Anderson Duarte
Imagine que você tenha sido convidado a ocupar um cargo público e durante sua passagem tenha conquistado significativos avanços naquilo que se propôs a fazer, com avanços importantes para a sociedade e benefícios em curso que elevaram o município no ranking da área. Agora, imagine que oito anos depois, você volta a este mesmo cargo e encontra a situação, não igual a que você tinha enfrentado, o que já seria ruim, mas muito pior. Esse foi o quadro encontrado pelo Coronel Bombeiro Flávio Castro, nosso novo Secretário Municipal de Meio Ambiente e de Defesa Civil. Retornando ao posto que ocupou entre 2009 e 2011, Castro foi o responsável pela implantação do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, reformulou Licenciamento Ambiental da cidade e fez do então aterro sanitário, um ambiente controlado e responsável do ponto de vista ambiental. Mas agora, depois de seguidas administrações sem o mesmo compromisso com os resultados positivos para a sociedade, se vê tendo que praticamente recomeçar tudo do zero.
“Uma das coisas que me surpreendeu ao voltar aqui tanto tempo depois, foi o fato de que muito do que tínhamos conseguido progredir, não ter apenas sido abandonado, mas apresentado retrocesso, ou seja, simplesmente andamos para trás. Eu chego para ajudar a reestruturar a secretaria e buscar os recursos para implementar os projetos que o Meio Ambiente e a Defesa Civil necessitam. Isso é fato, mas sei que o estrago gerado pela instabilidade política deste período foi grande demais para vencermos sozinhos. Acho que a retomada deste caminho de progresso que chegamos a registrar aqui na cidade e que foi interrompida por vários fatores, é uma missão de toda a sociedade. Fui convidado pelo Vinicius Claussen para assumir o Meio Ambiente, que hoje se integra a Defesa Civil no início da gestão, mas não pude ainda assumir o cargo, em virtude daminha posição de subcomandante do Corpo de Bombeiros em nosso estado, mas agora, com a troca do comando no governo fluminense estou a disposição da população de Teresópolis novamente. Cidade que nunca deixei de morar em todo esse período”, enalteceu Flávio.
O Coronel comandou o décimo sexto Grupamento de Bombeiro Militar entre 2011 e 2014, também foi o chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Defesa Civil em 2014; foi titular do Comando do Bombeiro da Área Serrana em 2015 e, até novembro de 2018, ocupava o cargo de Subcomandante-Geral e Chefe do Estado-Maior Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro. Esta semana Flavio Castro também foi apresentado em reunião ordinária do COMDEMA, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, onde, em cumprimento ao regimento interno da entidade, assumiu a presidência do órgão e definiu as prioridades de ação. Também na entrevista desta sexta-feira, 15, ao Jornal Diário na TV, Flávio lembrou que suas atividades prioritárias a frente da pasta estão a retomada de ações de educação ambiental, a questão do lixo e o Fundo Municipal de Meio Ambiente. “A conscientização e mobilização dos moradores a respeito da educação ambiental, a melhor gestão do aterro sanitário, o funcionamento do Fundo Municipal de Meio Ambiente para captação e aplicação de recursos são temas de extrema relevância nessa gestão”, pontuou Castro.
“Considero que um passo importante neste momento é a atualização do nosso Plano Municipal de Redução de Risco, que não sofreu nenhuma alteração significativa desde a tragédia de 2011, enquanto percebemos que muitas comunidades praticamente não são mais as mesmas depois dos reflexos negativos da catástrofe. Esse trabalho vai nos das uma noção exata de quantas pessoas estão morando em área de risco no município. Sei que é possível trabalhar para melhorar a vida da coletividade com um pouco de sacrifício de cada um de nós. Sempre fui funcionário público e tenho um pouco de experiência de gestão. Acho que posso contribuir.”, destaca.
Outro ponto lembrado e lamentado por Flávio durante a entrevista foi o fato de muitas residências deixadas pelas famílias durante a transferência para o condomínio da Ermitage, por exemplo, não terem sido demolidas. “A situação de risco iminente dessas residências foi identificada em avaliação feita por técnicos, inclusive com o apoio de especialistas do Departamento de Recursos Minerais, da Emop, na época, enfim, perdemos uma oportunidade de evitar esse risco para nossa população. Todos os moradores dessas casas foram visitados por equipes sociais e ficou determinado que quase a totalidade delas deveria sair por medida de segurança, para que essas áreas pudessem ser reflorestados e evitasse assim futuras ocupações, e não foi o que aconteceu infelizmente”, lamenta Flávio lembrando que hoje, a incerteza com relação ao quadro geral da população em área de risco traz a impossibilidade de enfretamento eficiente ao problema.