Luiz Bandeira
Nesta quinta-feira, 19, policiais da 110ª Delegacia de Polícia, em Teresópolis, deflagraram a Operação Parasita, que buscou cumprir cinco mandados de prisão para os membros principais de uma organização criminosa que causou um prejuízo estimado em R$ 11 milhões a uma idosa de 88 anos e 11 mandados de busca e apreensão para a residência de todos os envolvidos. Segundo a polícia, o homem considerado líder da quadrilha, Bruno L.R., foi contratado em 2018 para trabalhar como pedreiro no sítio da vítima na Cascata dos Amores. Ao final do serviço ganhou a confiança dela e passou a exercer a função de motorista. Bruno então convenceu a vítima a contratar seus sogros como caseiros do Sítio São Francisco, pessoas que posteriormente teriam topado participar do ato criminoso que consistiu em dopar a vítima para lhe tomar tudo que fosse possível. Também são investigados um tio de Bruno, e seria o responsável por transferências bancárias, e ainda o jardineiro Alexandre C.F., que nesta quinta-feira se entregou voluntariamente à polícia. Entre os suspeitos de envolvimento no esquema está um auditor fiscal chefe da Receita Estadual.
De acordo com as investigações, integrantes da quadrilha passaram a trabalhar para a idosa em 2018, exercendo funções domésticas e, a partir disso, começaram a dopar a vítima para se apropriar de seu patrimônio. Segundo a polícia, eles usaram o medicamento Clonazepam, conhecido pelo golpe "Boa Noite, Cinderela", para fazer transferências, saques, emissões de cheques e aquisição de bens, como carros de luxo. O delegado titular da 110ª DP, Marcio Mendonça Dubugras contou à reportagem do jornal O Diário e Diário TV como era o esquema. “A partir de janeiro de 2019 começaram a ser feitos vários saques na conta da vítima com valores altos, várias transferências bancárias para eles e para terceiros e também a emissão de cheques. Com relação às transferências eles usaram por muitas vezes contas de terceiros, que sacavam o dinheiro, em espécie repassavam para os membros da quadrilha e ficavam com cinco por cento do valor”, pontuou.
No ano passado, a quadrilha conseguiu forjar uma declaração de união estável entre a vítima e um dos membros do grupo e passou a vender todos os imóveis da idosa, que tinha quatro apartamentos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e Copacabana, na Zona Sul. As quantias negociadas foram bem inferiores ao valor de mercado, para que os criminosos obtivessem o dinheiro rapidamente. Além disso, o sítio da mulher foi transferido para um dos membros da organização como conta o delegado. “Eles também fizeram um contrato simulado de compra e venda do sítio do qual ela residia. Esse imóvel não é mais dela, é do chefe da quadrilha”.
As investigações começaram no início de março deste ano, quando a vítima deu entrada em um hospital com suspeita de traumatismo craniano. A senhora atualmente apresenta distúrbio mental causado, possivelmente, por uso excessivo do Clonazepam. A vítima não tem filhos e não é casada, segundo a polícia, quem ajudou muito foram pessoas da família, parentes que contribuíram com a investigação. Os suspeitos são investigados por roubo qualificado, organização criminosa e lavagem de capitais. “A polícia acredita que se a família não tivesse agido retirando ela do local, conseguindo a tutela dela e a policia não tivesse trabalhado, eles acabariam atentando contra a vida dela”, concluiu o delegado.