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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Aumento do preço da passagem sem custo direto para o passageiro

Prefeituras subsidiam recentes reajustes concedidos em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro

Wanderley Peres

A prefeitura do Rio de Janeiro aumentou para R$ 6,20 o preço da passagem, valor que começa a ser cobrado a partir de 1º de janeiro de 2023. O aumento, no entanto, não impacta diretamente para o passageiro, que continuará pagando R$ 4,05. O subsídio foi a forma encontrada na justiça, pela prefeitura e as empresas de ônibus, para ajudar no custeio da passagem, mesmo barata, muito cara para população, cada dia com menor poder de compra. A alternativa impõe obrigações novas às empresas, como melhores condições dos veículos, que terão de circular com ar condicionado, e o incremento da frota e renovação gradativa dos veículos, além da reativação de linhas descontinuadas.

Com a passagem custando R$ 4,20 em Nova Friburgo, um estudo contratado pela empresa Faol apontou o valor justo da passagem em R$ 6,23 e outro estudo, feito pela COPPE, arbitrou o valor da passagem em R$ 5,24, acordando as partes num valor de passagem em R$ 5,73. Em vigor, o aumento do valor da passagem vem sendo custeado pela Prefeitura, que aportou R$ 4 milhões para o subsídio, solução que vem sendo discutida também em Teresópolis, e que esbarrou em desarranjos porque o subsídio, através de um fundo, teria sido condicionado à cobrança do estacionamento rotativo, serviço que foi proibido pela Câmara Municipal por conta da implantação equivocada do Promaj.

Concessionária do serviço municipal de transporte coletivo, desde 2020 responsável ainda pelo atendimento às localidades do interior do município, a empresa Viação Dedo de Deus também pleiteia uma solução para o drama que vive há bastante tempo. Disse, ainda em abril deste ano, que não tinha como continuar prestando o serviço com a passagem custando apenas R$ 4,40, especialmente diante do número cada vez maior de não pagantes, e da redução do público pagante, que vem migrando para as outras modalidades de transporte.

Na oportunidade, a empresa apontou para as dificuldades de manter o serviço no município em planilha de custos onde o valor pretendido para a passagem era de R$ 6,49, cerca de 50% de reajuste.

Embora absurdo, o aumento da passagem neste patamar, ainda ficaria abaixo do aumento do óleo diesel no período. Com o valor da passagem sem reajuste há quase dois anos, quando em 2020 passou de R$ 4,00 a R$ 4,40, reajuste de 10%, a empresa reduziu o pessoal e diminuiu os custos, sacrificando ainda a frota e a oferta das linhas, situação que vem sendo percebida claramente pelo teresopolitano, cada dia mais tempo nos pontos de ônibus.

Quando ocorreu o reajuste dois anos atrás, dado pelo atual prefeito, o valor da passagem havia mudado também cerca de dois anos antes, em junho de 2018, 5,3% de reajuste, no período do prefeito interino Pedro Gil. Somados os períodos, de quase quatro anos, quando a passagem aumentou cerca de 15%, os aumentos dos insumos que mais afetam a planilha de custos da passagem aumentaram o dobro bem mais. Em 2018, o salário mínimo era de R$ 974,00 e vai custar R$ 1.320,00 a partir de 1º de janeiro, quando o diesel, que custava R$ 3,37 já custa R$ 6,28.

“Os efeitos da pandemia impactaram em todos os segmentos e, por consequência toda a população, trouxeram as empresas de ônibus a uma situação dramática. A Inflação, beirando os 12%, fez o preço de alguns produtos dispararem, em certos casos muito além dos indicadores oficiais do governo. O óleo diesel, por exemplo, sofreu um aumento de 28,5% em relação a 2021 e de 77,6% em relação a 2020. Demais componentes como óleo de motor, lubrificantes e pneus tiveram reajustes na casa dos 80%”, justificou a viação Dedo de Deus em seu pedido de reajuste do preço das passagens. Diferentemente da grande maioria dos segmentos, as empresas de ônibus não reajustaram a tarifa, inviabilizando investimentos e tornando precário o serviço de operação das linhas, situação que só pioraria se o assunto não for tratado com a atenção que exige. Seria o caso de aumentar a passagem ou parar os ônibus, risco que já vem ocorrendo em outras cidades.

O DIÁRIO procurou saber da prefeitura sobre o pedido de reajuste, mas não obteve resposta. Da última vez que o jornal tocou no assunto, a prefeitura disse que “o Prefeito Vinicius Claussen está trabalhando com equipe técnica em várias frentes para encontrar fontes de financiamento e para avaliar alternativas para que o reajuste seja o mínimo possível. Entre elas, existe a previsão de usar parte da arrecadação do rotativo para custear as gratuidades de idosos de 60 a 64 anos que, desde que criada a lei, nunca foi subsidiada pelo município, encarecendo o custo da passagem de ônibus. Mesmo entendendo que a empresa tem suas demandas e que o custo comprovado da operação aumentou significativamente, principalmente devido aos constantes aumentos no combustível, o executivo não vai autorizar o aumento das passagens de ônibus no índice solicitado pela empresa”, respondeu a Prefeitura em abril deste ano, oito meses atrás.

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Edição 22/11/2024
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