Marcello Medeiros
Cerca de um mês atrás, o brasileiro se desesperou para conseguir combustível nos postos de vários municípios por conta da paralisação dos caminhoneiros. Dias após a normalização do abastecimento, os preços nas bombas dispararam e, a partir de meados de julho, tais valores ganharam nova realidade: O etanol teve redução de até R$ 1 em diversos postos, fazendo com que muitos proprietários de veículos flex mudassem a preferência na hora de encher o tanque. Porém, mesmo com valores mais em conta, nem sempre pode ser vantajoso fazer a substituição. É preciso comparar com o que está sendo cobrado pela gasolina e também prestar atenção em hábitos do próprio motorista, segundo alertam oficinas especializadas.
Em relação à diferença no preço cobrado nas bombas, é preciso levar em conta que o consumo de etanol é um pouco maior que o de gasolina pelo mesmo motor. Em média, os carros leves mais utilizados nas ruas gastam 30% a mais com etanol do que com gasolina percorrendo a mesma distância. Dessa forma é preciso fazer a seguinte conta antes de indicar ao frentista qual combustível abastecer: Pegue o valor da gasolina e multiplique por 0,70. Se o preço final for menor do que custa o litro do etanol, essa deve ser a preferência. Por exemplo. Em Teresópolis a grande maioria dos postos cobra R$ 4,79 pela gasolina e R$ 2,99 pelo etanol: 4,79 x 0,70 = 3,35. Ou seja, em relação ao preço compensa utilizar o derivado da cana de açúcar.
Porém, é preciso pesquisar um pouco mais antes de fazer a substituição – mesmo que o valor final seja atraente. Oficinas especializadas recomendam aos motoristas que utilizam pouco seus veículos que continuem com a gasolina e, para aqueles que rodam com mais frequência, tenham atenção com outros pontos. “A gente tem que ter certos cuidados. O primeiro, essencial, é quando abastecer com álcool rodar no mínimo 10km com o carro direto, não rodar e parar, para ter uma reprogramação da unidade de comando do veículo. Senão ela entende que está com gasolina no carro e pode não pegar no dia seguinte. A segunda recomendação é olhar o reservatório de partida à frio, ver como está, se está funcionando certo, e abastecer com gasolina da melhor qualidade possível, a podium, por exemplo, que é uma gasolina diferenciada. Já quem roda pouco, por conta dessas situações, recomendo continuar na gasolina”, explica Eraldo Cruz, da Eraldo Mecânica, oficina localizada na Avenida Feliciano Sodré, na Várzea.
Além disso, de forma geral é possível afirmar que a gasolina é mais apropriada para aqueles motoristas que usam mais o carro para viagens, pois tem maior autonomia e assim reduz o número de paradas para abastecer. Já para aqueles que fazem trajetos mais curtos, principalmente dentro das cidades, o álcool pode ser uma boa opção. Mas é importante fazer as contas, considerando seus hábitos na direção e o consumo, o rendimento e o tipo de uso do seu veículo. Para os motoristas que preferem usar o etanol, é recomendado que a cada cinco mil quilômetros percorridos com o combustível seja usado um tanque de gasolina na sequência, para limpar os bicos injetores. A gasolina é um combustível mais denso, por isso ela pode ajudar na tarefa de limpar os bicos. Já o álcool possui alguns resíduos que podem causar o entupimento destes componentes.
Eraldo Cruz, da Eraldo Mecânica, lembra que é preciso ter atenção na hora de trocar a gasolina pelo álcool