Wanderley Peres
Três meses atrás o prefeito comemorou a publicação de um edital para a licitação de reforma da escola Maçon Lino Oroña, na rua Prefeito Sebastião Teixeira, na Várzea, informando que o município tinha R$ 1 milhão e 500 mil para a restruturação da unidade escolar. Fechado há dois anos, por conta da pandemia, o prédio teria o telhado substituído por outro, recebendo ainda reparo nos defeitos do emboço, modernização da instalação elétrica, elaboração de projeto de prevenção e combate a incêndios, revitalização das instalações hidro sanitárias e adequação da acessibilidade através da aplicação de pisos táteis, além de aproveitamento de espaços não utilizados, para a criação de um ambiente aconchegante e seguro.
Segundo a prefeitura, que nada fez para recuperar o prédio durante os dois anos sem aulas presenciais, a licitação ocorreria no dia 3 de março último, com entrega da obra em oito meses, ficando pronta a reforma a tempo de ser inaugurada para o ano letivo de 2023. Dois meses depois da data marcada, a prefeitura conseguiu fazer a licitação nesta quinta-feira, 28, publicando o resultado arranjado no DO desta sexta-feira, 29. Como era de se esperar, aos costumes, apresentando proposta com o valor de R$ 1.505.290,18, concedendo 1,2% de desconto, apurando o valor de R$ 1.487.222,67, ganhou a empresa Econstrur, de São José do Vale do Rio Preto, que vem ganhando diversas licitações de reformas de escolas em Teresópolis e que não vem fazendo a contento a maioria delas, recebendo muitas críticas dos vereadores pela demora e qualidade dos serviços, sendo alvo, inclusive, de denúncias por ter ganho uma licitação, abandonado a obra porque teria pego o serviço barato demais depois de receber parte do valor contratado, vencendo, de novo, nova licitação, por valor muito superior para a mesma empreitada.
O DIÁRIO não conseguiu se informar sobre as propostas concorrentes, ou se houve concorrência nessa licitação aparentemente arranjada. É preocupação para os vereadores, que terão de se movimentar pela investigação porque é papel da Câmara acompanhar esses gastos de dinheiro público de forma suspeita, afinal a construção de um prédio novo talvez não chegasse a esse tanto em dinheiro. Os vereadores terão de duvidar também da preferência do governo pela construtora de fora, que goza de sabidos privilégios na administração municipal, que em dois anos de pandemia, com todas as escolas fechadas, não reformou também a escola Martucheli e Tiago Medeiros, no interior e a Hermínia Joseti, na Tijuca, entre tantas outras.
- OPINIÃO DO DIÁRIO
Estão perdendo uma boa oportunidade
para incrementar a economia local
O que os vereadores nunca questionaram e chega a ser grave isso é a preferência do governo municipal em contratar empresas de outras cidades para vender produtos e prestar serviços ao município que poderiam estar sendo adquiridos dos próprios munícipes. Além de não pagar impostos na cidade essas empresas trazem funcionários de fora e levam para fora o suado dinheiro que chega aqui.
A secretaria de Educação aliás, que é rica e encheu os cofres de dinheiro durante a pandemia, quando economizou recursos que agora esbanja em compra de cursos, palestras e reformas caríssimas, poderia criar sua estrutura própria para, não apenas contratar mão de obra e comprar materiais de construção na cidade, mas também profissionalizar jovens pedreiros, serventes, carpinteiros, ladrilheiros, calceteiros, vidraceiros… Com tanto dinheiro, a Educação poderia ter sua própria empresa de construção que faria compras de materiais diretamente no município e empregaria mão de obra local qualificada, permitindo, ainda a inserção de jovens no primeiro emprego.
E não adianta os defensores do governo dizer que isso é ilegal porque é possível fazer, e dentro da lei, embora dê bastante trabalho, literalmente, coisa que o governo parece querer evitar. Se faz até roubalheira de dinheiro público “dentro da lei” quando se quer fazer, vide a compra de palestras em uma ONG de Minas Gerais, fraude que só não foi à frente por causa das publicações feitas pelo DIÁRIO, investigação que repercutiu na Câmara e escancarou de tal forma o escárnio que o prefeito teve que recuar na mutreta engendrada.
Empreendedor que deu certo ao eleger-se prefeito, quando se desfez de negócios não lucrativos que havia empreendido até então, o empresário Vinícius Claussen insiste na tecla de que é preciso formar jovens empreendedores, se esquecendo que os jovens precisam mesmo é de trabalho, de emprego, e a construção civil poderia empregar essa mão de obra se ela for qualificada, bastando que as escolas sejam transformadas em canteiros de obras públicas. E são mais de 100 prédios carentes de reforma e manutenções na Educação, representando muito para a economia e a inserção social se fosse criado esse serviço profissionalizante.
Foto: Em fevereiro a prefeitura já sabia o preço que custaria a obra, finalmente concedida a Econstrur, que vem realizando reformas bastante questionadas pelos vereadores