, elas atacam apenas em legítima defesa. Ao se deparar com uma serpente ou outro animal peçonhento, não o ataque. Acione o Corpo de Bombeiros pelo número 193 e aguarde que a remoção seja feita para um local adequado. Vale lembrar que agredir a fauna silvestre é crime.

O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE COM SERPENTES

  • Lave o local da picada com água ou água e sabão.
  • Mantenha o paciente deitado.
  • Mantenha o paciente hidratado.
  • Procure o serviço médico mais próximo.
  • Se possível, leve o animal para identificação ou fotografe-o.

O QUE NÃO FAZER EM CASO DE ACIDENTE COM SERPENTES

  • Não faça torniquete ou garrote.
  • Não corte o local da picada.
  • Não perfure ao redor do local da picada.
  • Não coloque folhas, pó de café ou outros contaminantes.
  • Não dê bebidas alcoólicas, querosene ou outros produtos tóxicos.


Edição 22/02/2025
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