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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Vinícius defende compra de ovos a R$ 11,72 a dúzia

- Assessoria faz vídeo institutional e sugere que ovo é "orgânico"

Wanderley Peres

A última tendência da gastronomia é o ouro aplicado na confecção de pratos gourmet. Um dos dos exemplos é o caviar misturado com ouro 24 quilates, iguaria importada do Mar Cáspio também servida em restaurantes indisponíveis ao homem comum no Brasil.  O ouro, que não fosse metal das nossas alianças jamais saberíamos como é, seria fonte de energia que previne inclusive o envelhecimento precoce. Parece elucubração de tão surreal, mas entendidos dizem que o consumo anual deste metal nos alimentos é de 5kg em forma de pó ou em folhas finissimas.

Mundo desigual esse em que vivemos, e que nos permite achar ter sido um erro o homem ter evoluido e não outro animal. Tivessem conseguido alcançar a evolução, os dinossauros talvez não fossem capazes de aberrações como a de comer ouro enquanto tantos passam fome. Nem saberíamos de cerimônias de aniversário para animais de estimação, absurdo que também merece ser combatido, ou de manipulação e fraude dos recursos públicos dedicados à educação e saúde, como vem ocorrendo também em nossa cidade.

Duas matérias publicadas essa semana no DIÁRIO, merecem maior reflexão. Demonstrando total descaso com o patrimônio público, a prefeitura foi flagrada transportando alunos em ambulância, isso no dia em que a manchete do nosso jornal foi a compra de ovos ditos caipiras, pela municipalidade, ao exorbitante valor de R$ 11,72 a dúzia, enquanto restaurantes pagam apenas R$ 6 a dúzia, e a feirinha ao lado da prefeitura vende o produto até por menos de R$ 10.

Com relação ao serviço de "uberlância", como ficou conhecido o caso dos estudantes transportados em vans de pacientes da Upa, o governo fez Nota Oficial afirmando que instaurou inquérito administrativo. Também exonerou, sumariamente, o chefe do setor de viaturas, um dos possíveis responsáveis pelo ocorrido e que estava no cargo comissionado até então. Essa exoneração, aliás, é outra irregularidade do governo porque foi feita com efeitos retroativos a primeiro de abril, não podendo o servidor ser, então, punido por irregularidade que a ele poderá ser creditada ao fim do propalado inquérito do qual a prefeitura não informou o número. Quanto aos ovos "de ouro", o prefeito fez diferente. Em vez de confessar que pagou caro, quase o dobro do preço de mercado, preferiu colocar seus "influenciadores digitais" para conter as críticas na internet, e fez vazar para a imprensa vídeo institucional defendendo a compra comprovadamente abusurda.

Além de errar em não reconhecer o equívoco que cometeu, o governo fez ainda pior, preferindo criar uma fake-news onde tenta convencer a população que o ovo adquirido seria ovo "caipira orgânico". Ilustração base da matéria do DIÁRIO, a cópía do contrato que a prefeitura fez com o fornecedor, deixa claro que a compra de 850 dúzias de ovos se refere a "ovo caipira", e não ovo "caipira orgânico". Aliás, por que o fornecedor contrataria com a prefeitura venda de ovos caipiras e entregaria ovos caipiras orgânicos, que custam o dobro do preço?

Segundo produtores familiares ouvidos pelo DIÁRIO, e que também se relacionam com essas cooperativas que fazem contrato com a prefeitura, Teresópolis não produz ovo caipira orgânico nessa quantidade. Não se saberia nem mesmo de produtores de ovos caipiras orgânicos certificados interior afora. 

