Luiz Bandeira
Mensagens e áudios que circulam intensamente nas redes sociais desde o fim de semana vêm espalhando medo entre pais e responsáveis em Teresópolis. As postagens falam sobre supostas tentativas de rapto de crianças na região central da cidade, justamente em um período de férias escolares, compras de Natal e grande movimentação nas ruas. O resultado tem sido apreensão, mudanças na rotina das famílias e crianças impedidas de aproveitar atividades típicas do fim de ano. Porém, informa a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, “não há nenhum tipo de comunicação sobre esse crime no município”.
Nas mensagens, compartilhadas milhares de vezes, os autores afirmam receber “relatos de tentativa de sequestro de crianças no Centro da cidade”, descrevendo uma suposta “senhora loira que se aproximaria das mães para tentar puxar as crianças”. Em outro texto, a mulher teria sido vista atuando na região da Calçada da Fama e da Praça Santa Teresa. As publicações pedem atenção redobrada, recomendam acionar a polícia e solicitam que o conteúdo seja amplamente divulgado – apesar de não haver nenhuma comunicação oficial das forças de segurança sobre o assunto.
Ninguém pediu ajuda
Apesar do ampliado clima de temor, não há qualquer registro oficial que confirme essas informações. Em entrevista ao jornal O Diário e Diário TV, o Delegado Titular da 110ª Delegacia de Polícia, Dr. Márcio Dubugras, foi categórico ao afirmar que nenhuma denúncia foi formalizada até o momento. “Até o presente momento ninguém compareceu à delegacia para noticiar qualquer tentativa de sequestro de crianças na cidade. Realmente estão circulando mensagens e áudios relacionados a isso, mas isso não foi registrado aqui”, esclareceu o delegado.
Boato recorrente no Natal
Ainda segundo ele, situações semelhantes costumam surgir no fim do ano. “Nessa época, infelizmente, é comum o surgimento desse tipo de boato. Em anos anteriores aconteceu a mesma coisa, mas, até agora, não temos nenhuma vítima que tenha procurado a delegacia”, afirmou.
Se acontecer, peça ajuda!
O Delegado, bastante conhecido pela proatividade, ressaltou que qualquer situação real deve ser imediatamente comunicada às autoridades. “Se alguém teve seu filho como suposta vítima de uma situação relacionada a isso, precisa procurar a delegacia. Só assim conseguimos levantar características da pessoa envolvida e realizar ações para prender quem, porventura, tente sequestrar uma criança”, destacou.

Não compartilhe o que não tem certeza
Dr. Márcio também fez um alerta importante sobre a divulgação irresponsável de informações. Segundo ele, espalhar boatos pode gerar consequências legais. “As pessoas precisam ter muito cuidado ao divulgar fatos. Só se pode divulgar aquilo que realmente se tem conhecimento de que aconteceu. Esses boatos geram caos”, lembrou, citando episódios anteriores de falsas ameaças a escolas na cidade. “Quem age com a intenção de propagar pânico pode responder pelo artigo 41 da Lei de Contravenções Penais, com pena de prisão de até seis meses.”
Pais devem ter atenção sempre
Enquanto o 30º Batalhão da Polícia Militar mantém reforço no policiamento nas ruas, a orientação da Polícia Civil às famílias é clara e objetiva: “Os pais precisam estar sempre atentos às crianças, não só por risco de sequestro, mas por qualquer outro perigo, como atropelamentos. As crianças dependem dos adultos e não têm noção do perigo”, afirmou o delegado.
Se ocorreu, tem que registrar
Por fim, Dr. Márcio reforçou que informações verdadeiras são fundamentais para o trabalho policial. “Se realmente aconteceu, procure a delegacia. A partir do registro, iniciamos a investigação e damos uma resposta à sociedade. Hoje estamos sendo surpreendidos por uma série de mensagens dizendo que há tentativas de sequestro, mas precisamos ter certeza dos fatos para agir.”
Até que haja qualquer confirmação oficial, a polícia pede cautela, responsabilidade no compartilhamento de informações e que a população busque sempre os canais oficiais para esclarecimentos.









