Luiz Bandeira
Os proprietários de veículos automotores estão pagando cada vez mais para abastecer o carro. Há uma crise gerada por essa alta já que carro ou moto continuam sendo os principais meios de transporte do brasileiro. Aqui em Teresópoli,s alguns postos praticam preços que ultrapassam os R$ 7 no litro da gasolina e, dependendo da qualidade do combustível, a “pódium” praticado em postos da Petrobras, por exemplo, está custando mais de R$ 8 o litro. Agora, se já é ruim pra você que usa o seu veículo apenas para se deslocar, imagina para quem trabalha com transporte de passageiros como os motoristas de aplicativos e taxistas? Além disso, há também o medo gerado pelo aumento de casos de Covid-19 que tirou muitas pessoas das ruas, alguns passageiros temem ficar no ambiente de um veículo onde divide espaço com outra da qual não tem certeza se ela cumpre todos os protocolos de higiene para evitar o contágio. Estes dois fatores fizeram que o número de viagens diminuísse e que o lucro de que trabalha no transporte de passageiros diminuísse, provocando desistência de muitos trabalhadores do setor. Um levantamento aponta que 25% dos motoristas de aplicativos desistiram de trabalhar devido diminuição da margem de lucro. Essa foi a decisão de milhares de pessoas cadastradas como motoristas em aplicativos de transporte em todo o Brasil, de acordo com o número apresentado por associações.
Conversamos com o condutor Jorge Luiz, diretor da AMAT, Associação dos Motoristas por Aplicativo de Teresópolis, detentora da marca TEREDRIVER, aplicativo local para motoristas da cidade sem fins lucrativos e onde 100% da receita feita vai para o motorista, que contribui com uma pequena taxa mensal. Jorge aponta dois problemas, do motorista que trabalha só na gasolina ou no etanol, classificado por ele como trabalho inviável devido aos seguidos aumentos nos preços. “E o motorista que converteu o veículo ao gás natural GNV, esse profissional consegue ainda ‘sobreviver’, mas mesmo assim com o aumento em torno de 39% em cima do gás o lucro abaixou muito e a despesa só aumenta”, lamenta. Ele destaca que ainda tem motorista que investiu na conversão para o GNV em torno de R$ 5 mil, parcelou a conversão e amarga mais essa despesa. O diretor da AMAT lembra que ainda existem aqueles motoristas de aplicativos que alugam um carro para trabalhar, para esse ficou impossível.
Pensando em parar
Armando Nogueira, há 30 anos taxista no ponto ao lado da prefeitura, também conversou com nossa reportagem sobre as dificuldades de trabalhar no serviço de transporte de passageiros com esta escalada de alta no preço dos combustíveis. “Esta afetando muito, pois nos já estamos há quatro anos sem aumento da tarifa, com esse aumento afetou demais, você faz um ‘x’ e gasta quase todo em combustível”, relata.
Para Armando não compensa usar o etanol, pois a diferença é muito pouca. Existem aplicativos que privilegiam taxistas, mas Armando vê essa opção com certo ceticismo. “Eu não sei qual a matemática que esses aplicativos fazem, porque realmente não dá, eu já tive o aplicativo e tirei. Por que você faz uma viagem que custa seis ou sete reais e volta vazio. Então qual o lucro que esse motorista vai ter com gasolina a R$ 7?”.
Posicionamentos
Em reação à alta da gasolina no Brasil, a empresa de mobilidade 99 anunciou no último dia 19 medidas para amenizar o bolso dos motoristas da plataforma, que veem subir os custos para manter os veículos nas ruas. O Uber, principal concorrente, afirma que o preço do combustível "foge do controle" da empresa, mas afirma que já dá suporte para amenizar os gastos dos colaboradores parceiros. No acumulado deste ano até julho, o preço da gasolina já avançou 27,51%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).