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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Educação financeira é fundamental desde a infância

Especialistas defendem aprendizado lúdico como caminho para a gestão consciente do dinheiro

Com 71,7 milhões de inadimplentes no Brasil e projeto de lei que propõe educação financeira obrigatória nas escolas, pedagoga e economista destacam como ensinar sobre administração do dinheiro pode transformar o futuro dos pequenos. O índice de inadimplência no Brasil atingiu, em agosto deste ano, cerca de 71,7 milhões de pessoas, uma alta de 9,2% em relação ao mesmo período de 2024, consolidando um novo recorde histórico. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Na comparação mês a mês, o total de inadimplentes subiu 0,71% de julho para agosto, mostrando que o problema se agrava de forma contínua. Entre os diversos motivos para a inadimplência da população brasileira, entre eles os fatores econômicos do país, outro deles chama a atenção: a falta de planejamento financeiro.

No Senado, tramita o Projeto de Lei 5.950/2023, que discute tornar a educação financeira obrigatória nas escolas de todo o país, com objetivo de preparar as crianças desde cedo para evitar a falta de controle das finanças pessoais, o endividamento e a ausência da cultura da poupança. Com a proximidade do Dia das Crianças, data em que, além de brinquedos, os pequenos recebem também dinheiro como presente, o assunto se torna mais uma oportunidade de ensiná-los a gerir as próprias finanças.

O economista Hugo Meza, especialista em Economia Criativa, Finanças e Inovação Educacional, observa que a educação financeira é fundamental, pois ensina para as crianças a como respeitarem a realidade financeira de cada família.

“A partir de um entendimento de que os recursos que os pais ganham são escassos e que precisam ser bem administrados, a educação financeira já coloca desde o início essa prerrogativa nas crianças. Ela é tão importante quanto as noções de empreendedorismo, que fazem com que a criança também possa enxergar o mercado no futuro, quando elas já forem produtivas e forem trabalhar, entender um pouco toda essa lógica de origem do dinheiro, para que serve, de onde vem e porque ele é importante nas nossas vidas”.

Hugo Meza, o professor da Estácio, destaca ainda que o diálogo com os pequenos é fundamental. “Os pais têm que explicar para as crianças a dificuldade de ganhar um salário e como é difícil estabelecer padrões de renda numa economia que muitas vezes tem muita escassez”. Foto: Divulgação Estácio

O professor da Estácio destaca ainda que o diálogo com os pequenos é fundamental. “Os pais têm que explicar para as crianças a dificuldade de ganhar um salário e como é difícil estabelecer padrões de renda numa economia que muitas vezes tem muita escassez. Não esconder dos filhos que a colaboração deles é fundamental, poupando água, luz, poupando os recursos que a família usa no dia a dia. Assim, elas irão entender que no futuro elas também serão pais de família ou terão uma vida de adulto e se já tiverem esse conhecimento, será mais fácil se adequarem a essas novas perspectivas”.

O economista recomenda o uso de aplicativos, como a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, para ensinar crianças a calcular poupança, aplicações e compreender juros compostos. Essas ferramentas ajudam a planejar metas, entender que o dinheiro é limitado e exercitar escolhas entre gastar e poupar. Segundo ele, a educação financeira desde cedo é essencial para formar cidadãos conscientes, evitando que só na vida adulta as pessoas percebam a importância da renda e acabem recorrendo a dívidas caras por falta de planejamento.

Dicas lúdicas
A pedagoga Carollini Graciani concorda com o economista e ressalta a importância de trabalhar a educação financeira desde a infância para formar adultos mais conscientes sobre consumo e responsabilidade. “Podemos usar estratégias simples, de forma lúdica, como os três cofrinhos: um para gastar, outro para poupar e mais um para doar. A criança vai entender que ela precisa juntar dinheiro para gastar, que as coisas têm valor e que é preciso esforço para conquistá-las. Com o segundo cofre, ela vai entender que às vezes de imediato aquele dinheiro não é suficiente e ela vai precisar de um projeto a longo prazo, juntar o ano todo talvez, para poder comprar algo de maior valor. E no terceiro, a criança poderá desenvolver o senso de responsabilidade social, de compartilhar, de solidariedade e adquirir um entendimento de educação financeira não só para ela, mas para vida e para o mundo”, indica a professora do curso de Pedagogia da Estácio.

A profissional indica ainda estratégias envolventes, como as brincadeiras de faz de conta, que podem reforçar o aprendizado. “Separar brinquedos, livros e embalagens para simular um mercadinho em casa é uma ótima forma de ensinar sobre sistema monetário e valor das coisas. A criança se diverte, aprende sobre sistema monetário e passa a entender que não dá para querer ou levar tudo ao mesmo tempo quando ela for ao mercado com a família ou ao shopping, por exemplo”.

De acordo com Carollini, não existe idade exata para a educação financeira. “Na educação infantil já é possível introduzir conceitos básicos de valor e necessidade. À medida que crescem, os jovens podem receber explicações mais complexas, como orçamento, investimento e consumo consciente”, destaca a pedagoga, indicando os livros infantis “Como se fosse dinheiro”, de Ruth Rocha, e “Dinheiro compra tudo”, de Domingos Pellegrini, recursos para apoiar os pais nessa aprendizagem.

Para ambos os especialistas, o ensino da educação financeira deve caminhar junto à formação cidadã. Ao aprender a poupar, planejar, compartilhar e investir, as crianças crescem preparadas para um futuro mais equilibrado — e esse pode ser um dos melhores presentes neste Dia das Crianças.

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Edição 14/10/2025
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