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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Câmara fala em união para vencer abandono promovido por gestão Tricano

Vereadores pedem a governo Pedro Gil ênfase na recuperação da saúde e na apuração dos pagamentos indevidos

Anderson Duarte

Finalmente a espera pela deliberação da Justiça Eleitoral com relação a retirado do cargo do político ficha suja Mario Tricano chegou ao fim esta semana, e paralelamente ao processo de notificação e outras burocracias e ritos específicos da situação, começaram os processos de estruturação do governo interino sob comando do vereador Pedro Gil. Nesta terça-feira, 03, o Legislativo se reuniu ordinariamente e deliberou sobre alguns pontos delimitados por eles como sendo cruciais e estratégicos para o período que se segue. Com o edil Leonardo Vasconcelos no comando da Sessão, a Casa pediu que o novo gestor dê ênfase na recuperação da saúde na cidade e também na urgente apuração dos pagamentos feitos pelo político afastado nos últimos meses. Para os vereadores, muitos destes empenhos financeiros feitos por Tricano tinham o claro objetivo de inviabilizar a administração nos próximos meses. O Ficha-suja chegou a  anunciar em suas redes sociais o pagamento de um 14º salário aos servidores públicos municipais que no ano passado nesta mesma época, e com o mesmo orçamento, amargavam dois meses de atraso nos seus proventos.
“Um golpe para inviabilizar a gestão e também tentar melhorar a sua péssima imagem com a população de Teresópolis. Mas se depender de nós da Câmara, esse golpe não vai prosperar”, anunciou um edil durante a Sessão, que tirando as discussões com relação ao futuro gestor, nada contribuíram para a coletividade. Entre as falas, ênfase a necessidade de se planejar e trabalhar, que segundo os edis nunca tiveram papeis tão importantes em uma gestão pública como hoje vemos em Teresópolis. “Planejar é colocar as ideias pensadas no papel, dando vida a elas e melhorando cada detalhe com o fim de alcançar boas metas. Trabalhar consiste em acreditar no que foi pensado e planejado, e executar isso da melhor forma possível. Mas tudo isso depende de profissionais qualificados e que pensam junto com a gestão pública”, disse Leonardo Vasconcelos, complementado por Mauricio Lopes, “Vamos ajudar a gestão, mas também não vamos deixar de lado a preocupação e se acompanhar esse processo de recuperação que sabemos ser difícil, mas necessário dado o estrago feito pelo ficha-suja que ocupou indevidamente o cargo até então”, disse.
Além de Leonardo Vasconcelos na presidência da Mesa Diretora da Casa enquanto Pedro Gil assume o cargo no Executivo é a convocação do suplente Angelo Gallo, o Anjinho, ex-vereador, que fica na Casa também durante a ausência de Gil. O político foi severamente criticado quando assumiu postura protetora ao companheiro Arlei Rosa, sendo um dos poucos a manter postura contra as inúmeras apresentações de comissões processantes contra o cassado político. Sua resposta na urna foi imediata, já que sempre ocupou o ranking dos mais votados nos pleitos municipais e viu cair vertiginosamente sua votação após assumir tal posicionamento, claramente contrário ao anseio popular. Anjinho sempre foi de poucas palavras e atuação pra lá de discreta no Legislativo, com produção legislativa questionável, mesmo com tantos mandatos exercidos simultaneamente.

– Um quadro gerencial estarrecedor 

Diferente de outras crises pontuais vividas pela economia teresopolitana, a gestão política destes últimos dois anos mostrou-se desastrosa para os fundamentos econômicos e de desenvolvimento do município. Temos hoje, sem nenhuma dúvida, um quadro de recessão profunda, com quedas sucessivas na capacidade de recuperação da economia local e não bastasse a completa estagnação do crescimento e o desenvolvimento local, essa equação complicou e tornou-se perversa com a “anencefalia” vivida no comando político do município. Essa incapacidade de gerir o município em todos os seus vetores, veio produzindo sucessivos déficits fiscais, ativando o acelerador da expansão da dívida pública da gestão e arrastando Teresópolis para o passado. O populismo e a irresponsabilidade fiscal fizeram com que a questão da utilização consciente do orçamento não fosse enfrentada de forma séria, gerando uma verdadeira “bomba relógio” prestes a inviabilizar a cidade de Teresópolis, se efetivamente já não estiver inviável sob aspecto gerencial.
O esfacelamento da gestão política destes últimos anos alijou a capacidade do município de criar quaisquer mecanismos de combate efetivo ao problema econômico. O que víamos em Teresópolis eram os agentes econômicos, bem como toda a sociedade não confiando na capacidade do governo de nos tirar do enorme problema em que estamos inseridos. A crise já não é somente política, econômica e social, ela é também de confiança. O que esperamos hoje com a mudança no governo, ainda que incipiente, é que reestruture com urgência e firmeza caminhos e políticas avessas ao modelo de gestão populista que tão desastroso foi para nosso município. Precisamos ainda que este governo apresente um horizonte sensato e equilibrado, para que a sociedade resgate a confiança na cidade e na lógica do processo de crescimento e desenvolvimento de uma economia com tanto potencial.
Administrar é uma arte criada para enfrentar todas as situações, sejam elas fáceis ou difíceis, portanto, um administrador precisa possuir a capacidade de fazer do nada, uma grande coisa. Levando esse pensamento para a gestão pública, essa obrigação é ainda maior, já que temos no trato público um bem maior a ser tutelado, chamado “interesse público”, em algumas literaturas, bem estar social. Segundo nossa Carta Magna, em seu artigo 37, alguns princípios norteiam a Administração Pública e não podem ser deixados de lado em nenhum momento da caminhada de um gestor que ocupa cargo público com essa finalidade. A Legalidade, por óbvio, jamais deveria ser abandonada por um gestor público, mas tem sido mitigada em nome de interesses particulares; a Impessoalidade então, coitada, foi absolutamente desrespeitada por uma gestão com a marca da política retrógada da família Tricano, que se alastrou pela máquina pública como um câncer que cresce desenfreado; e o que falar do princípio da Moralidade então? Absolutamente deixado de lado em nome dos contratos escusos e fraudulentos que nos custaram milhões e milhões de reais literalmente queimados como o lixo que o prefeito inconsequente mandou a população dar o seu jeito; o que também nos leva a questionar o próximo princípio, o da Publicidade, já que nunca tivemos uma gestão tão obscura e pouco transparente como a que nos deixa essa semana. Contratos feitos sem licitação, sindicatos e conselhos municipais ignorados por um gestor obscuro e questionável como o seu passado; e por fim, nossa Constituição exige que a Administração Pública seja eficiente, algo que não conhecemos há décadas em uma gestão municipal.

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Edição 26/11/2024
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