"Nada contra e nem a favor do governo, mas achei estranho essa posição da prefeitura em relação ao ovo caipira, coisa que envolve a gente do interior. Se enrolaram na compra e acharam essa saída, ou não sabem a diferença de ovo caipira, que é um pouquinho mais caro, o ovo comum que é bem barato, e o caipira orgânico, que tem de ser caro porque é muito cara a sua produção. São três produtos diferentes. Eu acho que a prefeitura está comprando o caipira e falando que comprou o caipira orgânico pra valorizar o produto que pagou caro. Eu trabalhei na feira da agricultura familiar, estive envolvido com a Emater e desconheço produção de ovo orgânico nessa quantidade em Teresópolis. Tem o produtor Fernando, que é amigo do Vinicius, dono daquele sítio onde estão plantando lúpulo. Tem ainda o Ventura, que produz ovo orgânico, mas não sei de nenhum ovo certificado como orgânico em nossa região. Pra ser considerado orgânico certificado, tem que ter produção própria de milho, só pode ser milho orgânico, não pode usar ração, até o ninho da galinha é ela que escolhe onde fazer, não pode ter interferência do homem, e aí que está o x da questão, e é por isso que o ovo orgânico tem que ser caro. Eu acho que estão querendo vender gato por lebre porque os produtores que temos são de ovos caipiras e não de orgânicos certificados", informou à redação agricultor familiar do Segundo Distrito que participa de cooperativa e também desconfia que a prefeitura esteja querendo enganar a população.

A mentira oficial, fake-news do governo Vinicius precisa ser desmascarada. Afinal, se mundo afora tem gente morrendo de fome enquanto pessoas comem ouro, em Teresópolis faltam professores e merenda decente nas escolas, enquanto a prefeitura faz sumir no ralo da corrupção o sagrado dinheiro da comida das crianças.

A DIFERENÇA ENTRE OS OVOS

Ovo industrial (ou "de granja"): é o ovo de galinhas de linhagens geneticamente melhoradas, criadas em gaiolas e que recebem uma alimentação balanceada, com ração à base de insumos como milho e soja transgênicos. O ambiente, a nutrição e a sanidade dessas aves são controlados.

Ovo "cage free": é o ovo de galinhas industriais que não são criadas em gaiolas. Elas têm ninhos, poleiros, recebem uma alimentação balanceada e ficam em ambientes com luminosidade controlada. A ideia é prover um sistema de confinamento, mas que permita à ave expressar seu comportamento natural, com espaço para ciscar, por exemplo.

Ovo caipira: é, obviamente, o ovo da galinha caipira. A galinha caipira é uma ave de raça rústica, criada em ambiente com uma instalação fechada (aviário ou galinheiro), mas que tenha também uma área aberta de pasto. Para cada ave, deve ser oferecido 0,5 m² de pasto. A ração da galinha caipira não deve conter nenhum pigmento artificial e ela deve se alimentar também de verduras, ervas e legumes. Por comer folhas verdes e milho, a galinha ingere naturalmente um pigmento que deixa a gema do ovo mais alaranjada.

Ovo orgânico: é o ovo da galinha criada de forma similar à da galinha caipira, mas que só pode ser alimentada com insumos sem nenhum agrotóxico ou ingredientes transgênicos. É o único tipo de ovo de galinhas que não podem receber medicamentos como antibióticos e promotores de crescimento. O conceito de orgânico também determina que a criação respeite o meio ambiente, sem causar danos ao solo, ar e outras culturas de produção.

Qual a diferença entre a casca desses ovos?
A cor e a espessura da casca podem variar conforme a raça das galinhas. O sistema de criação não influencia nessas características.

Por que alguns ovos têm gemas mais alaranjadas?
A cor da gema do ovo muda conforme a alimentação da galinha. Se ela recebe alimentos ricos em pigmentos carotenoides, naturais (presentes em folhas verdes e milho) ou artificiais, a gema ficará mais alaranjada.

Há diferença nutricional entre os ovos?
Não. Os valores nutricionais de todos esses ovos são similares, segundo pesquisas.

Informações do veterinário e professor Bruno Antonio Soares, do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), de Belo Horizonte, publicadas recentemente no jornal O Globo.

TV GLOBO

"Ovo caipira orgânico", que ilustra matéria da prefeitura não é o que as escolas receberam. Não é porque a prefeitura não comprou "ovo caipira orgânico" e sim "ovo caipira" comum, que custa a metade do preço do outro, quase o preço do ovo de cartela, vendido pelos carros do ovo a 30 unidades por 10 reais

 

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Edição 23/11/2024
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