Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A família da vereadora Marielle Franco, assassinada em março deste ano na região central do Rio, pediu garantias de segurança ao governo do estado. Os parentes de Marielle alegam que estão recebendo ameaças, tanto por redes sociais quanto pessoalmente. O pedido foi feito nesta segunda-feira (20) ao secretário estadual de Segurança, general Richard Nunes, durante reunião no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
“Tanto eu quanto a Mônica [Benício, viúva de Marielle] temos recebido ameaças desde o início. Desde que a gente tomou a frente para falar. Eles [falaram que] vão tomar medidas. Vai ser anunciado ainda. Ele [secretário] falou que é um dever do estado. Nós reiteramos hoje o pedido, e a gente vai ter uma resposta em breve", disse Anielle Franco, irmã de Marielle.
Ela contou que a família tem sido ameaçada com discursos de ódio. "A gente passa na rua, alguém fala alguma coisa, ou alguém nos segue. A gente não tem nada que possa, de fato, dizer que alguém botou uma arma. Mas são vários discursos [de ódio], tanto pelas redes sociais quanto presenciais”, acrescentou a irmã da vereadora.
Segundo Anielle, foram pedidas ações que garantam pelo menos alguma segurança no dia a dia dos familiares da vereadora.
“Pedimos medidas cautelares, pelo menos alguma coisa de [segurança] em rota, porque a nossa vida continua a mesma, indo trabalhar todo dia, levando filho para a escola. Então, queremos proteção para a família inteira. Por enquanto, não temos nada.”
Também participaram da reunião com o general Richard a mãe de Marielle, Marinete da Silva, o pai, Antônio Francisco da Silva, e a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, que comentou a possível participação da Polícia Federal nas investigações sobre a morte de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.
Anistia Internacional
“O general Richard nos disse que a Polícia Federal, desde antes, já colabora com as investigações. E não há nenhuma restrição do secretário em relação à participação dela {Polícia Federeral] no apoio à investigação. Mas ele reiterou a confiança na equipe de investigação do Rio de Janeiro”, relatou Jurema.
Segundo Jurema, também foi anunciada a entrada no caso do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), além da criação de uma comissão independente, proposta pela organização não governamental (ONG) da qual é diretora.
“Eles nos deram boas notícias, como o futuro envolvimento do Gaeco nas investigações. Outra notícia boa foi em resposta à Anistia Internacional, de haver um mecanismo independente de monitoramento e acompanhamento das investigações. O general disse que apoia a nossa proposta e que está aberto a dar espaço para uma comissão independente, formada por peritos, juristas, pessoas imparciais e sem vínculo com o estado”, afirmou Jurema.
Ao final do encontro, o coronel Roberto Itamar, que vinha respondendo pela Comunicação Social do Gabinete de Intervenção Federal, informou que se desligou da função, “por motivos funcionais”. O nome de seu sucessor ainda não foi anunciado.