Anderson Duarte
Tem de tudo no perímetro dedicado aos ciclistas junto ao canteiro central de nossa cidade. E são tantos os flagrantes de abuso que se pode hoje, inclusive, questionar se este espaço continua mesmo sendo para os ciclistas ou não. Quase todos os dias nossos canais de interação com a audiência recebem algum tipo de registro de irregularidades nesta faixa, que como o próprio nome explica, deve ser exclusiva para bicicletas, mas que acaba sendo habitada por toda sorte de veículos e até de objetos. Nesta quarta-feira, 06, uma de nossas publicações no Facebook, movimentou quase vinte mil pessoas entorno da discussão quanto a ausência de fiscalização, e consequentemente de punição, e também quanto aos riscos que os praticantes da modalidade estão expostos diariamente. Diversos teresopolitanos denunciam que além da falta de educação, aspectos como segurança e organização viária urbana, deveriam ser prioridades da cidade.
E a instalação da própria ciclofaixa já veio repleta de muita polêmica, afinal, nem mesmo a delimitação do espaço destinado ao público que anda em duas rodas foi posta em consulta pública, assim como aspectos do tipo tamanho da área destinada para as bicicletas, os trechos com quiosques e cruzamentos pelo caminho, a destruição de uma ponte e retirada de árvores, enfim, nenhuma etapa da instalação do equipamento público passou por qualquer tipo de crivo dos praticantes e da população. Mas talvez a maior questão em discussão hoje continue sendo mesmo a falta de respeito dos motoristas e ausência total de fiscalização por parte do município. Recentemente recebemos diversos flagrantes de veículos de todo o tipo parados ou passando pela ciclofaixa. Motos, carros de passeio e até ônibus foram fotografados na área que deveria ser exclusiva dos ciclistas e também utilizada pelos adeptos da caminhada ou corrida.
Uma das maiores preocupações dos usuários da ciclofaixa repousa na utilização indevida por parte dos motociclistas, que além de trafegar de forma irregular, ainda aproveitam o canteiro livre para transpor a divisória e fazer a conversão para a pista contrária. E diz nosso desrespeitado Código de Trânsito Brasileiro com relação a esta prática, quase permitida pela ausência de um órgão fiscalizador eficiente, diz o seguinte em seu Artigo 193 do Capítulo XV: “Transitar com o veículo em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins públicos. Infração – gravíssima; Penalidade – multa (R$ 880,41 – valor da multa prevista – R$ 293,47 – multiplicado por três) e perda de sete pontos na Carteira de Habilitação do condutor”, diz o texto. E é mesmo a disputa com os motociclistas a principal queixa de quem usa a ciclofaixa.
Idealizada dentro de um projeto de revitalização “emergencial” para a passagem da Tocha Olímpica, a demarcação da área para ciclistas entre Feliciano Sodré e Lúcio Meira não veio acompanhada de sinalização mais adequada quanto à proibição de invasão do espaço pelos veículos, como a utilização de tachões ou muretas de proteção, por exemplo. Pior que isso, não foi feito nenhum tipo de campanha para orientar os condutores quanto à necessidade de maior atenção ao trafegar pelas avenidas. “Educação e bom senso deveriam vir de casa, mas, infelizmente, não funciona assim. E nem podem ser adquiridas em supermercados ou em lojas virtuais como os milhares de aplicativos atuais. É necessário orientar. E fiscalizar também. Mas, apesar dos diversos meios de comunicação atuais, da facilidade de propagação da informação, o governo municipal não realizou nenhuma propaganda nesse sentido, muito menos se pronunciou quanto a possível melhoria da sinalização entre a faixa vermelha e a pista de corrida que se tornou a Reta”, lamenta um dos muitos internautas que interagiram com a publicação que mostra uma moto, literalmente, estacionada na ciclofaixa e quase invadindo a própria avenida central. Outra pergunta é quanto aos radares. A grande maioria da população aprova, mas o município já informou que não tem interesse em melhorar a fiscalização de velocidade – e consequentemente obter uma fonte de arrecadação com os motoristas que insistem em desrespeitar o que determina o Código de Trânsito Brasileiro.