Luiz Bandeira
Em 16 de julho de 2022, um Incêndio criminoso destruiu grande parte do prédio onde funcionava o abrigo municipal, conhecido como Sopão. A Associação Beneficente Sopão, que administrava o espaço, desde 1998 trabalhava na promoção da dignidade humana, através do acolhimento e fornecimento de alimento para pessoas carentes, que eram produzidos com produtos doados, além de ser à época, o único abrigo no município dedicado àqueles que não possuem moradia e acabam dormindo nas calçadas da cidade. Mais de um ano passado do incêndio, o governo municipal se comprometeu em recuperar o espaço, no entanto o que se registra atualmente é um prédio totalmente destruído, primeiro pelas chamas do incêndio de julho do ano passado, que consumiram boa parte da cobertura do refeitório, e agora, segundo relato de vizinhos, pessoas invadem o prédio saqueando peças metálicas das instalações hidráulicas e elétricas, janelas e portas foram arrancadas e ainda, os moradores do bairro se queixam também que pessoas suspeitas se reúnem no local para beber, consumir drogas, inclusive fazendo fogueira dentro do prédio, o que causa um ambiente de insegurança para a vizinhança do espaço abandonado.
Confiando no trabalho do jornalismo do Diário, moradores nos enviaram mensagens através do nosso WhatsApp (21 27429977), pedindo socorro. “Sou moradora do Bom Retiro, próximo do antigo abrigo municipal. Estamos precisando de socorro. Essa semana já foram dois incêndios, a situação está fora de controle, precisamos denunciar esse abandono. O prédio está abandonado, todas as janelas foram saqueadas, e agora a noite está bem perigoso para os moradores”, relata um morador que, temendo represálias, prefere não se identificar.
Na tarde desta segunda-feira, 28, nossa equipe esteve no local e constatou o que foi relatado pelos moradores. Vimos que alguns tapumes metálicos instalados para impedir a invasão foram facilmente violados, uma porta lateral que dá acesso ao prédio está arrombada. Ao entrar na edificação observamos muita destruição e sujeira, um cheiro forte de fezes, vestígios de uma fogueira e ainda, o que tinha algum valor para reciclagem, foi arrancado e levado. Observamos ainda que, não tem muito tempo alguém dormiu no local, pois há um colchão e cobertores todos muito sujos. As janelas, que não foram danificadas pelo incêndio, por serem de alumínio, foram todas retiradas e furtadas.
Mais uma promessa
Em maio deste ano, o prefeito Vinicius Claussen, junto à secretária municipal de Desenvolvimento Social, Eliane de Morais Leite, o secretário de Projetos Especiais, Ricardo Pereira Junior, e o vereador Maurício Lopes, fez uma vistoria técnica no prédio e anunciou um projeto de construção de um novo “Complexo de Assistência Social”, contemplando a reforma do prédio, a implementação de um restaurante popular, um centro POP e uma nova casa de passagem no local. A promessa do governo, na ocasião da visita técnica, era iniciar as atividades da casa de passagem no segundo semestre de 2023.
No portal da prefeitura na internet, o governo afirma que só depois do incêndio tomou conhecimento da situação de irregularidades institucionais da Associação Beneficente Abrigo Sopão e que a partir disso retomou o prédio de propriedade do município. “Após o incêndio, a Prefeitura Municipal de Teresópolis, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), foi surpreendida com a informação de que a Associação Abrigo Sopão não possui mais o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) desde fevereiro de 2020, situação que não foi informada nem ao CMAS, nem à SMDS, pois esse fato impossibilitaria a instituição de receber verbas públicas e prestar serviços na área de assistência Social. Por todas essas questões, a PMT se viu obrigada a retomar o prédio municipal onde o Abrigo Sopão vinha funcionando desde então, para reformá-lo e poder dar continuidade ao serviço de acolhimento de Pessoas em Situação de Rua (PSR), essencial para a sociedade teresopolitana. Nunca foi de desejo da Prefeitura Municipal de Teresópolis acabar com o serviço prestado pela Associação Abrigo Sopão, tendo em vista toda a sua história e seu legado, construídos pelos quase 30 anos de atuação da mesma, mas o município não poderia ficar omisso em relação às inúmeras irregularidades que se estendem desde o ano de 2020 e precisou respeitar as deliberações do Conselho Municipal de Assistência Social, soberano em suas decisões”. Nesta segunda-feira, 28, cobramos novo posicionamento do governo Vinicius Claussen, sem receber nenhuma resposta até o fechamento desta edição.
O incêndio
O incêndio no Sopão aconteceu em 16 de julho do ano passado. O espaço que funcionava como refeitório foi consumido pelas chamas. O fogo foi provocado por um homem que foi identificado pela Guarda Civil Municipal e detido Pela Polícia. Esse homem era atendido na instituição de acolhimento. Naquela ocasião 14 pessoas estavam abrigadas no local, até então, único abrigo público do município. Estas pessoas foram instaladas inicialmente no ginásio poliesportivo Pedrão e atualmente se encontram em novo espaço que funciona como abrigo municipal, de forma temporária no CRAS Barroso, e que atingiu sua capacidade máxima de acolhimento.
