Marcello Medeiros
Pouco mais de três meses após a prisão dos vereadores Cláudia Lauand, Dedê da Barra, Leonardo Vasconcellos, Pastor Luciano, Rock e Ronny Carreiro, em operação do Ministério Público e Polícia Civil, a Câmara Municipal realizou sua primeira sessão com os 12 representantes do povo no plenário. Os seis suplentes dos edis acusados de peculato e corrupção foram empossados nesta terça-feira (02), no primeiro encontro dos vereadores após o período de recesso. João Miguel, Hygor Faraco, Raimundo Amorim, Ângelo Gallo, Alessandro Cahet e José Carlos da Estufa assumiram as funções que não sabem até quando terão que cumprir – visto que a qualquer momento um dos seis presos pode conseguir alguma decisão judicial favorável e, dessa forma, até retornar à Câmara. No caso de Estufa, a informação extraoficial é que ele deve deixar a suplência em breve: Há cerca de um mês no cargo de secretário municipal de Agricultura, ele pediu exoneração para participar do rito legal no Legislativo e, posteriormente, após cumprir o trâmite esperado de um substituto, retornaria à função no governo Vinicius Claussen.
A nova administração, aliás, foi o principal foco da primeira sessão com a presença dos 12 vereadores. Tanto eleitos quanto suplentes recém-empossados trabalharam o discurso de união e apoio mútuo entre Legislativo e Executivo para o crescimento de um município bombardeado por anos seguidos de péssimas administrações. João Miguel, do PSDC, foi um dos recebeu a missão de tentar resolver anos de problemas e falta de compromisso com a coisa pública. “Gostaria de agradecer a todos que sempre estiveram do meu lado, sempre fui bem votado e agora chegou a hora de retribuir. Temos que unir executivo e legislativo para as coisas andarem. Estavam sempre em briga e nada andava. Assim quem perde é a população. Nós temos que trabalhar, botar cara e trabalhar, ir para a rua. Não quero ser um vereador de gabinete, quero estar nos bairros, no interior, e ajudar o novo prefeito nessa luta aí”, pontuou o suplente do Pastor Luciano.
Sem quórum por diversas semanas, a Câmara não estava apresentando sequer proposições. Por isso, a primeira sessão com a casa cheia foi recheada de pedidos de melhorias em bairros, reformas em escolas e, principalmente, relacionando reclamações sobre o problema da iluminação pública em diversas comunidades. Vereador em outros mandatos, o médico Raimundo Amorim lembrou que tal situação é vergonhosa e questionada há muitos anos. Segundo ele, se todas as lâmpadas pedidas tivessem sido instaladas, “Teresópolis seria a verdadeira cidade luz”.
Prefeito pede ajuda
Falando em iluminação, quem “buscou uma luz” na Câmara Municipal nesta terça-feira foi o prefeito Vinicius Claussen, que no fim de semana completa um mês à frente do governo municipal. Após acompanhar toda a sessão do Legislativo, ele elogiou o trabalho realizado pelo vereador Pedro Gil, que assumiu a prefeitura entre a saída do então ficha suja Mário Tricano e a realização da eleição suplementar, destacou a caótica situação que encontrou após assumir sua cadeira no Palácio Teresa Cristina e a necessidade de transparência e união para a reconstrução de Teresópolis. “Estamos começando uma nova fase no município, de diálogo, de transparência, de visão coletiva. Precisamos unir Executivo, Legislativo e Judiciário… E, juntos, sem vaidades, tirando as intenções pessoais, para servir Teresópolis. Está na hora de pensar a cidade juntos, de sonhar juntos e conquistar juntos”, enfatizou.
E uma das primeiras ajudas que o prefeito irá buscar junto aos vereadores é a aprovação da flexibilização do orçamento municipal, bastante prejudicado por conta da péssima e irresponsável administração Tricano. Entre outros problemas, ele citou a utilização de aproximadamente R$ 60 milhões dos recursos deste ano para quitar contas de 2017, o que prejudica o fechamento dos trabalhos do semestre em curso. Vinicius também destacou a necessidade de apoio para resolver a questão da saúde. “Tenho certeza que os vereadores vão receber nossas demandas. Uma delas é permitir que orçamento seja revisado, seja flexibilizado, que haja um percentual de remanejamento das contas. Demandas sobre mais valia, anistia, concilia, todos esforços unidos para que consigamos arrecadar com qualidade e honrar o pagamento de servidores e inativos. Para nossa gestão é o mais importante, além da saúde logicamente. Sabemos a situação que o município se encontra. Estamos fazendo uma avaliação do nosso sistema de saúde e ajuda do governo federal. O Secretário Nacional de Saúde esteve em Teresópolis na semana passada e nos próximos dias o Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, também virá a Teresópolis. Todo o dia procuramos alinhar novamente o sistema se saúde e atender a população, uma vez que a saúde não pode esperar, não pode ser agendada, tem que ser atendida, e com humanismo, o que é o mais importante”, destacou.
A prisão dos vereadores
Metade dos vereadores de Teresópolis foi alvo de prisão em uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil realizada no dia 25 de maio passado. Foram presos Claudia Lauand, a "Dra. Claudia", Eudilbelto José Reis, o "Dedê da Barra", Leonardo Vasconcellos de Andrade, Luciano dos Santos Cândido, o “Pastor Luciano”, Rocsilvan Rezende da Rocha, o "Rock", e Ronny Santos Carreiro. Segundo as investigações, eles teriam se unido para exigir do ex-prefeito a indicação de empresas a serem contratadas, sem as devidas licitações, para realização dos serviços de iluminação pública municipal, cemiteriais, estacionamento rotativo pago e saneamento básico no município, além de contratação de pessoas indicadas por eles para cargos comissionados no poder executivo. Luciano foi denunciado também por corrupção ativa pela suspeita de oferecer a um ex-secretário municipal o pagamento de R$ 300 mil por mês, em troca da indicação de uma empresa para prestação do serviço de coleta de lixo. A médica Claudia Lauand foi acusada de crime de peculato, por empregar o marido e uma mulher que estaria recebendo somente parte do salário e devolvendo o restante para a vereadora. Os seis edis estão em unidade prisional da Polinter, no Rio de Janeiro.
“Um dos pedidos que será feito aos vereadores é permitir que orçamento seja revisado, seja flexibilizado, que haja um percentual de remanejamento das contas”, relatou Vinicius Claussen em entrevista à DIÁRIO TV