Marcello Medeiros
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em janeiro passado havia aproximadamente 236 milhões de linhas telefônicas móveis registradas no país. O grande número, de mais de uma por habitante, é o reflexo da popularização do celular. Hoje, com aparelhos que têm tantos ou mais recursos que muitos computadores, eles são quase “parte do corpo” de muita gente. Vários serviços podem ser realizados pelos celulares, além, logicamente, das viciantes redes sociais. Mas, e quando a bateria acaba e você precisa fazer uma ligação ou contato urgente? Aí o jeito é recorrer ao velho telefone público, popularmente conhecido como orelhão. O único problema é encontrar um aparelho funcionando ou conseguir um cartão para telefonar caso não seja possível fazer uma ligação a cobrar. Com a queda da procura pelo serviço, o número de aparelhos é menor a cada dia e, na grande maioria dos casos, os que sobraram estão em péssimas condições e muitas vezes sequer dão linha.
Mesmo quase invisíveis no olhar do dia a dia, é fácil encontrar telefones públicos abandonados. Na Rua Fernando Martins, Vila Muqui, por exemplo, é difícil até chegar ao orelhão. O esquecimento por parte da Oi e da falta de capina da via pública, responsabilidade do governo municipal, obrigam o possível usuário a se arriscar para tentar uma ligação. Isso se o aparelho estiver funcionando. Em outros locais, como no cruzamento da Rua Francisco Sá com José Augusto da Costa, próximo ao portão do Hemonúcleo Municipal, sobraram apenas a cúpula da operadora e a base do aparelho. Em praticamente todos os locais onde ainda existem orelhões, situação é a sujeira nos lados interno e externo. Teclas danificadas, fones quebrados, falta de informação… São vários problemas gerados pelo esquecimento ampliado pelo desuso desse serviço.
Quem trabalha com a venda de cartões telefônicos registra a enorme queda na procura e até o investimento da própria operadora, que a cada ano envia menos créditos para serem comercializados nas bancas de jornal. “Reduziu bastante. Hoje, com o uso de celular, é muito difícil. Só quando operadora sai do ar ou quando tem problema com aparelho, acabou bateria, é muito raro mesmo. O pessoal tem coragem de pedir telefone dos outros emprestado do que comprar um cartão para ir ao orelhão”, relata Hevelin Lopes, da banca localizada nas proximidades do Ginásio Pedrão. Ela lembra que, apesar de se gastar mais com crédito para celular do que com um cartão, as promoções das operadoras acabam sendo atrativas. “Hoje tem muitos planos de celular que estão mais em conta e a pessoa consegue ligar para mais operadoras até pelo mesmo valor do que o orelhão ligando para fora”, completa.
Casos de vandalismo
A Assessoria de Comunicação da Oi informou à redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV que mantém 863 telefones de uso público instalados em Teresópolis. Além disso, a nota destaca que nos três primeiros meses de 2018 foram danificados por atos de vandalismo, em média, mensalmente, 13,06% dos orelhões instalados na cidade. Os principais problemas decorrentes do vandalismo são: Defeitos em leitora de cartões, em monofones e teclado, além das pichações e colagem indevida de propagandas nos aparelhos e nas folhas de instrução de uso, prejudicando o entendimento das orientações pelos usuários. “Em alguns casos, as equipes da empresa consertam e limpam os aparelhos e eles são danificados no mesmo dia”, informa a Oi.
A empresa acrescenta ainda que em todo o território nacional, para a instalação de terminais de uso público (TUPs/orelhões) e individuais, atende às disposições constantes no Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU) – Decreto Presidencial n° 7512, de 30 de junho de 2011. A empresa investe constantemente em estudos de sua planta telefônica e, se for verificada ociosidade de alguns telefones públicos, eles podem ser transferidos para áreas de maior demanda – sempre respeitando a regulamentação da Anatel. “A Oi mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10331 por consumidores e por entidades públicas”, finaliza a nota.
Apesar do posicionamento da empresa, quem trabalha com o comércio de cartões acumula também muitas reclamações dos usuários. “Os orelhões também são poucos e os que estão aí não funcionam direito então tem todas essas dificuldades que limitam a venda de cartões”, enfatiza Hevelin.