Wanderley Peres
O vereador Maurício Lopes informou ao plenário da Câmara na sessão desta terça-feira, 22, que pretende pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar corrupção em curso no Lixão do Fischer, onde o coordenador de nome Cascão estaria cobrando propina de caminhoneiros para o descarte de terra e entulho, material que não pode ser despejado mais no local diante da falta de espaço para a acomodação do lixo doméstico, cada dia em maior quantidade. Mauricio sugeriu, inclusive, que a suposta corrupção no lixão possa ter envolvimento de gente graúda do governo, porque “se não coíbem o abuso é porque alguém está levando a sua parte”.
A incisiva fala do vereador vem a reboque de reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final, da qual o vereador Maurício é presidente, onde ouviu de 6 testemunhas afirmações contundentes de que estaria sendo cobrada dos caminhoneiros a propina para entrada no único recinto de desova do lixo no município. Segundo essas testemunhas, desde o início do governo Vinicius estaria sendo cobrado R$ 30 por caminhão, entrada que custava R$ 20 reais no tempo de Tricano, nos anos 2015/2016. Foi dito ainda à Comissão que o responsável pelo Lixão estaria vendendo fresa de asfalto depositada no local pela CRT, onde funciona a Usina de Asfalto, também sob a responsabilidade do servidor alvo da acusação, informando os depoentes até o preço do caminhão cheio, que custaria R$ 600.
Repercutindo a sessão da terça-feira, 22, os secretários de Serviços Públicos, Davi Serafim e o de Meio Ambiente, Flávio Castro, encaminharam ofício ao presidente da Câmara Municipal na tarde desta quarta-feira, 23, informando que o funcionário atacado, chamado apenas de “Cascão” durante a grave denúncia na sessão, chama-se Luis Sérgio da Silva, e que se trata de servidor público municipal, nomeado responsável pela coordenação do Aterro Sanitário. No ofício, os secretários pedem, afim de instruir processo disciplinar instaurado para apurar a conduta do servidor atacado, que o Poder Legislativo informe a qualificação e o endereço do denunciante do suposto ilícito, de recebimento de propina, informação que seria imprescindível para apuração em face do servidor afetado, que seria alvo de processo disciplinar aberto na secretaria de Meio Ambiente, responsável pela gestão do aterro sanitário. No fim da tarde desta quarta-feira, o servidor foi afastado da coordenação do Aterro Sanitário, ficando apenas com a responsabilidade da usina de asfalto, sendo substituído pela servidora Daiane.
Indignado com as afirmações feitas na Câmara, que considera estapafúrdias e sem indícios de veracidade, o servidor Luis Sergio da Silva procurou a redação do DIÁRIO para esclarecer a situação, afirmando que está sendo alvo de campanha difamatória por desagradar interesses. Servidor da Secretaria de Serviços Públicos desde 2001, responsável pelo Lixão nos últimos 17 anos, passando por oito prefeitos no mesmo cargo de coordenador do Aterro Sanitário, sendo ainda chefe da Usina de Asfalto, Cascão, como é mais conhecido Luis Sérgio, disse que todas as afirmações contra ele são mentirosas e que até foi à 100aDP para registrar Boletim de Ocorrência.
“Nada disso acontece, e já afirmei a verdade em BO na Delegacia, onde relatei os fatos e deixei claro que tudo é calúnia”, foi enfático. Sobre a liberação do despejo de bota-fora no lixão, e a cobrança de propina, Cascão disse a O DIÁRIO que uma placa no local informa as condições de descarte aos caminhoneiros, que estariam cobrando pelo custo do bota fora, que é particular e sem gerência da prefeitura, e tentando despejar no Lixão. “Estão reclamando aqueles que tentam colocar no lixão resíduos incompatíveis com as regras. Terra e entulho eu não posso receber e caminhoneiros forçam a entrada, encontrando resistência da minha parte porque o lixão está saturado e nem sempre preciso de terra”, disse, lembrando que, às vezes, tem de usar tratores para rebocar os caminhões de coleta de lixo.
“Com relação ao que o vereador disse na sessão, posso dizer que o problema dele é comigo, por isso, venho ao jornal e na tevê Diário, como homem, para comprovar a minha inocência. Se o vereador tem provas contra mim que coloque na mesa. Sou servidor público e jamais vou colocar minha imagem em dúvida. O aterro não comporta a demanda e por isso o bota-fora vem sendo colocado em outro local, que é particular e cobra caro. Os caminhoneiros estão cobrando valor de bota-fora e querendo descartar no lixão sem pagar. Essa é a verdade. Não escolho quem pode ou não entrar no lixão, isso não é verdade”. Quanto as pessoas que trabalham de coleta no lixão, Cascão negou também que pediria algo deles. “Não me ofereceram nada. Eu ganho pouco como servidor público que sou. Mas não faço isso. Os cerca de 200 catadores não sofrem a minha interferência. Não é verdade isso também, que eu cobro propina de catadores, um absurdo essa acusação. Eles são trabalhadores que se organizam e exigem até que eu não permitisse novos catadores porque já tem muita gente. Quando chega um caminhão é uma correria. Sou sujeito homem, e trabalho noite e dia, tenho minhas coisas graças a Deus, mas tudo lícito. E estou sendo vítima de perseguição, é preciso deixar isso bem claro”, afirmou ao repórter Luiz Bandeira, em entrevista para a tevê Diário.