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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Um Paquequer que poderia ser explorado turisticamente

Rio tem dezenas de corredeiras e cachoeiras com quedas de mais de 100 metros, mas é "invisível" aos olhos dos teresopolitanos

Paquequer, um rio que nasce e morre todos os dias. Das águas cristalinas nas montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos ao esgoto misturado com lixo na foz, ele é exemplo de vida e desprezo. Falando em vida, nunca é demais citar as famílias de capivaras que são atração quando nadam nos trechos urbanos, principalmente, além de várias outras espécies que vivem ou buscam parte do que precisam para sobreviver no nosso principal curso d´água. Na coluna de hoje, vamos mostrar que o rio, além de sinônimo de renovação, poderia ser mais uma fonte de renda para o município através do turismo: Suas cachoeiras poderiam ser atrativos e as corredeiras ideais para a prática de esportes, como o rafting, por exemplo, caso houvesse um planejamento para sua recuperação ambiental.
De volta ao início, nos domínios do PARNASO existem dezenas de cachoeiras e poços, muito procurados no verão. Inaugurado em 2009, o último trecho da Trilha Suspensa permite ao visitante ver bem de perto um rio totalmente limpo, que convida ao banho. Após receber a água do rio Beija-Flor, o Paquequer segue por dentro da sede local da unidade de conservação. Ao lado da portaria do parque, abaixo da ponte Slooper, as cachoeiras também tem muita visitação.
Já tendo recebido muito esgoto dos bairros do Comary, Ilha do Caxangá, Araras e Beira-Linha, várias corredeiras e uma grande queda chamam a atenção na Cascata Guarani. Esse trecho, nos saudosos tempos em que se podia tomar banho no Paquequer, era bastante frequentado – há diversas fotos antigas conhecidas na Cascata, hoje completamente descaracterizada pelas construções nas suas margens, assoreamento e o lixo. Para facilitar a identificação do leitor, essas quedas ficam próximas à entrada da Beira-Linha, através da Avenida Alberto Torres.
Na primeira edição do projeto SOS Paquequer, em 2008, foi um dos trechos mais difíceis a serem percorridos pelos barcos dos ambientalistas. “Em um lugar há uma queda de mais de dez metros de altura. Tivemos que descer as embarcações e depois passar pela margem e até pela água”, lembra Doldaninho “Zico” Barbosa, um dos idealizadores do movimento de conscientização ambiental.

Grandiosidade abandonada
Uma das maiores e mais bonitas quedas do Rio Paquequer é a Cascata do Imbuí, com mais de 100 metros de altura. Mas, apesar de tanta beleza toda aquela água é a mesma que cruza a cidade, ou seja, tomada pelo esgoto domiciliar, garrafas pet e sacolas plásticas. Além disso, o que deveria ser mais um ponto turístico está abandonado e é desconhecido da grande maioria dos teresopolitanos.
Recentemente, após a publicação de reportagem sobre o assunto, recebemos diversos e-mails de leitores mostrando sua indignação pela maneira que o rio vem sendo tratado, por quem deveria trabalhar pela sua recuperação, independente de cargo político. Entre os e-mails, um destacava justamente a Cascata do Imbuí. “Água é vida. Todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, disso. Vejo muita gente reclamar do estado do rio, mas essa mesma pessoa joga lixo rua, joga resto de obra nas margens… Contribuindo assim para a degradação do Paquequer”, atentou o leitor Carlos Eduardo Cordeiro. 
“Teresópolis cresceu de forma desordenada, está favelizada, mal tratada, mal cuidada (uma pena por ser uma cidade histórica, turística e de uma beleza natural peculiar) mas isso não justifica que a sua população, de um modo geral, trate tão mal um rio como tem tratado. O lixo inorgânico na minha opinião é intolerável, fruto da total falta de educação e cidadania. Algo que pode ser revolvido a curto prazo com a conscientização das pessoas, educação das crianças nas escolas, mobilização da sociedade com um programa educativo e participativo nos jornais, nas rádios, televisão e principalmente nas ruas e com a população ribeirinha. Já o lixo orgânico, proveniente dos esgotos, um problema muito mais complexo e de difícil solução a curto-médio prazo que envolve governo e sociedade como um todo”, completou Fernando Pereira, que mora no Rio de Janeiro e tem um apartamento para fins de semana em Teresópolis.
Não fosse a água do Paquequer tratada como destino de todo o esgoto da cidade, o nosso principal rio, com certeza, seria um local ideal para a prática de esportes. A partir da localidade do Matadouro, divisa com Córrego dos Príncipes, até o encontro com o Rio Preto, em Providência, há dezenas de corredeiras. No Matadouro, não muito das casas populares construídas pela prefeitura, além de uma queda de aproximadamente cinco metros de altura há um grande poço, que certamente seria um point para o banho se a situação fosse diferente.

Falta interesse político
As corredeiras do nosso principal curso d´água são apenas um pequeno exemplo das suas belezas e de que elas deveriam ser melhor aproveitadas – ou, no caso, recuperadas. Como afirmei no começo do texto, o “Paquequer é um rio que nasce e morre todos os dias”. Ainda está longe de o teresopolitano entender sua grandiosidade e suas maravilhas e, mais do que isso, sua importância para a VIDA em nosso município. Temos que entender que fazemos parte desse tão falado “meio ambiente” e que ele não é apenas “o mato que nos cerca”.
Outro ponto que deve ser observado é o grande desinteresse político. A responsabilidade da manutenção do Paquequer e outros rios é do Instituto Estadual do Ambiente, o Inea, que, por sua vez, raramente aparece por aqui e, quando coloca suas máquinas e pessoal, é, no máximo para realizar um questionado desassoreamento – isso a cada quatro ou cinco anos. Mas evitar que mais lixo ou esgoto sejam despejados criminosa e continuamente, promover a recuperação da mata ciliar, entre outros por menores voltados para a educação ambiental, também é função da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Essa, por sua vez, é uma das muitas pastas que parece ter sido desativada no atual governo municipal diante da sua total inoperância.

 

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Edição 23/11/2024
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