Quando se fala em cicloviagem, muita gente tem em mente grandes roteiros, caminhos famosos como o de Compostela ou o da Fé, ou ainda o cada vez mais procurado Vale Europeu. Mas não é necessário viajar para Europa ou Minas Gerais, ou sequer encarar o frio do Sul do nosso país para sentir a magia de conhecer lugares novos em duas rodas. Você pode fazer pequenos roteiros, saindo da porta de casa, e aproveitar um fim de semana, por exemplo, para cicloviajar. Já vivi as duas experiências e, posso dizer, ambas garantem a mesma diversão e recompensas se você estiver de coração aberto. No último fim de semana, escolhi como destino a famosa cidade mineira de Juiz de Fora, indo em um dia e voltando no outro em duas rodas. Portanto, seriam aproximadamente 300 quilômetros de desafio – mas sem a preocupação com a distância e sim com o que fosse vivenciar ao longo dessa jornada.
Saí de Teresópolis por volta das 5h. O objetivo foi assistir ao nascer do Sol no meio da subida da serra que conecta o município a Itaipava, nas proximidades de uma conhecida fonte e de onde se avistam as montanhas do Parque Estadual dos Três Picos. Além das cores da manhã, ouvir a cantoria dos pássaros foi bom demais. Quando o dia terminou de clarear, eu já estava descendo a BR-495 em direção ao distrito de Petrópolis. Fazia bastante frio, indicando que teremos um outono com jeitinho de inverno. Parei em Itaipava para um café reforçado antes de pegar a principal rodovia que levaria a terras mineiras, a BR-040.
Pé na estrada, ou melhor, pneus na estrada, e fui cruzando limites de municípios. Petrópolis, Areal, Três Rios, Levy Gasparian… E logo já estava na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais, marcada pelo grande Rio Paraibuna. Até ali, pude registrar ainda montanhas e pequenas localidades que não havia reparado nas vezes que passei de carro.
Sol e subidas
Assim que entrei em Minas, quem chegou foi o Sol. Para “piorar”, justamente quando começaram as longas subidas até a entrada de Juiz de Fora. Não são fortes, mas contínuas por uma longa distância nos trechos passando ainda por Simão Pereira e Matias Barbosa.




Mais subidas e carinho
Cheguei à entrada de JF por volta das 14h. Mas ainda não havia concluído minha missão. Na verdade, além da felicidade de cicloviajar, o objetivo era matar a saudades da “parte mineira” da minha família, meus tios José Luiz “Lobão” e Neuza Garcia e minhas primas Letícia e Larissa, que, assim como seus maridos Elizeu e Léo, viriam a me receber carinhosamente bem. Assim, meu destino final no primeiro dia era o Granjeamento Sossego, cerca de 20 quilômetros depois do pórtico de Juiz de Fora e com mais subidas pela frente.
Janta mineira, queijinho e a volta
Uma jantinha mineira, muita conversa boa sobre histórias da família e uma noite bem dormida, com um cafezinho e um queijinho mineiro pela manhã, e eu estava pronto para retornar para Teresópolis. Saí um pouco mais tarde do que na ida e novamente sem pressa de chegar ao meu destino. Voltei no mesmo ritmo que fui, devagar ladeira acima e sem correr ladeira a abaixo, tentando absorver ao máximo a experiência de contemplar as belezas entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Pouco depois da divisa dos estados, por exemplo, existe uma pequena cachoeira que desce da encosta bem ao lado da BR-040, com bom volume d´água mesmo nessa época do ano. A imponência das montanhas, as curvas dos rios, as linhas de trem laterais à estrada em vários pontos… Há muito que ver!

Atenção
Nesse tipo de cicloviagem, porém, é preciso ter muito mais atenção na condução da bicicleta e em relação ao trânsito do que em vias vicinais, visto que se trata de rodovias com grande fluxo de veículos. No caso da BR-040, há bom acostamento em quase todo o trecho, mas, mesmo assim, é preciso ter cuidado ao cruzar pontes ou com obstáculos, além de procurar utilizar roupas coloridas ou com material refletivo que possam reforçar aos motoristas que você está ali. Infelizmente, ainda é grande o número de acidentes envolvendo ciclistas em nosso país, a grande maioria devido à falta de respeito dos condutores de veículos automotores, muitas vezes embriagados. Na minha viagem felizmente deu tudo certo e pude eternizar mais um punhado de memórias para quando não tiver mais forças para tocar minha bicicleta. Veja mais imagens dessa “aventura” no Instagram /mochileiro_marcello


