André Oliveira
O cinto apertado provocado pela recessão que preocupou o cenário econômico do país fez surgir uma plataforma voltada para o crescimento de Teresópolis. Sem vislumbrar ações do poder público que vão beneficiar a cidade de forma global, empresários se organizaram para reerguer uma das mais importantes ferramentas turísticas e de negócios que o município dispunha e que não usufruía. Foi assim que o Teresópolis Convention and Visitours Bureau – TC&VB – ressurgiu das cinzas para alavancar de forma positiva esse importante braço da economia local. O empresário Vinícius Claussen assumiu as rédeas da organização em junho de 2017 e desde então obteve sucesso tanto na captação de mantenedores e parceiros como na realização de eventos. Falando à DIARÍO TV, ele celebrou o sucesso da organização, a parceria crescente e também revelou projetos para 2018. Confira a seguir os principais momentos da entrevista, exibida na programação do canal 4.
O que esperar de 2018
“Se fizermos uma retrospectiva de 2015, 16 e 17, havia um cenário tenebroso, com dificuldades, renovação, reposicionamento. A palavra desse período todo é ‘reforma’. Toda essa crise política, ética, institucional e de valores está sendo reformada. Mesmo assim não sabemos como vai acabar de se delinear. Acredito que em 2018 a economia conseguiu ‘descasar’ um pouco da política e com isso vimos a inflação baixa, juros caindo, empregos subindo. São perspectivas positivas. As agências que fomentam a economia começam a sinalizar que o Brasil segue um caminho de reformas. Isso impacta em Teresópolis. Esse ano de 2018 ainda vai ser de muitas provações, mas acreditamos que também vai ser de realização. A mesma energia que se gasta para criticar, falar mal, pode ser usada para fazer, acreditar no projeto coletivo, ajudar”.
Engajamento dos empresários
“A dificuldade traz benefícios. Quando o cenário aperta, as pessoas precisam se relacionar mais, sair dos seus muros, dos seus umbigos e partir para um coletivo onde encontra a ajuda necessária. Isso é envolvimento. O outro lado da crise é esse ambiente onde as pessoas precisam se unir para serem mais fortes. Esse é o papel do TC&VB, como instituição importante, sem fins lucrativos, com CNPJ que trabalha para atrair eventos, realizar e representar a cidade em feiras e eventos de turismo. Você precisa de um terceiro setor, uma associação para poder complementar o trabalho. Nesses primeiros quatro meses de trabalho nós conseguimos reunir, até aqui, 51 mantenedores”.
Formas de contribuição
“São quatro formas diretas de se financiar: a empresa mantenedora, com contribuições em dinheiro, seja do segmento de alimentação, hotelaria, ou serviços, afinal o turismo mexe com 54 atividades diferentes; A segunda é o turismo solidário, ferramenta fantástica onde o cliente dos restaurantes, ao receber a conta, vê que são colocados R$ 2 como contribuição, junto com um panfleto sobre o TC&VB explicando para quê serve a contribuição, usada na melhoria da oferta turística, na confecção de mapas e guias, sinalização e eventos. Tudo para melhorar a capacitação turística da cidade. De 100 clientes, 99 pagam os R$2. Temos uma adesão muito alta. A terceira fonte é o ‘Room Tax’, onde, da mesma forma que os restaurantes, os equipamentos da hotelaria colocam R$ 2 em cada diária de hotel. Há um totem identificando o TC&VB, folheteria explicando o que é feito com a taxa e que a contribuição vai melhorar a oferta turística. Nosso visitante ajuda a melhorar a oferta turística da cidade”.
