Anderson Duarte
Nesta semana, o Jornal Diário na TV recebeu em seus estúdios o médico cardiologista Marcos Domingos Peroni, um dos maiores especialistas da área em nossa região, para discutir um assunto muito importante para uma cidade como a nossa que registra baixas temperaturas neste período do ano. Dentro do corpo clínico do Hospital São José, Domingos alerta já ter percebido um aumento considerável na incidência dos males cardiovasculares com a queda dos termômetros, especialmente entre as parcelas mais frágeis de nossa sociedade, e o cardiologista alerta que, para os idosos, os perigos são ainda maiores. Nas doenças cardíacas, o frio pode agravar os sintomas da angina, aumentar a tensão arterial e o risco de o idoso ter um acidente cardiovascular. Segundo Marcos Domingos, neste período de inverno que vivemos, o organismo está mais suscetível às doenças virais, que podem promover uma demanda maior de esforço do organismo, causando desequilíbrio do músculo cardíaco, promovendo quadros de insuficiência cardíaca em que o principal sintoma é a falta de ar durante os esforços.
O alerta começou quando especialistas pelo mundo começaram a observar o aumento da mortalidade por doença cardiovascular durante o inverno, algumas pesquisas, por exemplo, mostram que em temperaturas mais frias, com médias diárias abaixo de 14ºC, ocorre um aumento de até 30% nos casos de morte por infarto do miocárdio. O clima frio desencadeia também outras doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, angina e arritmias cardíacas. Pessoas que apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes, tabagistas e idosos são as mais vulneráveis. Ainda de acordo com o especialista, a exposição intensiva ao frio pode acarretar o aumento da pressão sanguínea, mas outro fator merece atenção: a variação súbita da temperatura. Conhecido como choque térmico a transição de um ambiente muito aquecido para um lugar mais frio pode também desencadear alterações cardíacas.
O cardiologista ressalta também que é preciso redobrar o cuidado com o aquecimento do corpo e do ambiente, bem como também a vacinação contra a gripe, especialmente nos idosos. “Ao sentir o frio, os receptores nervosos da pele estimulam a liberação de adrenalina e noradrenalina, este último um hormônio responsável por contrair os vasos sanguíneos. Com o consequente estreitamento dos canais de circulação do sangue, embora não tão significativo, pode gerar rupturas de placas de gordura, no interior das artérias coronárias, que irrigam o coração. Neste processo, as proteínas e plaquetas do sangue são designadas para reverter o quadro, e isto aumenta as chances de formar coágulos. Eles que são responsáveis pelo entupimento das artérias e podem causar infarto do miocárdio”, explica o médico.
“Com o frio muito comum da nossa cidade, um estranho fenômeno fica mais evidente e acaba preocupando muita gente, mas não é motivo para tanto. As mãos podem mudar de cor, do normal para o branco, do branco para o roxo, do roxo para o vermelho. O tempo frio influencia na incidência de fenômenos circulatórios que causam alterações de coloração das extremidades. E um dos mais comuns é fenômeno de Raynaud, que é essa alteração, que se caracteriza por alteração de coloração das mãos e pés. Essas mudanças de cor podem ser uma alteração primária, ou seja, sem nenhum outro mal por trás, mas é importante que o médico faça uma análise, já que o Raynaud também pode ser secundário, ou seja, motivado por outras doenças, aí sim motivo de preocupação”, lembra o médico.
Para Marcos Domingos, algumas dicas são essenciais, tais como: “Se você tem mais de 60 anos proteja-se do frio, ele pode fazer mal ao seu coração. Se você é diabético, ou é hipertenso, evite sair em dias muito frios, principalmente quando estiver em ambientes aquecidos. Se ainda assim, você possui uma doença no coração e precisa sair no frio, então proteja-se, use luvas nas mãos e cubra seu rosto quando a temperatura estiver abaixo de 15 graus e, principalmente, se estiver ventando muito, algo muito comum em nossa cidade, sobretudo nos últimos dias. Quanto a vacina, que falamos anteriormente, o mais importante, já que a vacina da gripe ajuda a prevenir infarto no inverno, é que se faça a imunização a partir de abril, sobretudo aos nossos amigos idosos. E lembrem-se que os riscos crescem em especial para pessoas que já apresentam alguma predisposição e para aquelas que sofrem de problemas do coração”, explica.