Antonio Fuchs e Juana Portugal (INI/Fiocruz)
A Fiocruz promoveu na quarta-feira (30/6) um evento para homenagear os trabalhadores do Centro Hospitalar Covid-19, do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), e do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Durante o evento, em que foram ressaltados os esforços e o compromisso dos trabalhadores, ampliados em uma época de pandemia, foram entregues um painel e uma aquarela que prestam homenagens a esses servidores. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2021 é o Ano Internacional dos Trabalhadores de Saúde e Cuidados. Presente ao evento, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que o momento é de homenagear os profissionais que estão na linha de frente no combate à Covid-19, enfrentando não apenas o vírus, mas também as numerosas dificuldades decorrentes da pandemia.
“Nossos profissionais fazem um trabalho notável e se guiam com grande sensibilidade, o que muito me emociona. Temos um compromisso com esses trabalhadores, em especial os da enfermagem, que lutam pela aprovação do PL [projeto de lei] 2564, que institui melhores condições de trabalho [além de criar o piso nacional para enfermeiros, técnicos e auxiliares e fixar em 30 horas semanais a jornada de trabalho para a categoria]. Hoje é dia de agradecer a todos esses profissionais e pedir que recebam afeto e reconhecimento para continuar a fazer o seu trabalho”, disse Nísia.
Em seguida houve a intervenção da chefe do Serviço de Enfermagem do INI/Fiocruz, Mariana Machay, que também representou o Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Asfoc-SN). Ela fez um relato do trabalho da enfermagem neste mais de um ano de pandemia e convocou que todos se unam em defesa do SUS. “Os trabalhadores do setor precisam de melhores condições profissionais, mais dignas e justas. Não nos furtamos de enfrentar este imenso desafio e antes mesmo de a pandemia chegar ao Brasil já estávamos mobilizados para dar a nossa contribuição. Convoco a população para que esteja conosco nesta luta”.
O diretor da Esnp/Fiocruz, Marco Menezes, elogiou a dedicação dos trabalhadores da enfermagem e dos cuidadores e disse que a homenagem é mais um símbolo dos 121 anos da Fundação. “Esta é uma instituição pública e estratégica do Estado brasileiro, em defesa da vida, da saúde, da população e dos trabalhadores, sobretudo das chamadas categorias invisíveis, que são de fundamental importância. Parabéns pela garra e dedicação, em meio a tantos desafios, e vamos lutar pela aprovação do PL 2564”.
O chefe do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, Carlos Alberto Costa, lembrou que a instituição tem uma história de 53 anos bastante significativa, cuidando da população do entorno [o bairro de Manguinhos]. “Somos testemunhas oculares e braçais da formação do SUS e, no caso do nosso território, da implantação da Estratégia de Saúde da Família. E estamos há mais de um ano em meio a este imenso desafio, nos empenhando, trabalhando, mesmo quando não havia literatura, lições ou protocolos a serem seguidos. O Centro não fechou em nenhum momento e continuamos na luta para oferecer a melhor qualidade na assistência, dando respostas rápidas à população que nos procura”.
Para a coordenadora do Cuidado do Centro de Saúde Escola, a enfermeira Íris Lordello, os trabalhadores da saúde são como o trecho do hino brasileiro: “verás que um filho teu não foge à luta”. Íris ressaltou que “O SUS é o Brasil que dá certo, a fortaleza da população e dos trabalhadores”.
Em seguida houve a apresentação da aquarela pintada pelo artista Cadu Havengar. O quadro mostra o Castelo da Fiocruz e, por trás da construção, aparecem quatro trabalhadores da saúde paramentados. Na frente do Castelo, uma mãe abraça o filho. Havengar, cuja família também estava presente, se disse emocionado e observou que quis homenagear todos os profissionais da saúde com sua obra. “Quando criança eu passava pela Avenida Brasil e, ao olhar para o Castelo da Fiocruz, pensava que era um palácio encantado com reis, rainhas e heróis. Hoje eu tenho certeza que vocês todos são heróis. Recebam, todos o meu abraço”.
