Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
O Parque Aquático Julio de Lamare, no bairro do Maracanã, na zona norte do Rio, que estava fechado desde 2014, foi reaberto hoje (3) mas ainda não vai funcionar integralmente. Nesta primeira fase, houve a recuperação da piscina coberta, onde haverá aulas de natação e polo aquático a partir deste mês. Nas fases seguintes, o trabalho previsto é de ocupação da piscina olímpica e do tanque de saltos.
A revitalização do parque será feita em três fases, mas neste início, com uma parceria entre a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), autarquia ligada à Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude; e a Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (ABDA Rio), o equipamento vai ser usado nos projetos de escolinhas de iniciação esportiva de natação e polo aquático. As inscrições ficarão a cargo da ABDA Rio.
Projetos sociais
A administradora Rosângela Lopes, de 53 anos, que integra a Comissão pelo Parque Aquático Julio de Lamare disse que ela e o filho de 18 anos utilizaram muito a piscina do local e que ficou animada com os projetos sociais que serão desenvolvidos lá. Rosângela lembrou, que antes de fechar, o parque aquático realizava projetos com pessoas com deficiência e com idosos. Segundo a administradora, pessoas autistas também tinham ali um lugar de convivência. Mas para este tipo de atividades ainda não há expectativa.
Para quem participou de competições no parque aquático, como o medalhista olímpico Djan Madruga, a volta do espaço esportivo é uma satisfação. “Aqui, nesse templo da natação, digo templo porque o Parque Julio de Lamare está para a natação como o Maracanã para o futebol. Aqui, tivemos dezenas de recordes sul-americanos, centenas de recordes brasileiros e até recorde mundial. Nós que tivemos oportunidade de competir nesse parque aquático, ver a reabertura é uma satisfação enorme. Muito, muito grande mesmo”, disse.
Madruga está confiante de que, mais adiante, o local receba de volta as grandes competições com atletas de alto rendimento. “Com certeza será reaberto para as competições de alto rendimento. Eu estou envolvido com os Jogos Pan-Americanos Master em 2020 e, já este ano, em setembro, vamos ter um evento teste e estamos planejando trazer este evento teste aqui para o Julio de Lamare. O nosso objetivo é ocupar logo o espaço e passar a competir aqui o mais cedo possível”, afirmou.
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Para o também medalhista olímpico Ricardo Prado, que participou da inauguração do Parque Olímpico em 1979, quando tinha 14 anos, é uma grande emoção ver a reabertura do espaço esportivo. Embora lembrando que o Julio de Lamare foi construído com uma estrutura para atender a atletas de alto rendimento, não deixou de destacar que nessa primeira etapa vai atender a projetos sociais. “Competi aqui dezenas, milhares de vezes. A casa da natação sempre foi, tradicionalmente, aqui. Então, certamente, muito contente de ver que ela está reabrindo, especialmente, para servir à comunidade de quem mora aqui perto em projetos sociais e futuramente imagino, também, treinamentos de alto rendimento. Mas acho que o bacana é continuar servindo à comunidade que mora aqui perto”, disse.
Parceria
O secretário de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, Thiago Pampolha, informou que a parceria com a ABDA não significa uma concessão do espaço à entidade, com quem a secretaria fez um acordo de cooperação, para a associação com sua expertise utilizar as instalações em determinados horários para realizar os projetos sociais. Segundo o secretário, a ABDA custeou parte da reforma da piscina. “Eles estão ajudando. Eles fizeram junto com a gente a reforma da piscina. Só de reformar e entregar a piscina já é um grande ganho. Outras benfeitorias serão feitas”, afirmou.
O secretário acrescentou que não houve necessidade de realizar uma licitação para a escolha da entidade porque não haverá provimento financeiro do parque pela associação. “Eles vão utilizar o espaço, eles não vão gerir o espaço. Não é uma concessão como, por exemplo, o Maracanã. Então, não tem o motivo de uma licitação. É o uso de horários para fim social, então, fica bem claro o porquê não fazer um processo licitatório, que a gente até pensa para frente”, revelou.
O diretor da Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (ABDA Rio), Alexandre Zwicker, contou que em Bauru, em São Paulo, os projetos conseguiram resultados positivos. “Em Bauru, conseguimos reduzir a criminalidade infantil em 50%, é uma taxa que não sou eu que estou dizendo. São dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública. Se, no Rio de Janeiro, tiver vários projetos iguais ao nosso, vamos caminhar em uma cidade muito mais tranquila”, afirmou,
Em nota, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tinha informado que, além de não fazer parte da gestão do parque, não foi consultada sobre a parceria com a ABDA. Mas o presidente da CBDA, Miguel Carlos Cagnoni, que participou da cerimônia de reabertura do Julio de Lamare, se mostrou satisfeito com a parceria. Cagnoni disse que a volta do Julio de Lamare é uma ótima notícia e que o interesse da entidade é fazer campeonatos no local.
* colaboraram Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil, e Fabiana Sampaio do Radiojornalismo.