Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil
A operação Dark of the City, deflagrada nesta quinta-feira, 30, na região metropolitana do Rio de Janeiro, cumpriu 22 mandados de prisão e prendeu oito pessoas em flagrante até o início da tarde. Houve tiroteio entre policiais e traficantes na comunidade da Grota, em Niterói, e um suspeito foi morto no confronto, segundo a Polícia Militar.
A operação é resultado de investigação de mais de dois anos, que apura relações criminosas entre policiais militares e traficantes. As suspeitas começaram a aparecer após a prisão de um traficante em 2014, e a corregedoria da PM e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro descobriram que os policiais cobravam propinas para facilitar a ação do tráfico, além de vender armas apreendidas em operações em outras comunidades. Até mesmo fuzis chegavam às mãos dos traficantes a partir do esquema com os policiais militares denunciados.
Ao todo, foram emitidos 16 mandados de prisão contra policiais, e quatro deles já estavam presos desde a deflagração da operação Calabar, em junho. A operação levou à prisão de 96 policiais de Niterói e São Gonçalo por relações semelhantes com o tráfico de drogas. Nove policiais foram presos na operação de hoje, e na casa de dois deles foram encontradas armas não registradas. Um deles também guardava entorpecentes.
O coordenador de Inteligência da Polícia Militar, Antônio Goulart, relacionou a corrupção policial com a vitimização de policiais. Em 2017, mais de 100 policiais militares foram assassinados.
"Vejo uma correlação direta entre o policial corrupto e a nossa vitimização. O policial que se corrompe fortalece o traficante, e o traficante que se fortalece coloca em risco a tropa", disse o coordenador, que reconheceu que as prisões podem prejudicar a imagem da polícia se forem "mal interpretadas", mas, na visão dele, significam que a polícia não compactua com a corrupção. "São mil policiais no batalhão. O fato de detectar oito com problemas não quer dizer que a gente perca credibilidade".
Além dos policiais, que tiveram a prisão preventiva decretada pela auditoria militar, havia mandatos contra 23 civis, concedidos pela 2a Vara Criminal de Niterói. Nesse grupo, há informantes e traficantes que participavam do esquema. Nove mandados contra traficantes foram cumpridos, sendo quatro contra criminosos que já estavam presos e cinco que foram presos hoje nas comunidades da Grota e do Sapê, em Niterói.
Segundo o promotor do Ministério Público Alexander Araújo, entre os presos há lideranças da facção Comando Vermelho. A operação nas duas favelas de Niterói também resultou na apreensão de 11 armas, entre pistolas e revólveres, além de munição e drogas.