Marcello Medeiros

As madrugadas de terça (24) e quarta-feira (25) não foram somente de comemoração Natalina em Teresópolis. Para integrantes do 30º Batalhão de Polícia Militar e da secretaria municipal de Segurança Pública, através da Guarda Civil Municipal, foram dias de muito trabalho para evitar a ação de bandos que se reúnem através das redes sociais para praticar crimes e infrações de trânsito, os chamados “rolezinhos”. O encontro de motoqueiros, às vezes em centenas, seria apenas uma confraternização se essas pessoas não utilizassem motos sem placa e outros acessórios, além de escapamento aberto, para praticar manobras proibidas que podem colocar em risco a vida de terceiros. Com o anúncio de que seriam realizadas ações para coibir essa prática, foi menor o número de criminosos em duas rodas em Teresópolis. Além disso, boa parte dos que insistiram foram autuados. Foram apreendidas 15 motocicletas e três veículos, em operações realizadas em diferentes bairros do município.

A maioria das operações ocorreu no período noturno, mas GCM e PM estiveram atentos também durante o dia. No final da tarde da véspera de Natal, por exemplo, um jovem foi flagrado com uma moto Honda CG de cor preta, sem placa, com um cano totalmente aberto e barulho ensurdecedor, realizando manobras perigosas na Rua José Manoel Lebrão, na Várzea, onde havia ocorrido um acidente e ele quase atropelou a equipe do Corpo de Bombeiros que fazia o atendimento no local. Ele tentou escapar de guarnição da PM, que presenciou a situação, mas não conseguiu. Além de todas as irregularidades no veículo, ele não possui a Carteira Nacional de Habilitação. Ele e a moto foram levados para a 110ª DP.

Outro flagrante durante o período diurno ocorreu na Rua Manoel Dias, na Barra do Imbuí, onde um casal foi flagrado em uma Honda CG de cor cinza, com a placa escondida por uma embalagem de biscoito e o escapamento alterado, irregularidades que o condutor confessou ter realizado “para participar do rolezinho”. Assim como os outros, ele foi autuado por adulteração de sinal identificador do veículo automotor, crime que hoje pode render cadeia. As 15 motos e os três carros apreendidos foram encaminhados para o Depósito Público Municipal, em Três Córregos, e os proprietários têm 90 dias para regularizar os itens obrigatórios e pagar todos os documentos e taxas. Após esse período, os veículos podem ser encaminhados para leilão.

Crime não é diversão
Apesar do evidente desrespeito às leis, previstas no Código de Trânsito Brasileiro ou no Código Penal, ainda há quem vá para as redes sociais defender a ação desses bandos criminosos. Porém, essas mesmas pessoas podem ser vítimas das quadrilhas formadas através das redes sociais, correndo o risco de atropelamento ou colisão em via pública, sem esquecer o barulho ensurdecedor causado por uma motocicleta com o escapamento aberto. Então, antes de levantar uma bandeira que já nasce rasgada e sem sequer um mastro, pense no que pode ser gerado pelo que parece apenas uma simples “brincadeira de jovens”. Cerca de três anos atrás, por exemplo, uma menina de 15 anos foi atropelada por um adolescente que havia empinado uma motocicleta e não a viu se aproximando da borda da rodovia BR-116, na Fonte Santa. A jovem ficou uma semana no HCTCO e, após muito sofrimento, acabou falecendo. Saber “dar grau”, acelerar e fazer outras manobras perigosas pode ser até algum de dom, mas ele deve ser colocado em prática somente em áreas particulares e onde o risco de acidentes envolvendo inocentes é mínimo ou inexistente.

Formação de quadrilha
De acordo com o Delegado Marcio Dubugras, titular da 110ª DP, não se trata apenas de desrespeito às normas de trânsito: configurada a reunião com tal intenção, o que se confirma facilmente através dos telefones celulares recolhidos com os autuados, por exemplo, eles podem ser autuados por formação de quadrilha.“Esses motoqueiros que ficam se juntando para fazer manobras, empinar moto, correr, praticar rachas em via pública, no nosso entender, configurando que se juntam para esse tipo de atividade, podem entrar na formação de quadrilha. Quando há intenção de se juntar para cometer delitos, é formação quadrilha, todos podem ser presos e sem direito a fiança, com as motos apreendidas e colocadas em leilão”, explica Dubugras. O Delegado atenta ainda para a mudança recente na Lei que deixa ainda mais rigorosa a sanção para quem retira a motocicleta da placa ou modifica de alguma maneira o sinal identificador do veículo. “Foi muito benéfica essa mudança no Código Penal, está sem placa, com a placa adulterada, mexeu na numeração, raspou ou qualquer coisa do tipo, pode ser preso e pegar até seis anos de cadeia”, enfatiza.