Comprou, vai comprar, não comprou. É tão confusa a administração municipal que o governo se perde nas próprias mentiras que o prefeito prega desabridamente. Exemplo do jogo de esconde-esconde informação na prefeitura é a famigerada compra de computadores para a Educação, rolo que veio a público em novembro do ano passado nas páginas do DIÁRIO, repercutiu na Câmara e ainda não terminou. Em desmentido, a assessoria de comunicação da prefeitura informou, em novembro passado, que não havia sido feita compra alguma, ao tempo em que o prefeito Vinicius, discursando ao Tribunal de Contas do Estado, quando tentou levar a engano os conselheiros do TCE, para ver aprovadas, mesmo com ressalvas suas contas mal-feitas, o prefeito disse que havia adquirido os tais 1.400 computadores, comemorando ainda a aquisição de 19 mil tablets para os alunos, além de 21 mil kits escolares. “Não disse que iria comprar ou que estava comprando. Afirmou que havia comprado”, está escrito no DIÁRIO, que faz o registro diário da cidade, gravando para a memória municipal, também, os equívocos da administração municipal.
Quanto aos 19 mil tablets e os 21 mil kits para a Educação, que o prefeito disse no TCE ter comprado, é outra mentira. Ou, no mínimo, uma meia verdade. Dos 19 mil tablets teriam chegado apenas 3 mil, até onde se sabe. E os kits, é outra conversa fiada. Ao que parece, seriam aqueles cursos de coach contratados numa ONG de Belo Horizonte que davam um livrinho de brinde, compra que também foi cancelada por picaretagem na licitação.
Voltando aos 1.400 computadores, parece ser fato que a prefeitura não havia comprado. Mas, como “estava comprando”, importou saber a O DIÁRIO, à época, se os valores apresentados pela prefeitura estavam dentro do preço de mercado. Numa simples consulta aos sites de eletrônicos se percebeu em novembro do ano passado, que o leilão realizado pelo Departamento municipal de Licitação pode não ter encontrado o menor preço. A configuração anunciada em edital – 8gb de memória ram, processador de 64 bits, frequência mínima d 1,6ghz com no mínimo 4 núcleos físicos e 8 theads, 1 unidade de ssd m.2 pci nvme, com 256gb, monitor 14 polegadas e windows 10 home – que estava custando aos cofres públicos até R$ 5.357,00 cada, poderiam custar quase a metade do valor.
Agora, sem alarde, no escondidinho do DO digital como faz com o que não interessa divulgar – o que interessa divulgar o prefeito faz selfie até em post patrocinado – a Prefeitura informou que comprou, finalmente, os tais 1.400 computadores, aqueles que estavam sendo comprados num salão de belza para serem entregues como bônus aos professores no Natal, pagando por eles R$ 7 milhões 98 mil e 994 reais, ao custo de R$ 5.070,68 cada. Providencialmente, como faz tudo sem transparência, não foi informado as especificações do equipamento, que parece serem as mesmas da compra do ano passado. Ou não. São preocupações que devem estar tirando o sono dos vereadores, bem pagos para fiscalizar o prefeito e bem devem estar fazendo esse acompanhamento.
MAIS TABLETS
Depois de comprar tablets para a secretaria de Educação em um fornecedor que encontrou dificuldades para entregar a mercadoria, a prefeitura comprou agora, na mesma empresa, desta vez para a secretaria de Saúde, mais 400 tablets, do tipo Multilaser, por R$ 1.095,00 cada, ao custo total de R$ 438.000,00.
Com tela mínima de 10′, multi touch, com resolução mínima de 1280×800 pixels, processador Quad Core de 1.3Ghz, memória mínima de 2gb e slot para Micro SD, entrada para SIM, com Android, wi-fi, suporte as redes 3g e 4g e Bluetoth versão 4. ou superior, os tablets foram adquiridos por adesão a leilão de outro município, da empresa Conesul Comercial e Teconologia, que não cumpriu a entrega dos tablets da Educação, atrasando a entrega prometida para início de fevereiro, equipamento que sofre depreciação rápida e está fazendo falta para os alunos.
Empresa que ganhou chegou em terceiro na disputa de preços em novembro
Motivo de aborrecimento para os professores, que iriam receber computadores com bônus em vez do abono que queriam, a compra dos 1.400 computadores para a Educação é imbróglio que já dura 6 meses. Começou em novembro do ano passado, quando ganhou a licitação um “salão de beleza” de Santo Antônio de Pádua, com capital social de apenas R$ 50 mil, embora apta a comercializar, além de produtos de beleza e higiene, também tintas e vernizes, defensivos agrícolas e fertilizantes e, até automóveis e equipamentos de informática.
De nome Star Hair Cosméticos participou do certame e iria vender ao município os ditos computadores pelo valor unitário de R$ 4.900,00, perfazendo a compra o total R$ 6.860.000,00. As concorrentes da Hair Cosméticos, que ostenta o nome empresarial Estrela Mix Distribuidora Ltda, apresentaram no pregão eletrônico o valor total de R$ 6.950.000,00 a Lopes e Silva Comércio e Serviço Ltda, do Rio de Janeiro; R$ 7.099.000,00 a Formatti Teconologia Ltda., do Recife e R$ 7.500.000,00 a Benedes Soares Batista, de Paty do Alferes.
Cotação feita pelo vereador Maurício Lopes, apresentada na sessão da Câmara desta quinta-feira, 12, mostrou que os computadores poderiam custar quase a metade do que custaram. “No Maganize Luiza, esse computador, com as mesmas especificações, custa R$ 2.969; na Americanas 2.816; na Casas Bahia, R$ 2.889 e na Amazon R$ 2.829. Não dá pra entender essa lógica, onde a compra em quantidade custa quase o dobro do preço unitário”, reclamou.