Marcello Medeiros
Além da promessa de construção de mais 600 imóveis populares em Teresópolis, sendo 500 na Fazenda Ermitage e 180 em terreno da prefeitura no Barroso, o Ministro das Cidades, Alexandre Baldy, anunciou na última segunda-feira a liberação de cerca de R$ 8,5 milhões para investimento em saneamento urbano e desenvolvimento urbano em Teresópolis. Tal recurso deve ser aplicado na melhoria da drenagem nas bacias dos rios Príncipe, Imbuí e Paquequer. Apesar de ser o menor dos três, com nascente em Campo Grande e foz na Cascata do Imbuí, o primeiro receberá maior parte do investimento: R$ R$ 6.031.446,25 milhões. Outros R$ 2.452.784,78 milhões serão destinados a investimentos nas bacias dos Imbuí, no bairro do Caleme, e Paquequer. Recebimento e utilização dos recursos ficarão a cargo do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
A divisão dos valores chama bastante atenção. Além da grande diferença na extensão dos cursos d´água, mesmo empiricamente é fácil perceber que a região afetada pela Tragédia de 2011 não comporta grande drenagens, principalmente por conta do tipo de obra realizada no local. Em vários pontos, o Príncipe foi transformado em uma canaleta – só para citar. Enquanto isso, a bacia do Paquequer tem área aproximada de 400 km². O rio nasce diariamente límpido e cristalino nas altitudes da Serra dos Órgãos, proximidades da Pedra do Sino, e chega “morto” no encontro com o Rio Preto, em Providência, no Segundo Distrito.
Nessa longa distância, muitos problemas. Efluentes domésticos e industriais, despejos de agrotóxicos e outras críticas situações geradas pela intensa urbanização e concentração de indústrias e comércio de todo o tipo. Soma-se a isso justamente a falta de investimentos do poder público, que há anos não promove serviços como dragagem, recuperação de mata ciliar ou sequer campanha de educação ambiental para evitar a ampliação de diversos problemas.
E, para tentar recuperar o Paquequer, é preciso olhar também para rios que nele desembocam, como o Meudon, por exemplo. No encontro dos dois cursos d´água, abaixo da ponte no cruzamento das Ruas Waldir Barbosa Moreira, José Correia da Silva Júnior e Delfim Moreira, na Várzea, é gritante a diferença na cor da água. O rio menor, que recebe esgoto e outros dejetos de diversos bairros além daquele que lhe dá nome, é muito mais escuro e fétido.
Bancos de areia e detritos diversos são vistos em vários pontos, alguns resultado de anos sem a devida manutenção – sem esquecer que geralmente o serviço não pode ser realizado a contento por terem permitido a construção de muros e edifícios praticamente dentro do curso d´água. Também são gritantes, principalmente aos olhos daquele que compreendem a importância da integração homem x meio ambiente, as agressões causadas por aqueles que deveriam cuidar de um Paquequer que pode garantir a continuidade de diversas espécies, inclusive a nossa. Lixo de todo o tipo, desde sacolas com resíduos domésticos a móveis e pedaços de veículos, é encontrado em toda a extensão do grandioso rio.
Os prometidos imóveis populares
Além de Baldy, participaram do encontro realizado no Palácio da Guanabara o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Gilberto Occhi, e parlamentares e lideranças locais. A destinação de grande recurso para os setor de habitação aconteceu também graças ao empenho de bravos teresopolitanos integrantes do movimento popular Grupo Resgate da Cidadania – Resiliência e da Comissão das Tragédias da Região Serrana, sendo que a segunda também envolve moradores de Areal, São José do Vale do Rio Preto e Petrópolis, pessoas que estiveram com o Governador e também no Ministério das Cidades, em Brasília, para pedir um olhar mais apurado para a situação do nosso município. “A criação de mais 500 unidades na Fazenda Ermitage foi um pedido direto ao governador, pois como se sabe muita gente vítima da Tragédia de 2011 não foi contemplada. Acredito que desse número ainda sobrem imóveis para atender outras vítimas das chuvas. No caso do terreno do Barroso, que é da prefeitura, é para atender ao pessoal do Rosário”, explica Laura Fermiano, uma das representantes do movimento popular, vítima da maior catástrofe natural do país que até hoje ainda não teve seus problemas solucionados.
A Portaria de número 211, assinada pelo ministro das Cidades na última segunda-feira, amplia a participação nos programas que beneficiem os atendimentos à população, por meio da construção de novas unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) nos municípios da região Serrana.