Marcello Medeiros
Entra prefeito, sai prefeito. Vem liminar, cai liminar e nada funciona da maneira que deveria em Teresópolis. A instabilidade política tem gerado um caos em vários setores nos últimos anos, entre eles a saúde. Porta de entrada na rede pública, a Unidade Pronto Atendimento vive o que parece ser uma crise sem fim por conta da falta de comprometimento de todos os gestores que passaram pelo Palácio Teresa Cristina, pessoas que se mostraram mais preocupadas em beneficiar organizações sociais do que garantir o essencial serviço ao teresopolitano. Nesta quinta-feira, 03, aconteceu mais um triste capítulo da história da UPA. Sem medicamentos e equipamentos adequados, os profissionais da unidade se viram obrigados a cruzar os braços novamente, acontecendo apenas atendimentos emergenciais e análises médicas no setor de pediatria. Além de faltar o básico esperado para a prestação do serviço, importante destacar que médicos, enfermeiros, atendentes e outros profissionais estão com salários em atraso.
A maioria das pessoas que buscou atendimento nesta quinta-feira precisou retornar para casa sentindo as mesmas dores ou recorrer a um a unidade particular. Fora o pronto socorro, importante destacar que para quem está com algum amigo ou familiar internado na UPA, o drama também é enorme. É caso de José Maria Barbosa e Anita Oliveira, que há uma semana tem um parente vivendo triste situação pela falta de organização e gestão adequada. “Meu irmão (José Francisco Barbosa) ficou no pronto socorro, foi transferido sala amarela e se encontra lá há uma semana. Está com pedido de ecodopler para fazer nas duas pernas e nada. É precisamos amputar um dedo do pé dele, por conta de um problema de vascularização, e já está podre. O laudo é bem claro. Se não cortar pode perder o pé e até a perna. Não temos onde correr, pois mesmo para levar para unidade particular e fazer ecodopler tem que ter autorização médico. Hoje não tem sequer médico atendendo e estamos sem saber o que fazer. É importante deixar bem claro para a população que médicos e enfermeiros são super dedicados, mas são limitados, não podem fazer tudo, dependem do sistema. Meteram política no meio e complicaram tudo. Infelizmente nós sabemos que a saúde está doente, que faltam equipamentos, medicamentos, que a direção da UPA faz o que é possível, mas existem politicagem no meio e complica tudo”, enfatiza José. “Ele está sofrendo muito. Precisa ecodopler para ser transferido e nada. Mandam para um lugar e a gente vai, para outro vai, mas nada. A família conseguiu dinheiro para atendimento particular, mas não tem médico para dar autorização. Ele está apodrecendo em vida, está vivendo uma situação insuportável e cada vez mais debilitado”, completa a filha Anita Oliveira.
Em sua página na rede social Facebook, o antigo gestor da Unidade de Pronto Atendimento, Bruno Rezende, disse que foi chamado pelos outrora comandados para tentar auxiliar de alguma maneira. “Cheguei aqui às 9h30 e não tem um antibiótico, não tem remédio, não tem nada. O médico não pode assumir responsabilidade de atender porque corre risco do paciente morrer sem medicação. Eles estão sem salário e sem satisfação do poder público de quando vai pagar, como vai pagar, por isso a população não pode ficar contra os profissionais, eles não têm condições de atender. Ou o prefeito Pedro Gil toma posição de urgência para poder sanar problema, pelo menos dando condição de funcionar, ou população tem vir para cá e mostrar que não é assim que funciona. O poder público, o Ministério Público tem que vir na UPA e ver o estado da farmácia, é de assustar qualquer um”, pontuou.
Extraoficialmente, fomos informados que alguns medicamentos foram repostos no início da tarde. Buscamos um posicionamento da secretaria municipal de Saúde, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, mas até o fechamento desta edição nenhuma resposta foi encaminhada para a redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV.