Luiz Bandeira
Circularam nas redes sociais neste último fim de semana publicações com uma denúncia de pais de jovens estudantes universitários, alunos do Unifeso, de que mulheres estariam sendo assediadas nos arredores da universidade e da Praça Nilo Peçanha, a Praça do Ginda Bloch, no bairro do Alto. Segundo relato de uma das estudantes, na última sexta-feira, por volta das 21h, logo após sair da Unifeso, ela foi para o ponto de ônibus aguardar a condução para casa quando percebeu que um homem a observava do outro lado da Avenida Oliveira Botelho. Ainda segundo o relato, “ele a encarava sem se importar com as pessoas”. Ela conta também que, temendo pela sua segurança, a se aproximou de outros jovens, “porém isso não intimidou o homem que continuava a encarar”. Ainda segundo a denúncia, depois que ela entrou no coletivo, o homem entrou em um veículo e começou a seguir o ônibus. A jovem diz ter percebido e se comunicou com amigos, que a recomendaram a descer antes que o coletivo partisse. Em seguida, com ela se escondendo em uma pizzaria, percebeu que o veículo voltou momentos depois e que o homem parecia procura-la. A jovem conta que seus pais foram chamados para busca-la. A moça ameaçada, amigas que a acompanhava e os respectivos pais ficaram muito preocupados com a situação e relatam ainda que recorreram às autoridades policiais, mas, segundo afirmam, não foram atendidas. Nesta segunda-feira, 03, a equipe do jornal O Diário e Diário TV, esteve na 110ª Delegacia de Polícia e conversou com o Delegado Titular, Dr. Márcio Dubugras, sobre a acusação de crime de assédio, e com o Comandante do 30º BPM, Tenente Coronel Alex Soliva, que falou sobre o reforço no policiamento do entorno da universidade.
O delegado Márcio Dubugras afirmou que a polícia trabalha na apuração desse caso. “Nós recebemos no sábado, informações que foram publicas em rede social, dizendo que estava acontecendo, um tipo de assédio ali próximo a Unifeso. Então a partir do momento que tomei conhecimento, eu mandei fazer um registro de assédio sexual pra apurar o fato, nós tínhamos uma informação a respeito do veículo utilizado no fato, levantamos a informação, chegamos à identificação da pessoa e ontem uma pessoa fez um registro online de perturbação de sossego alheio informando que ela estava próxima a Unifeso e viu em um veículo um homem que estava neste veículo que passou a encará-la e ela se sentiu amedrontada, pegou um ônibus e percebeu que o carro tinha intenção de segui-la e ela desceu do ônibus”, detalhou o delegado que fez questão de alertar às pessoas que, por ventura presenciem ou sofram um crime, que recorram primeiro à polícia antes de fazer publicações nas redes sociais. “A gente está em fase de apuração, nós temos a notícia dessa questão, dessa intimidação que foi feita, mas é importante que qualquer outro tipo de ação praticada por essa pessoa ou por outra, que seja registrado na delegacia, as redes sociais servem como forma de notícia do fato, mas a gente necessita que realmente as vítimas compareçam a delegacia pra que a gente instaure uma investigação e possa imputar responsabilidade pra alguém”.
O comandante do 30º Batalhão, Tenente Coronel Alex Soliva disse que buscou nos registros da sala de operações, que concentra as ligações para o telefone de emergência da Polícia Militar, o 190, e não encontrou nenhum registro sobre o crime noticiado nas redes sociais. “De maneira formal não, o que nós recebemos foram informações transmitidas através de redes sociais, a partir dessa notícia nós iniciamos algumas ações de inteligência, com a nossa P2, juntamente com a inteligência da Polícia Civil e também medidas preventivas com o aumento do policiamento no local”.
Coronel Soliva informou ainda que o homem acusado de assédio foi identificado. “A gente precisa deixar claro que essa pessoa já está identificada, esse é o primeiro ponto e segundo, a gente aumentou o policiamento no local, inclusive com ponto base nos principais locais de entrada e saída dos alunos da faculdade”. O Coronel Alex Soliva reforçou que,“é importantíssimo que denúncias de crimes sejam passadas ao 190 para que atuação da Polícia seja mais efetiva” indicou o comandante do 30º BPM.
Novo capítulo
Nesta segunda-feira o caso agora sofreu uma espécie de reviravolta, Como inicialmente não há muitos elementos que possam incriminar o homem acusado de assédio, segundo foi revelado ao Diário de Teresópolis, a vítima agora teme pela sua segurança. Além disso, ela acredita que corre o risco de ser processada pelo homem, suposto autor de assédio. Muitas pessoas presenciaram as cenas, que pelos relatos configuram crime, porém as testemunhas também temem denunciar o homem acusado. O delegado, porém, disse que tudo será esclarecido e se for provado que houve crime o autor responderá perante a lei. “Essa pessoa que foi identificada por conta do veículo vai ser chamada e ela vai prestar esclarecimentos, se foi ela que estava intimidando ou não, a vítima que registrou no dia de ontem, ele vai ter que dar esclarecimentos pelo fato de estar ali, fazendo o quê naquela região”, pontuou o delegado Márcio Dubugras.