Depois da apresentação do quadro houve nova homenagem aos trabalhadores, no Centro Hospitalar Covid-19, do Instituto Nacional de Infectologia INI/Fiocruz. No local houve a inauguração de um painel que um profissional de saúde de mãos abertas com 24 borboletas a sua volta. A obra é de Cadu Havengar e Pas Shaefer, com a colaboração dos trabalhadores que acompanharam a realização da obra na fachada do bloco técnico do Centro Hospitalar. O trabalho marca o primeiro ano de funcionamento da unidade, que diariamente salva a vida de muitos brasileiros nesta pandemia. A entrega do painel foi feita pela presidente Nísia Trindade Lima à diretora do INI, Valdiléa Veloso. A cerimônia reuniu profissionais que trabalham no Centro Hospitalar e que inspiraram os artistas, que buscaram inspiração para o grafite na rotina diária dos trabalhadores.
Nísia relatou que foi procurada pela diretora Valdiléa Veloso para programar alguma atividade que marcasse o primeiro ano do Centro Hospitalar. “Nós conversamos e eu disse que gostaria de homenagear os trabalhadores do INI com uma obra de arte. Então, podemos dizer que Valdiléa foi a inspiradora da ideia e depois houve, claro, o trabalho coletivo e artístico dos pintores. Esse mural tem a alma da Fiocruz representada nele, que são os profissionais que diariamente atuam fazendo o melhor pela saúde pública. Só temos a agradecer a todos vocês que estão nessa batalha cotidiana e lidando com o sofrimento humano. Com essa pintura queremos trazer um pouco da leveza das borboletas para os voos que vocês terão pela frente”, salientou Nísia.
Valdiléa Veloso agradeceu à Presidência da Fiocruz pela homenagem que marca o primeiro ano de funcionamento do Centro Hospitalar e aos artistas, pela sensibilidade em expressar tão bem a esperança que a unidade busca dar a todos os pacientes que entram nela e desejam sair curados da Covid-19. “Esse painel colorido, de alegria, de esperança, nos revigora para a vida, para continuarmos o nosso trabalho. O mural, assim como o nosso Centro Hospitalar, não é transitório. Ele vai permanecer nessa parede e lembrar aos que virão no futuro sobre esse momento que nós estamos vivendo. É um painel testemunho. É uma homenagem que nos revigora para continuarmos nossa luta”, afirmou Valdiléa.
A enfermeira Michele Borges falou em nome dos profissionais da unidade. Ela ressaltou a beleza do mural e a sensibilidade ao simbolizar os trabalhadores do Centro Hospitalar e a motivação que ele traz para a rotina diária de todos que estão fazendo de tudo para salvar vidas durante esta pandemia.
Havengar informou que as borboletas representam a transformação dos pacientes que chegam para tratamento no Centro Hospitalar e que lutam para sair com vida dessa doença que vem dizimando famílias. “Entendemos que, assim como a borboleta sofre uma metamorfose do casulo para a lagarta, até criar belas asas e ganhar a liberdade, é assim que enxergamos aqueles que são atendidos na unidade. Vencer essa luta e sair com vida de volta para os braços da família representa esse voo de liberdade que buscamos imprimir no mural. É interessante pensar na ideia de que o grafite fica exatamente entre a porta de saída dos pacientes que recebem alta e do necrotério hospitalar. Ou seja, as borboletas podem significar uma passagem, tanto de volta para a vida, quanto para outro plano de existência”, comentou o artista.
Concepção do mural
No âmbito da celebração dos 121 anos da Fiocruz, que teve como tema o Ano Internacional dos Trabalhadores de Saúde e Cuidadores, instituído pela Organização Mundial da Saúde, a Fiocruz quis prestar uma homenagem, com uma obra de arte, aos trabalhadores que atuam na linha de frente no enfrentamento da pandemia. “Conheci o trabalho do Cadu durante a pandemia. Ele me fez portadora de um presente aos trabalhadores da Fiocruz, uma linda aquarela do Castelo, com uma dedicatória muito emocionante, com um olhar sensível, em que destacava a importância e a dedicação de todos os trabalhadores da Fiocruz. Assim, quando a presidente Nísia me passou a tarefa de prestar a homenagem, imediatamente pensei no Cadu. O portfólio dele foi apresentado e aprovado", explicou a assessora da Presidência da Fundação, Inês Fernandes.