Wanderley Peres
Depois de receber o lixo de diversas cidades vizinhas, com capacidade para 130 toneladas de detritos por dia, atendendo ao município, com cerca de 180 mil habitantes e outros três, de 200 mil habitantes juntos, o "aterro controlado" do Fischer ficou sem controle e agora as autoridades se desesperam na busca de arranjar uma solução para o grave problema que, em julho de 2018, foi “motivo de preocupação” para o prefeito. Naquela data, mais de três anos atrás, em seu primeiro mês de governo, Vinícius Claussen visitou o lixão acompanhado do juiz Carlo Artur Basílico – titular da Primeira Vara Cível, o Defensor Público Marcos Delano e vereadores que compunham a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal, além de secretários, quando prometeu a apresentação de um "pré-projeto" para 15 dias e um "plano de ação" no prazo máximo de um mês.
Nenhuma providência foi tomada e, agora, o nosso lixo deverá ser vazado em outra cidade. Em princípio, os detritos serão encaminhados para Magé, onde a Câmara Municipal aprovou na última terça-feira, 3, projeto de lei do prefeito Renato Cozolino, que autoriza a criação e reabertura de aterros sanitários na cidade, entre eles o lixão de Bongaba, vazadouro que estaria apto a receber lixo proveniente de outros municípios. Informações de bastidores dão conta que, caso Magé não possa receber o nosso lixo, outro município para onde os detritos poderão ser encaminhados é Itaboraí, que fica cerca de 75 quilômetros, o dobro da distância.
A providência está sendo tramada nos bastidores, medida de urgência que depende dos investimentos feitos em outros municípios porque em Teresópolis nada se fez para resolver o grave problema, muito pelo contrário, em dez anos de gestões temerárias na área ambiental, se perdeu de vez o centro de tratamento de resíduos sólidos, que foi construído por meio de um consórcio entre os governos Federal e estadual, com recursos provenientes do Fecan e da Funasa, na ordem de R$ 5 milhões.
Inaugurado em julho de 2009, com capacidade para receber cerca de 130 toneladas de lixo por dia, o aterro sanitário do Fischer tem 115 mil metros quadrados. Criado como consórcio intermunicipal envolvendo as cidades de Carmo, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, o "aterro" virou lixão poucos anos depois e desde 2018, quando foi interditado pelo INEA e Ministério Público, corre o risco de ser fechado de vez, tamanha a saturação e desleixo na sua administração.
A proposta dos aterros sanitários intermunicipais, que eram dez cerca de dez anos atrás, foi adotada por ter uma logística mais eficiente do que a construção de depósitos municipais, concentrando os resíduos de municípios próximos em grandes aterros compartilhados. "Fizemos um plano de resíduos sólidos – com mapas para saber onde cada aterro poderia ser instalado, com cerca de 10 aterros consorciados, cada um servindo de cinco a dez municípios", explicou o então secretário de estado de Ambiente, ex-ministro Carlos Minc, no dia da inauguração, com a presença do governador do Estado, Sérgio Cabral e do presidente da Alerj, Jorge Piccianni.
O Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos de Teresópolis foi construído por meio de um consórcio entre os governos Federal e estadual, com recursos provenientes do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde. Na etapa inicial, o aterro foi implantado com tratamento de efluentes líquidos e gasosos. E, na fase seguinte, foram implantados um galpão para apoio à coleta seletiva e à Unidade de Esterilização por autoclavagem, tipo de esterilização a vácuo e a vapor para tratar resíduos sólidos de serviço de saúde, ou lixo hospitalar. A principal obra do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos de Teresópolis, no entanto, foi a canalização do chorume até uma estação de tratamento, quando foi isolado o local onde os detritos eram colocados e cobertos com terra, evitando que o chorume escorra para o Córrego Fischer, afluente do Rio Paquequer.
O aterro controlado do Fischer
Instalado numa área de 115 mil metros quadrados no km 75,5 da Estrada Rio-Bahia, no bairro Fischer, o primeiro aterro sanitário consorciado do Estado do Rio de Janeiro tem capacidade para absorver as 130 toneladas/dia de detritos produzidos por Teresópolis, mais as cerca de 10 toneladas/dia produzidas pelos municípios de São José do Vale do Rio Preto, Carmo e Sumidouro. A proposta do aterro consorciado foi feita pelo Governo do Estado, dentro do Pacto pelo Saneamento, criado para erradicar os lixões no Rio de Janeiro e levar coleta e tratamento de esgotos a 80% da população num prazo de dez anos.
Seguindo o Programa Estadual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, a Secretaria Estadual do Ambiente investiu cerca de R$ 5 milhões na construção do empreendimento, utilizando recursos do FECAM – Fundo Estadual de Conservação Ambiental. “O aterro sanitário está todo impermeabilizado, para evitar a contaminação do subsolo, e o lixo é coberto assim que chega. Um dos maiores causadores do efeito estufa, o gás metano produzido pelos detritos é canalizado e queimado. O aterro também conta com estação de tratamento de chorume. Hoje vemos que o lixo não precisa ser problema, pois tem solução. Parabéns, Teresópolis, pela coragem de aceitar esse desafio”, elogiou o milionário investimento a Secretária Estadual do Ambiente, Marilene Ramos.