Marcello Medeiros
O Instituto de Segurança Pública do Estado ainda não tem previsão para finalizar a estatística completa de 2017, mas, com os dados divulgados recentemente, com o fechamento do balanço de novembro, já dá para ter uma ideia de como foi o ano na esfera policial em Teresópolis. Segundo o ISP, somente nos primeiros 11 meses do ano foram feitos 5.524 registros de ocorrência no setor de plantão da 110ª Delegacia de Polícia – aproximadamente 500 comunicações mensalmente. Dos mais diversos tipos de crime anotados pelos plantonistas da Polícia Civil, o furto é com maior número de vítimas, com 1.094 pessoas procurando a DP para comunicar algum tipo de ataque, uma média de 99 por mês. E tal situação pode ser ainda preocupante por dois motivos: Entre janeiro e fevereiro a categoria esteve em greve, atendendo apenas em casos mais graves e, além disso, muitas pessoas que perderam algum bem para a bandidagem não fizeram a devida comunicação. Recentemente, O DIÁRIO teve conhecimento de uma invasão de residência que não foi reclamada ao setor responsável. Tal abstenção atrapalha a estatística, e possíveis ações policiais baseadas nesses dados, e ajuda os criminosos.
O mês com maior número de registros, de acordo com o balanço feito até agora, foi o de outubro. Oitenta e oito pessoas tiveram algum prejuízo. Nesse mesmo período, por muito pouco, a comunidade católica também não entrou para tal lista de vítimas. Em outubro passado foi registrada uma tentativa de invasão da Capela do Divino Espírito Santo, no bairro da Coréia. Um ladrão usou uma alavanca para tentar retirar uma das grades de proteção e posteriormente quebrar uma janela e acessar o templo religioso. Apesar de causar grandes danos no sistema de proteção e quebrar um dos vidros, ele não conseguiu invadir o local e fugiu quando um dos vizinhos acendeu uma luz ao ouvir o barulho da ação e suspeitar de algo.
Na ocasião, o Padre Adilson Assumpção, pároco da Igreja de Santa Rita de Cássia, no Meudom, responsável pela capelinha, relatou com tristeza mais um ataque ao templo e lembrou que, mesmo se tivesse conseguido invadi-lo, o bandido provavelmente sairia de mãos vazias porque não existe nada de valor no local. O padre lembrou ainda da importância da Capela do Divino Espírito Santo para a comunidade da Coréia. “Não tem nada, nada de valor lá dentro. É uma capela simples, em um lugar simples. Por isso não sei o que o pessoal pensa em encontrar lá dentro, se acha que é um local rico, que tem ouro – quem dera que tivesse – então não sei o que leva o pessoal a ter essa atitude”, frisou.
Quem compra também é bandido
Há bastante tempo o número de furtos é grande em Teresópolis. Mas para onde vão parar produtos de todo o tipo retirados de residências e estabelecimentos comerciais, por exemplo? Os ladrões utilizam para mobiliar ou decorar suas residências? Não. Geralmente, tais criminosos revendem esses produtos com preço bem abaixo do mercado. E, mesmo sendo implícito o ato ilícito, muitas pessoas acham estar levando vantagem ao adquirir uma televisão que custa R$ 2 mil por R$ 100… Na verdade, quem comete tal ato é tão bandido quanto aquele que se deu ao trabalho de tomar o bem de outra pessoa. Aliás, a pena prevista no Código Penal Brasileiro para os receptadores é a mesma dos ladrões, de três anos de cadeia.
E ainda se baseando no que prevê a Lei, os que compram produtos de crime ainda podem terminar atrás das grades primeiro do que aqueles que praticaram o furto ou roubo. Caso o ladrão seja identificado fora do período de flagrante, prazo que depende do andamento da ocorrência, mas geralmente é curto, vai continuar em liberdade até julgamento. Já os que forem flagrados portando qualquer objeto de origem ilícita é levado imediatamente para o xadrez da 110ª Delegacia de Polícia, sendo posteriormente encaminhado para unidade prisional da Polinter, no Rio de Janeiro.
Outro ponto importante a ser observado é que a própria pessoa que incentivou a criminalidade comprando um produto de roubo ou furto amanhã pode ser vítima do mesmo ladrão. É um ciclo criminoso onde todos acabam perdendo, não somente a vítima daqueles que insistem em “ganhar a vida” sem precisar trabalhar.
Tráfico também é motivo de preocupação
Outro crime que preocupa o teresopolitano é o tráfico de drogas. Entre janeiro e novembro do ano passado, foram registradas 640 apreensões de entorpecentes de todo o tipo, de maconha a cocaína, passando por cheirinho da loló e tráfico. Somente em julho foram 91 casos. O grande número é reflexo do bom trabalho desenvolvido pelo 30º Batalhão de Polícia Militar, que quase que diariamente tem conduzido para a 110ª Delegacia de Polícia acusados desse tipo de ato ilícito. Tanto que, no mesmo período, 757 pessoas foram presas, em flagrante ou por força de mandado de prisão. No ano passado aconteceram 59 homicídios, sendo 22 consumados e 37 tentativas. Foram ainda 754 casos de lesão corporal dolosa, 721 ameaças e 171 comunicações de estelionato, entre outros esmiuçados no boxe dessa reportagem.