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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Alagamento, muitos prejuízos e descaso no Rosário

O período de chuvas fortes volta a ser motivo de preocupação para os moradores do bairro do Rosário. Mas, dessa vez, não são os deslizamentos de terra que tiram o sono daqueles que residem naquela comunidade. Os alagamentos têm sido constantes em diversos imóveis na Rua Acre, proximidades do CIEP Sebastião Mello, onde, pelo menos tecnicamente, a água deveria descer com velocidade em direção aos bairros abaixo.

Marcello Medeiros

O período de chuvas fortes volta a ser motivo de preocupação para os moradores do bairro do Rosário. Mas, dessa vez, não são os deslizamentos de terra que tiram o sono daqueles que residem naquela comunidade. Os alagamentos têm sido constantes em diversos imóveis na Rua Acre, proximidades do CIEP Sebastião Mello, onde, pelo menos tecnicamente, a água deveria descer com velocidade em direção aos bairros abaixo. Porém, por conta do entupimento no sistema de manilhas e em uma galeria, todo o volume acumulado nos temporais de final de tarde tem deixado casas embaixo d´água e causado enorme prejuízo. Vídeos divulgados em redes sociais mostram a grande quantidade de chuva e uma cena que impressiona: Uma família unida para conseguir sair de casa, atravessando uma enchente nunca vista antes naquela região. Estivemos na Rua Acre cerca de quinze horas depois da gravação do vídeo e, mesmo após o término da chuva, a água barrenta não havia baixado totalmente. Tal situação indica o grave problema no sistema de escoamento que há anos não recebe a devida atenção da prefeitura.
“A água continua aqui, não desce, agora parou de vez de baixar. No domingo entraram dois metros de água dentro casa. Passou pela janela e destruiu tudo. Pior que perder nossas coisas é ainda ver isso cheio de mosquito, com água ralo, de esgoto, é agua preta, água de barro, tudo misturado. Pedimos ajuda da prefeitura, da secretaria de obras, ministério público, ninguém dá solução. Pedimos aluguel social e disseram que tinham mandar assistente social para saber se era verdade. Estou dormindo na casa dos outro porque não tenho onde dormir, porque continuo com a casa cheia d´água”, relata Marcia Adriana de Paula.
Ela é uma das diversas vítimas do descaso do governo Mário Tricano, que há mais de um mês foi alertado da necessidade de algum tipo de intervenção emergencial naquela comunidade. Na última semana, desde que chuvas fortes foram registradas em todos os finais de tarde, os moradores passaram pela situação diversas vezes. No quintal da casa de Márcia, dois veículos foram perdidos com o rápido alagamento.
Em uma residência bem perto dali, registramos a abertura de uma grande cratera no quintal, isolado pela Defesa Civil e sem previsão de liberação. Nele é possível ver que a água não vai baixar enquanto não houver uma intervenção no sistema de galeria que deságua na Rua Alagoas, em Araras. No imóvel ao lado, uma churrasqueira “desapareceu” no final da tarde de domingo.
“Há umas duas semanas vizinhos vieram aqui e pediram para dar olhada no muro, falando em risco de cair por conta de um problema manilha, mas como estou morando há pouco tempo aqui não entendi. Ontem cheguei e encontrei um buraco no quintal do vizinho, aí fui olhar para ver se tinha algum problema aqui. Abriu um buraquinho no quintal e de repente, menos de dez minutos depois, toda a churrasqueira veio a baixo e desapareceu. A sorte é tinha retirado a máquina de lavar e outras coisas, colocando na garagem. À noite veio a Defesa Civil e interditou. Disse que a principio casa não foi afetada, mas tem que fazer obra para ontem porque senão pode afetar casa também. Chamei a imobiliária, estou tirando os cachorros da casa e levando para o Rio por  medida de segurança. Aluguei a casa há menos seis meses e estou tendo que dormir fora de casa, no meu irmão. É constrangedor, a prefeitura precisa dar prioridade, pois vários moradores estão sendo prejudicados”, enfatiza Renata Vallejo.

Rua interditada
No início da noite de domingo, as vítimas do temporal – e principalmente do descaso do poder público – fecharam o trânsito na Rua Acre com os móveis perdidos no inesperado alagamento. Mesmo sem a passagem de veículos, entre eles os ônibus que atendem as comunidades do Rosário e Barroso, até o início da tarde desta segunda-feira nenhum representante da prefeitura sequer havia aparecido no local para saber das necessidades dos moradores. “Pegamos esse material para a fechar a rua, não para prejudicar alguém, mas para chamar atenção da prefeitura, do Ministério Público, o pessoal que pode agir nisso aí. Não teve outra solução. Já são oito vezes com essa que enche e ninguém entra  faz nada para ajudar”, destaca Marcia Adriana.

Vizinhos do medo
O Rosário é um dos muitos exemplos do crescimento populacional desenfreado e a falta de políticas públicas para pelo menos mitigar os problemas gerados pela ocupação de áreas onde não deveria haver ninguém morando. Nas vias e servidões acima da Rua Acre, centenas de residências em encostas com grande inclinação, milhares de vidas em risco a cada temporal mais forte. Além da possibilidade de grandes escorregamentos de terra, problemas sociais diversos e crescentes danos ambientais, que acabam complicando diretamente também os moradores de bairros abaixo.
No temporal de 06 de abril de 2012, diversas pessoas tiveram que sair de casa após deslizamentos de terra e pedras nas encostas da Serra dos Cavalos. Tais famílias chegaram a ocupar o abandonado clube Panorama e temporariamente algumas das salas do CIEP até serem encaminhadas para o Aluguel Social ou voltar para imóveis em grande risco. Cerca de dois anos depois, por exemplo, O DIÁRIO registrou uma família vivendo no que sobrou de uma humilde residência, na parte mais alta do bairro, onde a parede dos fundos havia sido derrubada por uma barreira e substituída por pedaços de lona e cobertor.
Em meados daquele mesmo ano, a prefeitura desapropriou e pagou por um terreno na Rua Alagoas com a promessa de construir um condomínio popular para atender essas famílias, mas, quase seis anos depois, nenhum tijolo sequer foi colocado na grande área – vizinha justamente às residências alagadas na Rua Acre.

 

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Edição 26/11/2024
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