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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Desabastecimento começa a afetar estabelecimentos comerciais

Menos linhas de ônibus e abastecimento de água também é prejudicado por conta da paralisação das entregas

Marcello Medeiros

O quarto dia da paralisação dos caminhoneiros em protesto pelo alto valor dos combustíveis em todo o país, entre outras exigências, começou com grandes filas nos postos em Teresópolis. Com a grande procura, antes do final da manhã a notícia era a mesma em praticamente todos eles: “Acabou tudo”. No final da tarde, só havia sobrado diesel em alguns estabelecimentos do tipo, como os localizados no bairro do Alto. Isso porquê os veículos que utilizam esse tipo de combustível, em sua grande maioria, estão parados nas estradas ou nos pátios das empresas em apoio à manifestação. Mas a preocupação em relação ao desabastecimento vai muito além do precioso líquido utilizado para mover carros, motos e caminhões… Nesta quinta-feira alguns estabelecimentos comerciais já registravam a falta de diversos produtos, principalmente legumes, verduras, hortaliças e frutas, além de alguns tipos de laticínios.
Estivemos em alguns supermercados, registrando prateleiras e bancadas vazias. No Multi Market, por exemplo, o setor de hortifruit já estava bastante deficitário. Segundo informado, não havia nada além do que estava exposto. Entramos em contato com a direção do Flor da Posse, que confirmou também o fim do estoque de frutas e legumes, além de pouco a ser comercializado nos setores de laticínios e carnes. Em relação aos derivados de leite, a informação é que as fábricas de todo o país pararam a produção para evitar desperdício e ainda mais prejuízo. Um dos principais do setor, mesmo o Green Fruit já não tinha mais batata e cenoura, além de informar que outros produtos estavam no fim de estoque. “Estamos com dois caminhões parados na estrada, duas carretas carregadas. Uma fica refrigerada, mas depende de estar ligada, gastando diesel. No caso do hortifruit não tem como estocar, é complicado. Não ficamos em situação pior porque tínhamos alguma coisa em nosso estoque central”, relatou o empresário Carlinhos da Serra.
Além de produtos, alguns serviços começaram a ser reduzidos a partir desta quinta-feira. As Viações Dedo de Deus e Primeiro de Março anunciaram a redução do número de linhas, com exceção dos horários escolares, “otimização necessária para ampliar o atendimento caso a entrega de diesel não seja normalizada”. Já a Viação Teresópolis informou que, por enquanto, mantém operação normal. “Nenhum horário foi afetado ou há previsão de cortes. O abastecimento interno ainda está suprindo nossa demanda”, informou a empresa, em nota caminhada à redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV.

Economia de água
A Cedae pede à população que economize água nos próximos dias. De acordo com a concessionária, a greve dos caminhoneiros pode atrasar a entrega de produtos químicos necessários ao tratamento da água destinada aos consumidores. Em Teresópolis, outros problemas estão sendo registrados. Um transformador esperado para recuperar o Sistema São Pedro está retido na barreira de caminhões em Guapimirim. Além disso, a empresa não tem combustível para manobras e serviços de manutenção.

Energia elétrica
A Enel Distribuição Rio informa que alguns serviços da companhia estão sendo afetados pela greve dos caminhoneiros. Em algumas regiões, equipes estão tendo dificuldades de deslocamento, por conta de bloqueios em estradas e falta de combustível. A distribuidora ressalta que está priorizando atendimentos emergenciais até que a situação se normalize.

Policiamento
Em nota, o 30º Batalhão de Polícia Militar informou nesta quinta-feira que medidas administrativas já foram adotadas de forma que não haverá redução de policiamento, ou qualquer prejuízo na ostensividade em razão da greve dos caminhoneiros. “Aproveitamos a oportunidade para informar que, como parte das medidas adotadas durante a Intervenção Federal, o reforço de Policiais Militares no RAS (Regime Adicional de Serviço) a serem aplicados diariamente no patrulhamento de nossa cidade”, informou o quartel.

Sem consenso
Na segunda reunião com representantes de onze categorias de caminhoneiros, o governo buscou um acordo, mas nem todos os presentes aceitaram a proposta. O representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, negou o acordo proposto pelo governo de suspender a paralisação por um período entre 15 dias a um mês enquanto o governo continua trabalhando para resolver o problema da redução do preço do diesel.   Lopes disse que outros líderes da categoria se mostraram receptivos à proposta de suspender a paralisação, mas ele se recusou e deixou o local antes do fim da reunião. A Abcam representa 700 mil caminhoneiros, com 600 sindicatos espalhados pelo Brasil.
“Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. Eu coloquei que respeito o que meus colegas pediram e estão sendo atendidos, que acho ser coisa secundária, e disse que vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes. Ele disse ainda que não fala em suspender a paralisação enquanto o Senado não aprovar a isenção do PIS/Cofins, projeto aprovado pela Câmara na terça-feira.

Descumprimento de acordo
Associações que representam produtores de carne e hospitais alegaram nesta quinta-feira (24) que os caminhoneiros, parados em rodovias de mais de 20 estados do país, estão descumprindo o acordo que prevê a circulação de caminhões que transportam produtos perecíveis, carga viva, medicamentos e oxigênio hospitalar. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa recebeu relatos de que cargas vivas estão sem alimentação há mais de 50 horas. A ABPA também relata que vários caminhões de ração estão paradas, sendo que a situação nas granjas produtoras é "gravíssima", com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais. "A cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura do país iniciou esta quinta-feira com 120 plantas frigoríficas paradas – produtoras de carne de frango, perus, suínos e outros. Mais de 175 mil trabalhadores estão com atividades suspensas em todo o país", informa a nota da entidade.

Medicamentos e insumos hospitalares
Já a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) enviou um comunicado às lideranças grevistas dos caminhoneiros solicitando a liberação de cargas de gases medicinais (como oxigênio, por exemplo), medicamentos e outros insumos hospitalares. A entidade ressalta que os hospitais associados e parceiros comerciais do segmento começam a detectar queda substancial dos estoques e uma iminente falta de insumos nas instituições de saúde, que pode ameaçar o bem-estar e a vida dos pacientes atendidos.
Ao fim da nota, a entidade também reconhece as reivindicações dos caminhoneiros, mas chamam a atenção para o direito à vida e à saúde: "Reconhecemos o direito de greve garantido pela Constituição Federal, porém entendemos que o direito à saúde e à vida, assim como o dever das instituições hospitalares de prestarem atendimento deve prevalecer."
Hoje pela manhã, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, garantiu, em Brasília, que os caminhoneiros não estão proibindo a passagem de veículos que transportam itens essenciais como remédios, cargas vivas, produtos perecíveis ou oxigênio para hospital. De acordo com Fonseca, ônibus com passageiros e ambulâncias também estão podendo passar pelos bloqueios.

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Edição 26/11/2024
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