Paola Oliveira
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), o município de Teresópolis registrou, entre os meses de janeiro e junho deste ano, 46 casos de estupro. Neste mesmo período no ano anterior, o número de casos foi menor: 28 vítimas registraram crimes de violência sexual na 110ª Delegacia de Polícia, portanto 18 casos a menos. Em 2021, o maior número de ocorrências envolvendo abusos foi em março. Em apenas um mês, 13 mulheres fizeram denúncias. Os dados levantados pelo ISP-RJ são de acordo com o número de vítimas que chegam à delegacia, relatando o crime por parte do agressor. A vergonha, o medo e o abalo emocional de quem sofre a agressão sexual é muito comum e, compreensível. Por esse motivo, muitos casos não chegam ao conhecimento das autoridades policiais e, como consequência, criminosos saem impunes da tamanha crueldade.
A Psicóloga Ana Fabri, professora da Estácio, lembra que em muitos casos as vítimas têm medo em receio em procurar ajuda porquê o autor do crime é uma pessoa bem próxima. “Normalmente o agressor é da família, está muito próximo da vítima e há casos onde há dependência financeira e isso tudo é um fator complicador. Por isso o trabalho de apoio psicológico é fundamental, como o trabalho feito pela secretaria da Mulher. Além dele, é preciso capacitar cada vez mais as pessoas que irão atender essas vítimas, seja na delegacia, nas escolas, para incentivar as pessoas a denunciar, a tirarem o véu dessa forma de violência”, atenta a profissional, reforçando ainda a importância de um olhar mais atento dentro de casa. “No dia a dia se percebe uma instabilidade de humor, por exemplo, acessos de choro, você não ter confiança em você, muitas vezes a pessoa fica retraída, começar a ficar com medo de se expor… Se você tiver um pouco de feeling, começa a perceber que algo de errado está acontecendo com aquela pessoa, por isso volto a dizer que é preciso capacitar melhor os profissionais. Quando se em violência infantil, precisamos capacitar o professores para que percebam essa mudança de comportamento”.
No Brasil existem leis que protegem as vítimas de crimes contra a dignidade sexual. Apesar dos órgãos protetores, somente uma parcela dos casos de abuso vem à tona. O Disque 100 é um canal aberto e gratuito para denúncias de violação dos direitos humanos, onde todos os casos relatados são encaminhados aos órgãos competentes para investigação.
Assistência à Mulher
Quando uma vítima de abuso sexual procura a 110ª Delegacia de Polícia para registro de ocorrência, ela tem a opção de aceitar a receber uma assistência no Núcleo de Atendimento à Mulher, localizado na própria Delegacia. De lá, ela é encaminhada ao CRAM ( Centro de Referência de Atendimento à Mulher), setor especializado par atendimento social, psicológico e também assistência jurídica.
Em casos de consumação da violência sexual, a vítima é orientada a buscar atendimento de saúde emergencial na UPA de Teresópolis ou nos hospitais, que seguem um protocolo de saúde, de acordo com o Ministério da Saúde.
A Secretaria Municipal dos Direitos da Mulher fica localizada no 2º piso do Centro Administrativo Municipal Manoel Machado de Freitas (Antigo Fórum), na Várzea, e também mantém posto de atendimento no Terminal Rodoviário José de Carvalho Janotti. Aberta para atendimentos de segunda a sexta de 09h às 18h. O telefone para informações é o 2742-1038 e o e-mail para contato é o mulher@teresopolis.rj.gov.br
Crianças e adolescentes
A violência sexual não acontece somente entre as mulheres. É comum casos onde a vítima ainda é um menor de idade. A criança que sofre um abuso, por medo, tende a esconder, pois geralmente o abusador é uma pessoa próxima a família ou até mesmo, um parente de sangue. E muitas vezes, chega a acontece dentro da própria casa.