Em plena luz do dia, por volta das 12h50, um jovem para em frente ao portão de uma residência, saca uma lata de spray e escreve sua indecifrável marca em uma das colunas – sigla só identificada por ele e outros envolvidos com um dos atos criminosos mais comuns em praticamente todo o município, a pichação. A situação aconteceu no bairro do Caleme, e, após a divulgação das imagens do circuito de segurança em redes sociais, o jovem, percebendo que havia sido flagrado e que poderia responder criminalmente pelo ato, retornou ao local e realizou a limpeza a coluna. Dessa forma, não foi denunciado e escapou de ser autuado no Artigo 65 da Lei 9605/98, a Lei de Crimes Ambientais, onde responderia por vandalismo e crime ambiental, podendo pegar até um ano de prisão ao final do processo, além de multa.
Recentemente, outros dois jovens, que também poderiam estar trabalhando ou estudando para construir um futuro melhor – um inclusive com filho pequeno para criar – resolveram usar o tempo livre para um objetivo no sentido totalmente inverso: Emporcalhar muros e paredes de residências e prédios no bairro da Vila Muqui. Porém, deram o azar de escolher para o ato criminoso uma rua onde residem dois policiais militares. De folga, um deles ouviu o alerta de um vizinho, que avistou os bandidos pendurados na lateral do prédio, e os deteve rapidamente. Nessa história, que parcialmente se repete quase que diariamente, outro fato chama bastante atenção. Os criminosos também agiram em plena luz do dia. O flagrante na Rua Tabelião Luís Bessa em momento que não havia escuridão para auxiliar na camuflagem dos marginais armados com latas de spray.
Acuados pelo Sargento Neves, do 30º BPM, os rapazes desceram da lateral do edifício, onde ainda corriam risco de sofrer queda de grande altura, e ficaram rendidos em via pública até a chegada de viatura do Setor Alfa, que os conduziu para a 110ª Delegacia de Polícia. “A gente bebeu umas cervejas e resolveu fazer uma besteira dessas. Já tínhamos até parado de mexer com isso”, alegou um dos rapazes, informando ainda que poderia estar em casa ajudando a cuidar do filho. Ao perceberem que seriam detidos, os rapazes tentaram se desfazer das latas de spray de cor preta.
Indignados com o ato criminoso, moradores da Rua Tabelião Luís Bessa lembraram que, se não fosse a rápida ação do Militar, toda a via poderia ter sido emporcalhada com as indecifráveis marcas. “Bando de vagabundos. A vontade é esfregar a cara deles na parede até sair tudo. E ainda tem gente que defende esses vermes, que poderiam estar produzindo algo para a sociedade no lugar de fazer uma besteira dessas. Arte é uma coisa bem diferente disso”, pontuou o dono de um dos imóveis atacados.