Novas lideranças
“Em julho de 2017 montamos uma nova diretoria. Assumi como presidente e chamei o Henrique Carregal como 1º vice, o Pedro Alves (Padaria Império) como 2º vice; Fábio Costa Velho (Dunia Turismo) como 3º vice; Fabiano Ferreira (Pousada Urikana) como diretor financeiro; Ricardo Rodrigues (Le Canton) como diretor de hotelaria; Phillipe Baddini (Don Phillipe Gastronomia) como diretor de gastronomia; Anderson Duarte (Diário) como diretor de comunicação; Fabrício Serafim (Chopp Therezopolis) como diretor de eventos; Raphael Fortunato (Uerj Teresópolis) como diretor de pesquisa; e Flavio Gueiros (Consultor Sebrae) como diretor de marketing estratégico. Temos também parceiros como a BitRio, fazendo nosso site, redes sociais e comunicação, mais os nossos mantenedores e conselheiros, como Azra El Akbar (Castelo Montebello), Vinicius Oberg, Fabiano Oliveira (ITH2O), Arsênio Teixeira e Marcos Mesquita (cervejeiro). São novas lideranças que compõem um corpo técnico para profissionalizar o turismo da nossa cidade”.
Eventos realizados
“Com esse time, em quatro meses, conseguimos realizar o primeiro evento, a 1ª edição do ‘Vinho nas Alturas’, no Alto, ao lado da Pousada Terê Parque, num terreno maravilhoso; Evento bem cuidado, com plástica bonita e que trouxe o vinho, elevando a qualidade da atração e o valor ao destino. Foi um sucesso, 2500 visitantes. O segundo foi a 2ª edição do Teresópolis Gourmet, com 26 empresas, outro sucesso. Criamos experiências por R$ 15 reais. Todos os restaurantes participantes, por mais requintados que fossem, ofereciam um prato por esse valor. Ficou três semanas. Havia um mapa com a foto de cada experiência, nome do chef, endereço do restaurante. O visitante abria o mapa e via a oferta gastronômica. O terceiro evento de 2017 realizado já foi o Centro de Informações Turísticas na Feirinha do Alto. Procurei o Elias Martins, secretário de Turismo; o Marcos Vinícius, responsável pela Feirinha, e conseguimos um espaço privilegiado onde montamos nossa e oferecemos serviços como informação turística, divulgação dos mantenedores e a partir de janeiro, uma pesquisa de campo. Nós queremos saber de onde vem o nosso visitante, quanto tempo passa na cidade, quanto está disposto a gastar por dia, do que gostou, do que não gostou, se está sabendo do calendário de eventos, se tem interesse em voltar. Esse posto funciona há um mês e meio e fazemos em torno de 90 atendimentos por dia, aos sábados e domingos, das 10h as 17h”.
Projetos para 2018
“Vamos começar com a 2ª edição do Vinho nas Alturas, dias 19, 20 e 21 de janeiro, no mesmo local. Essa será uma edição de verão, com vinhos brancos, rosés, espumantes, refrescantes. Vamos fazer uma divulgação mais aprimorada e oferecer melhor estrutura. O aprendizado vem com a prática e os erros da primeira não poder ser cometidos novamente. Vamos ter um lounge do TC&VB com 100m2, para divulgar nossos mantenedores, captar novos e oferecer espaço para os receptivos, como os guias, para que comercializem o lazer, as visitas, os tours guiados. Em turismo temos que responder algumas coisas: Hotelaria que é diversa, tem qualidade e preços acessíveis; Gastronomia, igualmente diversificada, acessível e com especialidades; Compras, porque a pessoa que visita quer comprar, levar alguma coisa; e a quarta, que é o lazer, o entretenimento. Percebemos que Teresópolis ainda tem essa lacuna e que precisa formatar melhor essa oferta. Temos muitas coisa que o próprio teresopolitano não conhece. São trilhas, caminhadas, cavalgadas, cachoeiras, rapel, montanhismo, camping, lavouras de orgânicos, dias de fazenda com comida feita à lenha, pesque-pague. Tem muita coisa pra fazer na cidade".
