Marcello Medeiros
A ação de equipe de montanhistas do 16º Grupamento de Bombeiros Militares virou notícia nacional mais uma vez. Nesta terça-feira (16), o trabalho de resgate de duas escaladoras curitibanas na montanha mais famosa do país, o Dedo de Deus, teve repercussão em diversos sites, jornais e canais de televisão. Os militares de Teresópolis foram acionados para a ocorrência no final da noite de domingo, por volta das 23h, com a informação que duas mulheres estavam presas em uma das linhas de descida e que precisariam de auxílio para conseguir deixar a montanha. Devido à logística de acionamento do grupamento especial do quartel, análise da situação e acesso ao local indicado, bastante difícil devido à inclinação da trilha e trechos com muitos cabos de aço e úmidos até o ponto mais próximo das mulheres que precisavam de ajuda, o resgate só aconteceu no meio da madrugada de segunda-feira.
Apesar de experientes, as escaladoras de Curitiba não teriam conhecimento suficiente sobre os rapéis, as vias de descida do marco do montanhismo nacional. Elas optaram pelo “rapelão”, uma linha vertiginosa que sai do topo da montanha até um platô aproximadamente 50 metros abaixo – um ponto de rapel a menos do que a tradicional descida pela direção da Teixeira, caminho da conquista da montanha, em 1912. Nesse caso, porém, o escalador é projetado para fora da linha do platô no final desse segmento da descida, sendo necessário pendular para chegar à parte plana, liberar a corda continuar o retorno à base da montanha. Assim, a mulher que desceu primeiro acabou passando direto, até o final da corda, e não conseguiu retornar ao ponto desejado – ou ao cume, se fosse o caso, utilizando a técnica de ascensão em prussik. Ela ficou pendurada a uma altura de aproximadamente 500 metros em relação ao fundo do vale.
Essa não foi a primeira vez que situação do tipo aconteceu nessa linha de rapel. Com a experiência nesse tipo de ocorrência, os militares do 16º GBM subiram até a base da via Teixeira e ingressaram em fenda diagonal ao lado do início da escalada da face norte, para assim conseguir chegar à escaladora e permitir que ela retornasse a um ponto de segurança. Na movimentação antes a chegada dos socorristas, a mulher acabou batendo com o rosto na pedra e precisou de atendimento na UPA. Ela acionou os Bombeiros usando um telefone celular. A segunda envolvida não se feriu, ficando apenas presa no topo da montanha até que a corda onde estava a amiga fosse liberada.
“É importante conhecer o local e ter a técnica para fazer a trilha, caminhada ou escalada de sua escolha. Estar acompanhado de pessoas que têm entendimento da área é um diferencial. Lembre-se de avisar sempre aos familiares qual é o tipo de cenário que vai ser enfrentado, como o destino, o dia de chegada e de retorno do passeio. É claro que uma alimentação básica, abrigo para o frio e kit de primeiros socorros também são essenciais. Telefone carregado também é importante, pois pode salvar a sua vida!”, destaca o Tenente Coronel Fábio Gonçalves, Comandante do 16º GBM. O difícil trabalho de resgate foi efetuado pelo Capitão Fábio Pimentel, Tenente Pelerano e Sargentos Fragoso, Karlucio, Alexandre e Amarildo.