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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Tablets prometidos ainda não foram entregues em Teresópolis

Empresa já recebeu quase R$ 4 milhões e Câmara alerta para o risco da entrega não ocorrer

Wanderley Peres

Nos primeiros dias de janeiro, a prefeitura anunciou em suas redes sociais a compra de 19.405 tablets para distribuição a todos os alunos do ensino fundamental I e II. A milionária compra custou aos cofres públicos 24 milhões 476 mil e 476 reais, valor que deixou muita gente espantada com o gasto, especialmente pais de alunos que ansiavam pela reabertura das escolas e viam diversos prédios ainda sem condições de uso ou em reformas intermináveis, atraso que se supunha ser por falta de dinheiro na prefeitura.

Comemorando a compra tida como um bom negócio para a Educação, compra que já havia pago parte dela ainda em novembro passado sem que equipamento algum tivesse chegado aos alunos, o prefeito fez postagem na internet, prometendo que os tablets, todos com chip de acesso à internet, começariam a ser entregues em fevereiro, de forma escalonada, propagandeando que o equipamento seria ferramenta central para proporcionar aos estudantes acesso a um conteúdo inovador, inteligência sócio emocional, leitura, robótica, gamificação e programação de sistemas.

“Mais importante do que o equipamento é o recheio dele, o pacote de conteúdo que vamos proporcionar para acesso por meio desses tablets. Temos uma proposta pedagógica para uma educação para o século XXI, que ofereça uma boa base de conteúdo de ciência e tecnologia, de empreendedorismo, de educação financeira e de inteligência emocional”, comemorou Vinícius.

A promessa feita pelo prefeito em 4 de janeiro completa três meses essa semana e não foi divulgado pelo governo sobre a entrega da cara encomenda ou se parte da compra ou toda ela foi entregue à Educação. Se sabe é que a empresa onde o prefeito adquiriu os equipamentos andou enrolada com a justiça e diante do risco dos tablets não chegarem aos alunos, foi aprovado na última sessão da Câmara Municipal um pedido de informações exigindo explicações da administração municipal, até porque se trata de equipamentos que tem o valor depreciado com o tempo. Aprovado por unanimidade, o pedido de informações requer ao prefeito, no prazo máximo de 30 dias, cópia do inteiro teor do processo de pagamento, o cronograma detalhado da entrega, a relação nominal de todos os alunos beneficiados e as unidades escolares contempladas. Pede ainda cópia do planejamento de atividades programadas para uso dos tablets.

O vereador Maurício Lopes alertou na sessão da Câmara desta terça-feira que os três hospitais de Teresópolis poderão em breve deixar de atender aos pacientes do SUS por conta da falta de pagamento por parte da prefeitura. O parlamentar afirmou que esta possibilidade foi levantada na última reunião do Conselho Municipal de Saúde quando os representantes de Hospital São José

“A compra está empenhada desde o ano passado e parte do valor foi pago. O prefeito prometeu entregar os tablets em fevereiro e já está acabando o mês de março. A gente sabe que os tablets custaram uma fortuna e que equipamentos eletrônicos sofrem depreciação muito rápida, então se o equipamento comprado era necessário ele tem que chegar rápido aos alunos porque toda aquela maravilha de educação divulgada na matéria da prefeitura não está sendo entregue conforme prometido”, justificou Mauricio Lopes, lembrando que os alunos estão tendo que ir para as escolas a pé enquanto a prefeitura mantém em galpão alugado sua frota própria de veículos, ociosa porque uma empresa de ônibus foi contratada para o serviço, contratada que não recebe sequer uma planilha da secretaria de Educação informando a rota a ser obedecida, como a própria teria informado à Câmara.

No início da tarde, O DIÁRIO procurou a Prefeitura para saber sobre os tablets comprados da empresa, de nome Conesul. Quantos equipamentos, se foram entregues e se existe algum contrato de comodato assinado pelos responsáveis pelo aluno contempado. A redação quis saber também se a prefeitura manterá o contrato com a Conesul depois das notícias de suspeitas contra a empresa. Até às 21h43 desta quarta-feira não tivemos resposta

MAIS CURSOS COM COACH

Matéria de primeira página do DIÁRIO nesta quarta-feira, 30, duas outras compras da Educação foram também alvo de suspeitas pelos vereadores, motivo para a vereadora Erika, da base de apoio ao governo na Câmara, anunciar reunião emergencial com a secretária de Educação, que ocorre nesta quinta-feira, 31, à tarde, no Salão Azul, onde “encontrariam as respostas necessárias”. O encontro será restrito aos vereadores, e proibido à imprensa.

Neste segundo pedido de informações, também aprovado por unanimidade, a Câmara quer saber sobre a contratação de uma empresa de Vila Velha, no Espírito Santo, para oferecer curso de formação, orientação e capacitação de 350 agentes de creche, pelo valor de R$ 567 mil e da compra de uma palestra por R$ 12 mil, no Paraná, ambos contratos por dispensa de licitação. O que saltou aos olhos dos vereadores foi o fato do instituto do Espírito Santo ter como presidente um coach, o guru Vicente Falcão, lembrando o modus operandis utilizado na contratação do coach Sérgio Vieira, da ONG Servindo e Protegendo, de Belo Horizonte.

“Depois de contratar uma ONG de Minas Gerais para comprar livros de um coaching, a prefeitura agora está contratando treinamento de agentes de creche de um instituto do Espírito Santo que tem como presidente outro palestrante. Estão brincando com coisa séria. Esses empenhos feitos ao apagar das luzes são para gastar o dinheiro sobrando”, afirmou o vereador Maurício Lopes. “Se o curso durar 6 horas por dia, o palestrante vai ganhar R$ 28 mil por dia. Isso é um absurdo, especialmente numa cidade que nem oferece novas vagas nas creches. Não seria melhor gastar esse dinheiro construindo novos espaços, ampliando o número de vagas?”, aparteou o vereador Amorim.

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Edição 27/11/2024
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