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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Um Paquequer que poderia ser explorado turisticamente

Rio tem dezenas de corredeiras e cachoeiras com quedas de mais de 100 metros, mas é “invisível” aos olhos dos teresopolitanos

Mochileiro – Marcello Medeiros

Paquequer, um rio que nasce e morre todos os dias. Das águas cristalinas nas montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos ao esgoto misturado com lixo na foz, ele é exemplo de vida e desprezo. Falando em vida, nunca é demais citar as famílias de capivaras que são atração quando nadam nos trechos urbanos, principalmente, além de várias outras espécies que vivem ou buscam parte do que precisam para sobreviver no nosso principal curso d´água. Nesse Mochileiro especial, a ideia é mostrar que o rio, além de sinônimo de renovação, poderia ser mais uma fonte de renda para o município através do turismo: suas cachoeiras poderiam ser atrativos e as corredeiras ideais para a prática de esportes, como o rafting, por exemplo, caso houvesse um planejamento para sua recuperação ambiental.
De volta ao início, nos domínios do PARNASO existem dezenas de cachoeiras e poços, muito procurados no verão. Inaugurado em 2009, o último trecho da Trilha Suspensa permite ao visitante ver bem de perto um rio totalmente limpo, que convida ao banho. Após receber a água do rio Beija-Flor, o Paquequer segue por dentro da sede local da unidade de conservação. Ao lado da portaria do parque, abaixo da ponte Slooper, as cachoeiras também tem muita visitação.

Cascata do Imbuí: Em dias de temporal, o volume d´água impressiona ainda mais


Já tendo recebido muito esgoto dos bairros do Comary, Ilha do Caxangá, Araras e Beira-Linha, várias corredeiras e uma grande queda chamam a atenção na Cascata Guarani. Esse trecho, nos saudosos tempos em que se podia tomar banho no Paquequer, era bastante frequentado – há diversas fotos antigas conhecidas na Cascata, hoje completamente descaracterizada pelas construções nas suas margens, assoreamento e o lixo. Para facilitar a identificação do leitor, essas quedas ficam próximas à entrada da Beira-Linha, através da Avenida Alberto Torres.
Em 2008, na primeira edição do “SOS Paquequer” – projeto que consistiu em navegar pelo rio com barcos e botes improvisados com o objetivo de chamar a atenção do terespolitano para a situação de abandono – foi um dos trechos mais difíceis a serem percorridos pelos barcos dos ambientalistas. “Em um lugar há uma queda de mais de dez metros de altura. Tivemos que descer as embarcações e depois passar pela margem e até pela água”, lembra Doldaninho “Zico” Barbosa, um dos idealizadores do movimento de conscientização ambiental.

Corredeiras na localidade do Matadouro, antes ideais para a prática do rafting

Grandiosidade abandonada
Uma das maiores e mais bonitas quedas do Rio Paquequer é a Cascata do Imbuí, com mais de 100 metros de altura. Mas, apesar de tanta beleza toda aquela água é a mesma que cruza a cidade, ou seja, tomada pelo esgoto domiciliar, garrafas pet e sacolas plásticas. Além disso, o que deveria ser mais um ponto turístico está abandonado e é desconhecido da grande maioria dos teresopolitanos. Não fosse a água do Paquequer tratada como destino de todo o esgoto da cidade, o nosso principal rio, com certeza, seria um local ideal para a prática de esportes. A partir da localidade do Matadouro, divisa com Córrego dos Príncipes, até o encontro com o Rio Preto, em Providência, há dezenas de corredeiras. No Matadouro, não muito das casas populares construídas pela prefeitura, além de uma queda de aproximadamente cinco metros de altura há um grande poço, que certamente seria um point para o banho se a situação fosse diferente.

Mais uma queda no Matadouro, tendo abaixo um poço tomado pela sujeira

Um ambiente inteiro
As corredeiras do nosso principal curso d´água são apenas um pequeno exemplo das suas belezas e de que elas deveriam ser melhor aproveitadas – ou, no caso, recuperadas. Como afirmei no começo do texto, o “Paquequer é um rio que nasce e morre todos os dias”. Ainda está longe de o teresopolitano entender sua grandiosidade e suas maravilhas e, mais do que isso, sua importância para a VIDA em nosso município. Temos que entender que fazemos parte desse tão falado “meio ambiente” e que ele não é apenas “o mato que nos cerca”.

Saudosismo: Cascata da Guarani, próximo à entrada da Beira-Linha, muito antes do esgoto e lixo

Tratamento
Atualmente, se tem discutido um uma importante questão para contribuir com um futuro melhor do Paquequer: o tratamento do esgoto que é despejado ao longo de quase todo o curso d´água. Tal serviço só deve ocorrer quando for realizado o processo de concessão da água do município, função prevista em tal licitação. Apesar de existir tal previsão, só o futuro irá dizer se realmente nossas próximas gerações terão uma visão diferente do que temos hoje do nosso principal rio.

Edição 23/11/2024
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