No início de março passado, O Diário denunciou a existência de um grande número de lixões clandestinos em localidades no interior, no Segundo e Terceiro Distritos. A reportagem detalhou o grave problema, indo além do prejuízo direto para fauna e flora, mas atentando que os próprios produtores rurais têm muito a perder com a contaminação de água e solo – fundamentais para o desenvolvimento das lavouras. Na ocasião a prefeitura prometeu soluções, mas, pelo que se vê atualmente, nada foi feito. No último fim de semana circularam nas redes sociais diversos flagrantes de caminhoneiros despejando restos de lavouras, não comercializados no Ceasa, e outros produtos em um dos lixões destacados na publicação de quase quatro meses atrás. As imagens mostram o descarte irregular e criminoso sendo praticado em pequena estrada entre as localidades de Estrelinha, na região de Bonsucesso, e Vieira. “Isso é uma vergonha, uma falta de respeito. Daqui a pouco não vamos ter mais estrada para passar de tanto lixo jogado nesse lugar, além de muita coisa já estar caindo em barranco ao lado da pista, onde tem um rio. Ou seja, eles mesmos estão se prejudicando. Todos esses resíduos vão afetar as lavouras abaixo, lá em Estrelinha. Se eles não conseguirem vender no Ceasa, tem obrigação de dar a destinação correta e não jogar em qualquer lugar”, relatou ao Diário uma moradora da localidade de Vieira, pedindo para não ser identificada. As imagens na íntegra, sem esconder as placas dos caminhões, teriam sido encaminhadas para as autoridades competentes.
“A Secretaria Municipal de Meio Ambiente esclarece que realiza operações periódicas de fiscalização e que duas multas foram aplicadas recentemente. A ação será intensificada para flagrar e multar os autores desse descarte irregular”, prometeu o governo municipal em março passado, informando ainda que “a Secretaria Municipal de Agricultura adianta que encontra-se em fase de estudo a possibilidade de futura implantação do programa municipal de reaproveitamento de descartes e sobras da produção agrícola”. Também no documento, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos alegou que atua no recolhimento do lixo domiciliar, na cidade e interior.
Importante frisar que, além do prejuízo ambiental e consequentemente para a qualidade de vida de quem mora nesses locais, tais lixões clandestinos podem prejudicar outro importante segmento, o turismo. As localidades da zona rural têm sido cada vez mais procuradas pelos visitantes, interessados na diferente cultura e pontos de beleza cênica incomparável – justamente tendo como exemplo as imponentes Torres de Bonsucesso. Porém, se no lugar de admirar belezas e viver experiências o visitante se deparar com problemas comuns nas grandes cidades, porquê terá vontade de voltar?
Outros flagrantes
Também em 2021, nossa equipe registrou a mesma situação na localidade de Soledade, em Sumidouro, em estrada que dá acesso a Água Quente, em Teresópolis. Muito lixo doméstico, restos da produção rural e garrafas estão tomando grande parte da via, sendo que fragmento florestal entre pequena estrada e uma área de lavoura estava destruída por um incêndio – muito provavelmente criminoso.
Como denunciar os criminosos
Para reclamar a situação ao poder público não é necessário informar seus dados. Basta ligar para a Secretaria Municipal de Ambiente (2742-7763), Secretaria de Posturas (2742-8445) ou Ouvidoria Municipal, pelo telefone 0800 282 5074. Também segundo a Prefeitura, para quem joga lixo nesses terrenos ou em via pública a multa equivale a R$ 1.000,00 e pode dobrar em caso de reincidência e a fiscalização é feita pela a equipe do Controle Urbano. Além disso, os donos dos terrenos também são responsáveis pela preservação do seu patrimônio e são obrigados a cercar e murar, ficando sujeito às penalidades da lei, que no caso são 500 UFIR.
“A ação será intensificada para flagrar e multar os autores desse descarte irregular”, prometeu a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que diz ter efetuado multas recentemente
