Wanderley Peres
Cerca de dois meses atrás, em 4 de fevereiro, um grande amigo nosso levou a mãe à UPA, então a porta de entrada da rede de saúde em Teresópolis. Com problema gástrico, ela foi encaminhada ao HCT no dia seguinte, dia 8 sendo dignosticada com Covid, que a matou no dia 16. Doze dias depois de enterrar a mãe, no dia 23 o filho foi internado no hospital São José, com 80% do pulmão comprometido, logo intubado e morrendo poucos dias depois, atingindo o vírus ainda outros membros da família, já recuperados da doença.
Até a semana passada a porta de entrada da rede municipal de saúde, de encaminhamento dos doentes de diversas causas, a UPA agora só trata Covid, como fosse um hospital, deixando de ser a porta de entrada da rede e, ao mesmo tempo, ponto de disseminação da doença que era, como já disse aqui na coluna, como os vereadores já denunciaram na câmara, como diversos médicos já apontaram e como qualquer pessoa com o mínimo de inteligência, gente simples do povo, inclusive, também pensa assim tão óbvia é a conclusão.
Números do quadro de óbitos do site Registros Civis do Brasil extraídos na tarde desta quinta-feira, 8, apontam para a conclusão de que muitas outras mortes em Teresópolis ocorreram por conta dessa mistura de pacientes na Upa. Para se ter uma ideia, em Nova Friburgo, município que tem 10 mil habitantes a mais que Teresópolis, foram registradas, de janeiro desse ano até ontem, 559 mortes por diversas causas, entre elas 419 por Covid. Em Teresópolis, das 707 mortes por várias causas no mesmo período, 635 mortes foram por Covid. Ou seja, Em Nova Friburgo morreram 140 por diversas causas e 419 por Covid e, em Teresópolis, apenas 72 pessoas, num universo de número de mortes por todas as causas bem maior.
Quadro comparativo dos municípios entre a 16.a e 20.a população do estado mostra, também os casamentos e nascimentos ocorridos de janeiro até 8 de abril e, ainda, os casos de mortes ao longo de todo o ano passado.