Luiz Bandeira
Na calçada de uma rua simples, na Praça Nossa Senhora Aparecida – A Praça do CEMUSA, no Bairro São Pedro, um veículo inusitado chama atenção de quem passa: com a silhueta de um Fórmula 1, mas com alma e motor de Fusca, a réplica montada por Reylson Barros, de 60 anos, viralizou nas redes sociais após um vídeo seu circulando com o carro pelas ruas do bairro ganhar milhares de visualizações nos últimos dias. A obra artesanal nasceu de um sonho antigo – e de muita criatividade com peças de carros abandonados. “Desde pequeno eu tinha essa vontade”, conta Reylson, lanterneiro há décadas. “Minha tia me deu um carrinho de Fórmula 1 no Natal, e desde então nunca mais esqueci. Levava o carrinho pra todo lugar: igreja, padaria, rua… cresci com aquilo na cabeça.”
Mas foi só depois dos 60 anos que o sonho ganhou forma – ou melhor, carroceria. Com o conhecimento adquirido ao longo da vida trabalhando com funilaria, ele viu a chance de transformar um velho Fusca em algo único. “Comprei um Fusca, tirei a carroceria e quando vi o chassi ali, pensei: ‘isso aqui dá pra sair um Fórmula 1’”, relata.
Mas não se trata apenas de um Fusca modificado. O carro é uma colcha de retalhos automotiva: “Tem capô de HB20, capô de Santana, teto de Brasília, porta de Fusca… Fui cortando de um carro e passando pro outro. Modelei tudo no chão, com marreta, martelo e toco. É tudo na raça”, orgulha-se.
Atualmente desempregado, Reylson trabalha com seus equipamentos de lanternagem na própria calçada de casa. Sua antiga lojinha foi devolvida ao proprietário, e agora é ali, ao ar livre, que ele segue moldando ideias — e metal.

Modelo de exibição
Com a repercussão do vídeo, a réplica ganhou os holofotes, mas também levantou dúvidas legais. Como o carro não é homologado, não pode ser licenciado para circulação. Reylson, no entanto, acredita que possa haver uma brecha: “O chassi é de Fusca, tem número, documento, plaquetinha. Eu não sei como funciona isso, mas queria me informar melhor. Dei só uma voltinha no quarteirão, com respeito à lei. Depois, encostei.”
Enquanto não resolve a situação documental do “Fórmula Fusca”, ele já pensa em outros usos para o veículo: “Dá pra colocar em exposição, alugar pra festa de criança. Criança adora! Mas por enquanto, é deixar acontecer.”

Realize seus sonhos
Mais do que um carro, o projeto é a prova de que sonhos de infância não têm prazo de validade. Mesmo com marreta, improviso e peças de desmanche, o que Reylson construiu foi uma homenagem à sua paixão — e um lembrete de que a criatividade, quando encontra o coração certo, pode mesmo andar por aí.