Monitoramento com câmeras
“O segundo evento é um Fórum de Turismo e de Segurança. Fechamos com o Coronel Marco Aurélio, comandante do 30º BPM e que está fazendo um trabalho maravilhoso. Teresópolis recebeu em abril o título de 10ª cidade mais segura do Brasil e 1ª do Estado do Rio. Ele nos chamou para parceria. Nesse fórum o Batalhão vai mostrar o que fez em 2017 e seus projetos para 2018, assim como o TC&VB. Dois projetos âncoras serão lançados em conjunto. O primeiro deles é um sistema de monitoramento de câmeras com software de inteligência. O coronel viu que Teresópolis ficou em 10º lugar no país e, não satisfeito com isso, foi buscar com sua equipe nas nove cidades que estão à frente o que é feito de diferente. Eles viram que todas elas têm sistema de monitoramento com câmeras. A meta é que a cidade fique entre as três mais seguras do Brasil. Ele nos apresentou o projeto que contará equipamentos que leem placas de veículos há um quilômetro de distância. É um software inteligente que consegue parametrizar o sistema, ou seja, se um carro vermelho é furtado, o programa sinaliza todos os carros vermelhos alcançados e envia para as patrulhas. Pegamos esse projeto, conseguimos entre nossas mantenedoras sete empresas para custear junto com outras instituições como Aciat, CDL e SinComércio, com mais três empresários. Dividimos em cotas e vamos fazer um convênio com a PM onde o TC&VB vai ser o proponente e vamos ajudar a implantar esse sistema de monitoramento, que será lançado no Fórum”.
Limpeza urbana
“Outro projeto ancora desse fórum é a conscientização sobre a importância da limpeza urbana. Se pegar do Parque Nacional até a Praça Nilo Peçanha (Escola Ginda Bloch), que é o principal corredor turístico da cidade, vemos muros e prédios pichados. Uma degradação que faz mal para o teresopolitano e lança uma imagem negativa para o visitante. Teremos então o monitoramento, a PM envolvida, o patrulhamento ostensivo e uma cartilha de como cuidar dos muros. Muitos moradores que estão ali não sabem o que fazer. Eu mesmo, quando montei o Viva Itália, meu muro de pedras estava todo pichado. O arquiteto quis derrubar e eu não deixei, afinal o muro faz parte da história da cidade, Passamos uma seladora nas pedras e quando picharam de novo bastou bucha e sabão para tirar. Vamos orientar como limpar, preservar e esperamos melhorar a autoestima do teresopolitano e a imagem do destino”.
Outros projetos
“Temos um calendário junto com a SecTur cujos eventos foram inscritos no Ministério do Turismo. Hoje, quem vai ao site e filtra Teresópolis encontra 12 eventos cadastrados, como ‘Vinho nas Alturas’ em janeiro; ‘Cerveja nas Alturas’ no Carnaval, ‘Festival Internacional de Cinema’. Aliás, o Convention também aposta nesse festival. Teresópolis já foi a cidade dos festivais e vamos retomar isso. Vamos para a terceira edição com mais de 800 filmes internacionais inscritos. Durante o festival vamos fazer também a 3ª edição do Teresópolis Gourmet tematizado com a história do cinema. Outro projeto é a adoção do entorno da Feirinha do Alto. Não queremos adotar a Feira, até porque existe uma associação e o poder público. Queremos cuidar das calçadas, do mobiliário urbano, pontos de ônibus, jardinagem, paisagismo, sinalização. Um arquiteto vai doar o trabalho dele; Entendemos que a Feirinha, gostando ou não, é o principal aparelho turístico da cidade, então vamos dar qualidade para isso. Enfim, queremos trazer uma agenda positiva, valorizar o teresopolitano, tornar o destino Teresópolis mais atraente e competitivo com outras cidades igualmente turísticas. Hoje as pessoas mudam para cá. Teresópolis é um paraíso mal cuidado e precisamos tomar conta disso. Essa é nossa proposta para 2018”.