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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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O Parque da Cidade precisa voltar a ser sonhado

Projeto avançava sobre a rodoviária e o ginásio Pedrão, onde seria instalado um complexo esportivo

Wanderley Peres

Um parque urbano no centro da cidade. Este foi o último grande sonho que Teresópolis teve, e já faz dez anos isso. Chamado Parque Fluvial do Paquequer, a generosa ideia transformaria a degradada área da extinta fábrica Sudamtex num local para passeios e lazer, criando um novo eixo turístico de grande potencial na cidade, aos moldes de grandes parques, como o Central Park em Nova Iorque, o Parque de Barigui em Curitiba e o parque do Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.  Anunciado pelo movimento Nossa Teresópolis, o Parque da Cidade provocou logo o interesse das autoridades. O prefeito desapropriou a área, o ministério do Meio Ambiente prontificou recursos para ajudar na implantação e a Câmara Municipal aderiu ao ambicioso sonho que já havia encantado os empresários e a população.

O Projeto era mesmo generoso. Previa a construção de uma avenida central, que cortaria o parque de um extremo ao outro, permitindo fácil acesso a todas as áreas do parque e dentre os principais atrativos haveria uma central de atendimento, infraestrutura completa com banheiros, loja de souvenirs, restaurante, quiosques e estacionamento para cerca de 150 veículos. O Parque da Cidade teria ainda concha acústica, áreas infantis e de exercícios ao ar livre e um lago com aproximadamente 8.500m² de frente para a chaminé da fábrica, com pedalinho, cisnes e deck. Quadras poliesportivas, ciclovia e cooper com 3 km de extensão, área gramada para piqueniques, mesas para jogos de dama e xadrez, jardim botânico com bosques de flores, espécies nativas identificadas, horto para cultivo de ervas fitoterápicas, escola de educação ambiental, e ainda amplo centro de convenções, com um teleférico ligando-o ao mirante da Fazendinha. 

Os idealizadores do Parque da Cidade pensaram até no aproveitamento do Paquequer como atrativo turístico. Cenário do romance O Guarani, de José de Alencar, o rio teria passeio de balsas, passeio nostálgico emoldurado pela Serra dos Órgãos.

Uma outra interferência urbanística na região degradada seria a revitalização da área da Rodoviária, onde seria criado um complexo esportivo aproveitando o ginásio Pedrão e a praça de Esportes Radicais, complementando o Parque da Cidade, aumentando ainda mais o seu tamanho e imponência, representando benefícios para o meio ambiente e promovendo equilíbrio da temperatura, especialmente para o bairro de agriões. Na outra ponta, o túnel da Beira Linha serviria como atração de um museu do trem que seria instalado onde tem uma pracinha, já na Beira Linha, levando ao bairro do Alto os benefícios do empreendimento.

Realização de fato ousada, vista até como sonho por parecer tão impossível, a ideia do Parque da Cidade foi sendo abandonada, aos poucos. Desapropriada a área por um prefeito, na surdina foi derrubado o decreto por outro. E, agora, um sonho pequeno está sendo gestado. “Era impossível aquilo, uma utopia”, justificam alguns que já pensam no local como metro quadrado para especulação imobiliária.

Olhando o passado vemos que os sonhos impossíveis é que moveram a cidade ao longo dos anos. Imaginar uma estrada de ferro sendo construída serra acima diante das tamanhas adversidades e os parcos recursos industriais da época. A construção de um palácio para sede da administração municipal, a pavimentação da cidade e sua ligação com tamanha quantidade de pontes, a construção de tantos prédios públicos, mais de 100 apenas na rede de educação…

Desapropriar uma área de 150 mil metros quadrados e mudar a rodoviária de lugar, realmente é uma empreitada grande, e complexa porque contraria interesses econômicos. Mas, voltando ao passado, vemos que a dificuldade posta é ínfima diante de outras já enfrentadas para a realização de sonhos tão grandes quanto o do Parque Fluvial do Paquequer. Como exemplos podemos lembrar da criação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a construção da sede da CBF.

Não foi a vontade do ministro da Agricultura dos anos 1030 que fez surgir o Parnaso. Donos das granjas Comary e Guarani, incentivados pelos sonhadores textos do engenheiro Armando Vieira que iam sendo publicados no Jornal do Comércio, os irmãos Carlos e Arnaldo Guinle doaram as terras altas de suas propriedades para o surgimento, em 1939, do terceiro parque nacional do país, o nosso Serra dos Órgãos, que avançou em direção à Magé, com a desapropriação das terras montanhosas de Carlota Taylor, nos anos 1950 e, recentemente, dobrou de tamanho, tornando-se um sonho brasileiro de proteção ambiental.

Imaginar que o Parque Nacional surgiu a partir de um texto de jornal…

A construção do Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Futebol na Granja Comary é outro exemplo de sonhar grande. Adquirida pelo Almirante Heleno Nunes, a área foi posta à venda quando o teresopolitano deixou a presidência da CBD. No local, onde o apaixonado por Teresópolis Heleno Nunes queria a sede da concentração da Seleção Brasileira, surgiriam empreendimentos imobiliários, que piorariam a qualidade de vida do entorno, berço da Serra dos Órgãos que se descortina frente ao lago do Comary como uma paisagem de cartão postal e a disposição de todos ao custo de um olhar.

Diante da possibilidade de ver surgir um novo bairro dentro do Comary, a prefeitura providenciou um projeto de lei junto a Câmara Municipal tornando a área não edificável, jogando o valor do terreno ao chão. Ao mesmo tempo, politicamente, foram sendo contornadas as dificuldades para que insistissem com a ideia da sede da concentração, e ela acabou acontecendo. Não havia dinheiro, mas a prefeitura não só ajudou a construir a sede da CBF como ficou responsável pela sua manutenção nos primeiros anos.

Cidade onde surgiu o hábito do veraneio no Brasil e onde o brasileiro iniciou a prática do montanhismo. Região de terras privilegiadas onde as espécies estrangeiras foram experimentadas como em laboratório tornando a forte agricultura do município o celeiro do estado…

A história tem exemplos que nos servem de referência. Teresópolis nasceu para ser grande e sonhar grande é necessário. Parque da Cidade Sim, precisamos voltar a sonhar com o Parque Fluvial do Paquequer.

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Edição 29/11/2024
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