No mês marcado pelo combate mundial à tuberculose, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) lançou, no último dia 18, em parceria com a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o Plano de Enfrentamento à Tuberculose no Estado. O programa vai destinar R$ 246,3 milhões oriundos de verbas parlamentares para o combate à doença nos próximos cinco anos. Em 2021, serão investidos R$ 106,3 milhões.
Dados da Superintendência de Vigilância Epidemiológica da SES mostram que o Rio é o estado com a maior taxa de mortalidade por tuberculose e o segundo em índices de contaminação no Brasil. O estado registra 73 casos a cada 100 mil habitantes e quatro mortes a cada 100 mil habitantes, principalmente em função da alta densidade demográfica e da população carcerária.
A maior incidência da doença, cerca de 80% dos casos, ocorre em 15 municípios: Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana; Campos dos Goytacazes, na região Norte; e Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti e Queimados, na Baixada Fluminense.
— Esse projeto é um grande desafio para todos nós. Nosso objetivo é reduzir esses números, especialmente nas 15 cidades e, com isso, impactar os indicadores em todo o estado. Existe muito abandono de tratamento. Quanto maior for o investimento nessa população que precisa de recursos para não deixar de se tratar, mais sucesso teremos. Vamos analisar as necessidades de cada município do estado e como podemos ajudá-los — destacou o superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES, Mário Sérgio Ribeiro.
A SES divulgou a análise da tuberculose no estado, tendo como base os números da doença até o ano de 2019. O documento “Cenário Epidemiológico: Tuberculose no Estado RJ” pode ser acessado pelo site: riocomsaude.rj.gov.br.
O Plano de Enfrentamento à Tuberculose no Estado do Rio inclui nove eixos de ação. Entre eles, estão previstos o desenvolvimento de projeto estratégico para reduzir o número de pacientes que abandonam o tratamento, além da contratação e capacitação de profissionais, investimentos nas unidades básicas de saúde e suporte social para as pessoas com tuberculose, tendo em vista que esta é uma população com vulnerabilidades socioeconômicas.
De acordo com Hedi Marinho de Melo Guedes de Oliveira, diretora médica do Hospital Estadual Santa Maria (HESM), a tuberculose pode acometer qualquer pessoa, mas é mais comum em grupos mais vulneráveis como a população em situação de rua, população privada de liberdade e pessoas com HIV/Aids. O tratamento, assim como a incidência, não é o mesmo para todos.
— O tratamento é feito na rede básica de saúde, com medicação diária ao longo de seis meses e ótimos resultados. No entanto, a tuberculose resistente requer uma combinação de medicamentos, que precisam ser administrados por um período maior, por cerca de um ano e meio. As chances de cura são menores — explica a médica.
Dra. Hedi reitera a importância da aderência ao tratamento para que o paciente melhore e pare de transmitir a doença para outras pessoas. Ela alerta ainda que aqueles que entraram em contato com alguém que tenha a doença devem buscar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e realizar o teste tuberculínico.