Luiz Bandeira
Em atividade desde meados de 2015, o programa “Bem Me Quer”, de Teresópolis, atende famílias de crianças e adolescentes vítimas de crime sexual. A iniciativa foi instituída por Decreto Municipal e desde então vem se tornando referência nesse tipo de atendimento para outros municípios. O serviço é realizado em espaçosas instalações, no terceiro andar do Centro de Atendimento Materno Infantil, na Avenida Lúcio Meira, 375, ao lado do Centro Administrativo Municipal Manoel Machado de Freitas, antigo Fórum, na Várzea. Esta semana a equipe do jornal O Diário e Diário TV foi até o local conhecer mais desse importante atendimento prestado à sociedade teresopolitana. “É um programa importante porque atende crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, uma questão de saúde pública, que rouba sonhos desses menores. Aqui em Teresópolis nós temos a grata satisfação de ser referência para outros municípios e até outros estados do Brasil. Nós conquistamos esse ‘status’ de referência por desenvolver um trabalho de qualidade com equipe multiprofissional. Aqui temos enfermeiro, médico, assistente social, psicólogo, farmacêutico, que realizam um trabalho conjunto em convênio com a secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil e Ministério Público”, detalhou a coordenadora do programa, Sandra Erli Azevedo.
O “Bem Me Quer” realiza oitiva especializada, reservada e célere de crianças e adolescentes abusados sexualmente, proporcionando redução da revitimização desses menores, aprimoramento da investigação dos fatos criminosos e a celeridade na efetivação da proteção das vítimas, através da adoção de medidas judiciais e extrajudiciais. “Então além de prestar os cuidados necessários às vítimas de violência e suas famílias, a gente também tem essa parceria para a apuração dos fatos. Essas oitivas são fundamentais, pois elas trazem elementos para a promotoria formular a denúncia e assim ocorrer a responsabilização do autor”, informou Sandra Erli, que ainda explicou que a revelação de um crime sexual cometido contra uma criança ou adolescente pode vir à tona antes de chegar ao programa. “Geralmente a revelação dos fatos acontece em qualquer equipamento, em uma unidade de saúde, de assistência social como um CRAS, um PSF ou ainda na escola ou até mesmo dentro da própria família. A gente também tem a grande parceria do Conselho Tutelar. Então se as famílias não se sentirem à vontade para buscar esses órgãos tem ainda o Disque 100, são vários meios para comunicar um fato e a gente pede para as pessoas que realmente comuniquem, que não se omitam”, prega a coordenadora.
Divulgação prejudicial
A Assistente Social do programa, Rosana Alvez, disse que há todo um trabalho coordenado pela equipe para não revitimizar esse menor que sofreu um crime sexual. “Aqui no ‘Bem Me Quer’ a gente busca evitar a revitimização. A gente busca aqui que essa criança seja ouvida principalmente duas vezes, uma durante a escuta especializada com as policiais civis da 110ª DP e a última vez que a gente quer que ela seja escutada é durante a audiência, e aí ela será ouvida novamente no NUDECA (Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente), da Defensoria Pública”, pontuou.
Rosana disse anda que a imprensa deve redobrar o cuidado ao publicar informações sobre esse tipo de crime envolvendo menores, o que segundo ela não vem sendo observado por alguns veículos, sobretudo aqueles que existem apenas em redes sociais. “Outra coisa também é quando esses crimes sexuais são expostos na mídia, geralmente o veículo de comunicação não se preocupa em manter a identidade desse menor em sigilo e acaba publicando o rosto desse suposto autor, coloca o nome desse suposto acusado e a criança ou o adolescente acaba sendo vinculado porque em muitos casos o acusado é da família. Esses crimes de violência sexual devem seguir em segredo de Justiça para esse menor não ser revitimizado”, alertou Alvez. O atendimento no “Bem Me Quer” é realizado de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.