Marcello Medeiros
Final da noite do dia 11 de janeiro de 2011, chove muito forte em vários bairros de Teresópolis. E a tempestade não diminui, pelo contrário. Horas depois, já na madrugada do dia 12, começam a surgir os graves problemas. E eles vão aumentando a cada hora, proporcionais ao acumulado nos pluviômetros da Defesa Civil – que nunca haviam registrado tamanha quantidade de chuva. Por volta das 4h, a equipe de reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV começa se comunicar via telefone, atenta que poderia ter que começar mais cedo a cobertura de eventuais problemas gerados pela tempestade. Mas foi quando o dia clareou, com cada repórter seguindo de sua residência para a redação, que constatamos que enfrentaríamos uma situação nunca vivida em nosso município. Nos dias seguintes, descobriríamos que nenhum outro meio de comunicação brasileiro havia feito tal tipo de registro. Teresópolis – assim como Nova Friburgo e Petrópolis – entrava para a história por ter sido atingida pela maior catástrofe natural do país, uma verdadeira TRAGÉDIA.
Campo Grande, Posse, Cascata do Imbuí, Espanhol, Santa Rita, Matadouro, Vieira, Bonsucesso… A todo o momento chegavam informações sobre grandes deslizamentos de terra ou alagamentos cobrindo até o segundo andar de residências. Mesmo quem já havia participado da cobertura de situações infelizmente comuns nessa época do ano, como eu em 2002 no morro do Perpétuo, estava assustado. O que havia acontecido?
Dez, 50, 100 mortos… A cada atualização da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, números que pareciam não bater. Bairros inteiros devastados pela força da água. Residências totalmente destruídas por grandes pedras e troncos de árvore. Veículos amassados como bolinhas de papel. Era difícil compreender e não se emocionar para conseguir a melhor imagem. Afinal de contas, diferente de jornais e emissoras de televisão que subiram a Serra para registrar o acontecido, nós conhecíamos bem cada localidade afetada e consequentemente muitas pessoas que haviam sido vítimas direta e indiretamente de um fenômeno nunca registrado no país. Mais do que tentar descrever o que vivenciamos sete anos atrás, resgatamos algumas imagens que ficaram marcadas na história do jornalismo teresopolitano e nunca sairão da memória daqueles que tiveram que buscar força de onde nunca imaginaram para seguir suas vidas.
Fotos Marcello Medeiros
VILA MUQUI: Vizinho ao Centro, bairro também registrou grandes e assustadores deslizamentos de terra
CASCATA DO IMBUÍ: Residências e até uma escola municipal, vizinhas ao pequeno córrego Príncipe, ficaram no caminho de muita água
CASCATA DO IMBUÍ: Água chegou a mais de dois metros de altura, levando quase tudo que encontrava pela frente
ESTRADA DA POSSE: Milhares de sonhos interrompidos e famílias destruídas, cenas que nunca sairão a memória dos teresopolitanos
POSSE: Depósito do supermercado Rede Economia, antigo "Flor da Posse", foi tomado pela enxurrada na madruga de 12 de janeiro
ESTRADA DA POSSE: Centenas de carros amassados como folhas de papel e uma estrada que parecia um curso d´água
POSSE: De forma impressionante, a capelinha ficou de pé. Toda água que veio de Campo de Grande passou pelo entorno do templo religioso
CAMPO DO POSSE F.C.: Um local de tantas alegrias mais parecia um cenário de guerra. Bombeiros utilizaram espaço como heliponto
RIO PRÍNCIPE: Em vários pontos do pequeno curso d´água, grandes imóveis foram atingidos e tiveram que ser demolidos posteriormente
MUITA LAMA: Pela altura do telefone público, tomado pela lama, e a marca na parede dá para se ter uma ideia do volume d´água registrado
CALEME: Devastação em vários pontos. Inicialmente, especulou-se que a "barragem da Cedae" havia estourado, o que não aconteceu
PROVIDÊNCIA: Dezenas de pontes arrastadas pela água e moradores tendo que improvisar barco e linha de segurança para cruzar o rio
PROVIDÊNCIA: Água chegou ao telhado do segundo andar de residência nesse ponto, vizinho ao Paquequer na região do 2º Distrito
RIO-BAHIA: Rodovia federal foi atingida em vários pontos, com deslizamentos de terra e pedra, como nesse trecho em Fazenda Suiça
CRUZEIRO: Escola Maria Mendes ficou no meio do caminho da água, sendo totalmente afetada. Tudo foi perdido no estabelecimento
PARQUE DO IMBUÍ: O que sobrou de uma grande residência no final da Estrada do Planalto, até hoje abandonada pelo município
CASCATA DO IMBUÍ: Esse trecho do bairro hoje está totalmente desocupado, tamanha a quantidade de deslizamentos desse porte
CAMPO GRANDE: Uma das cenas que mais impressionou. As gigantes pedras devastaram a comunidade, que chegou a virar "atração turística" por isso