Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

Deputados querem compensação por prejuízos causados pela Lei Kandir

Estado mantém isenções de pagamento do ICMS e não tem retorno mesmo com queda na arrecadação

Deputados estaduais e federais cobraram na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta segunda-feira (03), a compensação financeira ao estado do Rio pelas perdas causadas pela Lei Kandir, estimadas em cerca de R$ 40 bilhões. Em vigor desde 1996, a lei prevê a isenção do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as exportações de produtos primários e semielaborados, desde que os estados sejam compensados pela queda na arrecadação. A norma, porém, não foi regulamentada e a União nunca cumpriu inteiramente a contrapartida. O tema foi discutido em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Casa que investiga a crise fiscal fluminense. Uma das saídas propostas é a revogação dos dispositivos da Lei Kandir que determinam essa isenção.
Segundo o presidente da comissão, deputado Luiz Paulo (PSDB), hoje o Rio recebe por volta de R$ 178 milhões ao ano como compensação, enquanto a perda anual do Estado, em estimativas conservadoras, está na casa dos R$ 2 bilhões. Ele afirma que o governo federal tem sido inflexível na resolução da questão. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu ao Congresso Nacional um prazo que acaba em fevereiro de 2020 para a regulamentação da Lei Kandir. “Acho que o instrumento de pressão foi consensual aqui entre deputados estaduais e federais: Trabalhar para revogar os artigos da Lei Kandir que permitem que a produção primária semimanufaturada seja isenta de ICMS. Ou seja, aqui no Rio a gente poder cobrar o ICMS na exportação do petróleo e, para os estados que vivem de agronegócio, poderem cobrar o imposto sobre a exportação de soja, milho, carne etc. Esse é um tema importante para o Brasil inteiro e a União não se mexe. Não fez nada no governo passado, não está fazendo neste”, criticou Luiz Paulo.
O deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) concorda com o fim da isenção. “Eu já participei de muitas discussões sobre a Lei Kandir e vi que não anda, o governo não reconhece o passivo. Então está bem, vamos revogar a lei. Ah, mas podem dizer que isso é um prejuízo para país. Ok, mas os estados vão ter que continuar arcando com esse prejuízo? No caso do Rio, nosso maior produto de exportação é o petróleo e do que vai para fora a gente não recolhe nada. Além de injusto, é uma tragédia”, defendeu o parlamentar. “Não sou apenas eu que desejo a extinção da Lei Kandir não, deputados inclusive de outros estados estão falando o mesmo, além ministro da Economia, Paulo Guedes”, completou.
Leal destacou ainda que o cenário do país quando a lei foi criada na década de 1990 era muito diferente. “A intenção era ajudar o superávit primário, a balança comercial, mas hoje temos outra situação. Muitos estados produzem energia, outros têm uma produção de agronegócio, e a desoneração não tem compensação. Para facilitar as exportações do Brasil, os estados sofrem por não poderem cobrar o ICMS ao qual eles têm direito”, disse o deputado.
É o mesmo que aponta o economista Mauro Osório, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): “Não tenho dúvidas de que o Rio sai prejudicado. O fato é que o governo federal até hoje não cumpriu seu compromisso, o contexto nacional mudou radicalmente e o Rio de Janeiro está numa situação econômica, social e fiscal absolutamente insustentável”, avaliou Osório.

Divisão dos royalties de petróleo
Outra questão que preocupa os parlamentares fluminenses é a redistribuição dos royalties do petróleo, tornando a partilha mais igualitária entre estados e municípios produtores e não produtores. Aprovada em 2012, a regra foi parcialmente suspensa pela ministra Cármen Lúcia, em março de 2013. Está marcado para o próximo 20 de novembro o julgamento da validade da liminar pelo STF. Caso ela caia, os deputados acreditam que as consequências serão desastrosas. “Nossa arrecadação de royalties será reduzida em praticamente dez vezes. Vai quebrar o estado”, afirmou o presidente da CPI. “Apesar de todas as dificuldades que estamos passando, essa liminar evitou que o Rio de Janeiro chegasse ao caos”, declarou Hugo Leal.
Para os participantes do encontro, é necessário criar um movimento político para defender o Rio nessa causa. “É preciso que se retire isso de pauta ou que os ministros do Supremo possam julgar a favor do Rio de Janeiro. Mas eles vão ser profundamente pressionados por governadores de outros estados, portanto, o Rio tem também que procurá-los para mostrar que somos uma das maiores unidades da federação, estamos indo para o buraco e o Brasil vai junto. Se isso acontecer, não adianta Regime de Recuperação Fiscal nenhum”, argumentou o presidente da CPI.

 

Tags

Compartilhe:

Edição 04/05/2024
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Jovem acusado de tráfico é preso no bairro do Pimentel

Guarda Civil Municipal promove ações pelo Maio Amarelo

Congresso da Juventude reúne mais de cinco mil pessoas em Teresópolis

Estácio promove semana sobre desenvolvimento socioemocional

Bolsonaro é levado a SP para tratar erisipela e obstrução

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE